Dinastia Zhou
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Relacionados
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Nota: a Dinastia Zhou pode também referir-se à Dinastia Zhou de 690 a 705 d.C. (ver Imperatriz Wu Zetian da China), ou à Dinastia Zhou Posterior de 951 a 960 d.C.
A Dinastia Zhou,[1] também conhecida como Chou,[2]Chow e Jou, foi uma das primeiras dinastias chinesas. Calcula-se que o início desta dinastia tenha se dado com a queda da Dinastia Shang, no final do século X a.C. ou século IX a.C., e seu término com a ascensão da dinastia Qin, em 256 a.C. (ou 221 a.C.). A dinastia Zhou foi a dinastia com maior duração em toda a história chinesa, e a tecnologia da Era do Ferro foi introduzida na China neste período.
Índice
1 Mandato do Céu
2 Fengjian
3 Zhou Ocidental e Oriental
4 Declínio
5 Agricultura
5.1 Filosofia
5.1.1 Li
6 Reis da Dinastia Zhou
7 Ver também
8 Referências
9 Bibliografia
10 Ligações externas
Mandato do Céu |
Na tradição historiográfica chinesa, os líderes de Zhou dissiparam os Yin (Shang) e legitimaram seu domínio invocando o Mandato do Céu - noção segundo a qual o líder (o " filho do céu ") governava por direito divino, mas a perda do trono indicaria que ele havia perdido o tal direito. O Mandato do Céu estabelecia que os Zhou assumiam ascendência divina (Tian-Huang-Shangdi) sobre a ascendência divina dos Shang (Shangdi). A doutrina explicava e justificava o fim da Dinastia Xia e Dinastia Shang, ao mesmo tempo que dava suporte à legitimidade dos governantes atuais e futuros. A Dinastia Zhou foi fundada pela família Ji e tinha sua capital na cidade de Hao (ou Haojing, próxima da atual Xi'an). Possuindo o mesmo idioma e uma cultura similar à dos Shang, os primeiros governantes Zhou, através da conquista e colonização, gradualmente estenderam a cultura chinesa pelas terras bárbaras das Planíces Centrais.
Fengjian |
Na historiografia Ocidental, o período Zhou é usualmente descrito como feudal, pois o descentralizado sistema dos Zhou se assemelhava ao sistema medieval europeu. Entretanto, historiadores debatem acerca do termo feudal, surgido para referir-se a um contexto puramente e especificamente europeu. Portanto, o termo mais apropriado para classificar o sistema político de Zhou seria da própria língua chinesa: sistema Fengjian. A organização do território era feita com base em estados subordinados, governados por homens eleitos pelo rei, geralmente conselheiros e generais de confiança, e por seus herdeiros. Os estados pagavam tributos à capital, onde o Filho do Céu governava como monarca absoluto. Também deviam fornecer soldados em tempo de guerra. No entanto, toda essa organização existiu de fato apenas durante o Período Zhou Ocidental, após o qual perdeu sua relevância com o declínio do poder real diante dos estados ascendentes.
Zhou Ocidental e Oriental |
Inicialmente, a família Ji foi capaz de controlar o reino firmemente. Em 771 a.C., depois que o rei You substituiu sua rainha pela concubina Baosi, a capital foi saqueada pelas forças conjuntas do pai da rainha, que era o poderoso marquês de Shen, além de forças do estado insatisfeito de Zeng e dos odiosos bárbaros do oeste, os Rong. O filho da rainha, Ji Yijiu, foi proclamado o novo rei pelos nobres dos estados insurgentes. A capital foi transferida para o leste em 770 a.C., para Wangcheng (na atual província de Henan), que era uma localidade mais modesta, porém distante da fronteira com os bárbaros e portanto mais segura contra possíveis ataques.
Devido a estas rupturas, historiadores comumente dividem a era Zhou em Zhou Ocidental (西周, pinyin Xī Zhōu), que vai da fundação do reino por Ji Fa em 1046 a.C. até o golpe de 771 a.C., e Zhou Oriental (Chinês Tradicional: 東周 Chinês Simplificado: 东周, pinyin: Dōng Zhōu), que vai de 771 a.C. até 256 a.C., com a queda de Zhou, ou ainda 221 a.C., quando o Império Qin foi consolidado. O ano exato do início de Zhou Ocidental é ainda alvo de discussões: algo entre 1122 a.C., 1027 a.C. e outros anos entre o século XII a.C. e o século XI a.C foram propostos. Historiadores chineses mencionam habitualmente o ano 841 a.C., baseados nos Registros do Historiador de Sima Qian., mas outros apontam o ano de 1046 a.C. como o mais provável. O Período Zhou Oriental é divido em dois subperíodos. O primeiro, iniciado em 771 a.C. e encerrado em 481 a.C., é chamado de Período de Primavera e Outono, em referência à uma famosa crônica histórica de sua época. O segundo subperíodo é chamado de Período dos Reinos Combatentes, quando o Filho do Céu perdeu o respeito que lhe restava entre os estados, após dois golpes que derrubaram os governantes dos dois estados mais leais, Jin e Qi.
Declínio |
A partir do ataque de 771 a.C., o poder da corte de Zhou gradualmente diminuiu, e a fragmentação do reino levou à uma calamidade de guerras entre os estados. Desde a morte de You, os reis de Zhou reinavam apenas simbolicamente, e alguns nobres até mesmo deixaram de reconhecer a família Ji como detentora do Mandato Celeste, chegando a declarar-se reis de seus respectivos territórios. Finalmente, a dinastia foi derrubada em 256 a.C., quando Wangcheng e Chengzhou, as únicas cidades ainda sob poder do rei, foram conquistadas pelo estado de Qin. O último pretendente ao trono de Zhou, o rei Hui de Zhou, foi morto em 249 a.C.. Qi, o último estado combatente, foi conquistado em 221 a.C., por Qin Shihuang, que então declarou a fundação do Império Chinês. Por essa razão, as três datas podem ser aceitas para marcar o fim da dinastia Zhou.
Agricultura |
A agricultura na dinastia Zhou era bastante intensiva e em muitos casos controlada pelo próprio governo. Todas as terras cultivadas eram controladas pelos nobres, que as "emprestavam" para seus servos, de forma similar ao feudalismo europeu. Por exemplo, um pedaço de terra era dividido em nove partes na forma de uma "roda de água", jing (井), com os grãos da parte do meio ficando com o governo, e os das partes ao redor, ficando com os fazendeiros. Deste modo, o governo podia armazenar comida e distribuí-la em tempos de colheita ruim. Alguns importantes setores fabris do período incluíam a produção de bronze, que era utilizado integralmente na produção de armas e ferramentas agrícolas. Novamente, essas indústrias eram controladas pela nobreza, que dirigia a produção destes materiais.
Filosofia |
Durante a dinastia Zhou, as origens da filosofia chinesa nativa, desenvolveu seus estágios iniciais a partir do século 6 aC. Os maiores filósofos chineses, aqueles que fizeram o maior impacto sobre as gerações posteriores de chineses, eram Confúcio, fundador do Confucionismo, e Laozi, fundador do Taoísmo. Outros filósofos, teóricos e escolas de pensamento nesta época foram Mozi, fundador do Moísmo; Mêncio, um famoso confuciano que se expandiu sobre o legado de Confúcio; Shang Yang e Han Fei, responsável pelo desenvolvimento do chinês antigo Legalismo (a filosofia central da dinastia Qin); e Xun Zi, que era indiscutivelmente o centro da antiga vida intelectual chinesa durante o seu tempo, ainda mais do que figuras intelectuais icônicas como Mencius.[3]
Li |
Ver artigo principal: Li (Confucionista)
Estabelecido durante o período ocidental, o sistema ritual Li Chinês tradicional: 禮; Chinês simplificado: 礼; pinyin: lǐ codificou uma compreensão dos costumes como uma expressão da hierarquia social, ética e regulação concernente a vida material; As práticas sociais correspondentes se tornaram idealizadas dentro da ideologia confucionista.
O sistema foi canonizado no Livro dos Ritos, Zhouli, e Yili compêndios da dinastia Han (206 BC–220 AD), tornando-se assim o coração da ideologia imperial chinesa. Enquanto o sistema era inicialmente um corpo respeitado de regulamentos concretos, a fragmentação do período Zhou ocidental levou o ritual a se dirigir para a moralização e formalização em relação a:
- As cinco ordens de nobreza chinesa.
- Templos ancestrais (tamanho, número legítimo de pavilhões)
- Regulamentos cerimoniais (número de vasos rituais, instrumentos musicais, pessoas na trilha dançante)
Reis da Dinastia Zhou |
Nome Próprio | Nome Póstumo | Duração do Reinado1 | Nome o qual é mais conhecido |
---|---|---|---|
Ji Chang 姬昌 | Wenwang 文王 | ?-? | Zhou Wenwang (Rei Wen de Zhou) |
Ji Fa 姬發 | Wuwang 武王 | 1046 a.C.-1043 a.C.1 | Zhou Wuwang (Rei Wu de Zhou) |
Ji Song 姬誦 | Chengwang 成王 | 1042 a.C.-1021 a.C.1 | Zhou Chengwang (Rei Cheng de Zhou) |
Ji Zhao 姬釗 | Kangwang 康王 | 1020 a.C.-996 a.C.1 | Zhou Kangwang (Rei Kang de Zhou) |
Ji Xia 姬瑕 | Zhaowang 昭王 | 995 a.C.-977 a.C.1 | Zhou Zhaowang (Rei Zhao de Zhou) |
Ji Man 姬滿 | Muwang 穆王 | 976 a.C.-922 a.C.1 | Zhou Muwang (Rei Mu de Zhou) |
Ji Yihu 姬繄扈 | Gongwang 共王 | 922 a.C.-900 a.C.1 | Zhou Gongwang (Rei Gong de Zhou) |
Ji Jian 姬囏 | Yiwang 懿王 | 899 a.C.-892 a.C.1 | Zhou Yiwang (Rei Yi de Zhou) |
Ji Pifang 姬辟方 | Xiaowang 孝王 | 891 a.C.-886 a.C.1 | Zhou Xiaowang (Rei Xiao de Zhou) |
Ji Xie 姬燮 | Yiwang 夷王 | 885 a.C.-878 a.C.1 | Zhou Yiwang (Rei Yi de Zhou) |
Ji Hu 姬胡 | Liwang 厲王 | 877 a.C.-841 a.C.1 | Zhou Liwang (Rei Li de Zhou) |
| Gonghe (regente) 共和 | 841 a.C.-828 a.C. | Gonghe |
Ji Jing 姬靜 | Xuanwang 宣王 | 827 a.C.-782 a.C. | Zhou Xuanwang (Rei Xuan de Zhou) |
Ji Gongsheng 姬宮湦 | Youwang 幽王 | 781 a.C.-771 a.C. | Zhou Youwang (Rei You de Zhou) |
Fim de Zhou Ocidental / Início de Zhou Oriental | |||
Ji Yijiu 姬宜臼 | Pingwang 平王 | 770 a.C.-720 a.C. | Zhou Pingwang (Rei Ping de Zhou) |
Ji Lin 姬林 | Huanwang 桓王 | 719 a.C.-697 a.C. | Zhou Huanwang (Rei Huan de Zhou) |
Ji Tuo 姬佗 | Zhuangwang 莊王 | 696 a.C.-682 a.C. | Zhou Zhuangwang (Rei Zhuang Zhou) |
Ji Huqi 姬胡齊 | Xiwang 釐王 | 681 a.C.-677 a.C. | Zhou Xiwang (Rei Xi de Zhou) |
Ji Lang 姬閬 | Huiwang 惠王 | 676 a.C.-652 a.C. | Zhou Huiwang (Rei Hui de Zhou) |
Ji Zheng 姬鄭 | Xiangwang 襄王 | 651 a.C.-619 a.C. | Zhou Xiangwang (Rei Xiang de Zhou) |
Ji Renchen 姬壬臣 | Qingwang 頃王 | 618 a.C.-613 a.C. | Zhou Qingwang (Rei Qing de Zhou) |
Ji Ban 姬班 | Kuangwang 匡王 | 612 a.C.-607 a.C. | Zhou Kuangwang (Rei Kuang de Zhou) |
Ji Yu 姬瑜 | Dingwang 定王 | 606 a.C.-586 a.C. | Zhou Dingwang (Rei Ding de Zhou) |
Ji Yi 姬夷 | Jianwang 簡王 | 585 a.C.-572 a.C. | Zhou Jianwang (Rei Jian de Zhou) |
Ji Xiexin 姬泄心 | Lingwang 靈王 | 571 a.C.-545 a.C. | Zhou Lingwang (Rei Ling de Zhou) |
Ji Gui 姬貴 | Jingwang 景王 | 544 a.C.-521 a.C. | Zhou Jingwang (Rei Jing de Zhou) |
Ji Meng 姬猛 | Daowang 悼王 | 520 a.C. | Zhou Daowang (Rei Dao de Zhou) |
Ji Gai 姬丐 | Jingwang 敬王 | 519 a.C.-476 a.C. | Zhou Jingwang (Rei Jing de Zhou) |
Ji Ren 姬仁 | Yuanwang 元王 | 475 a.C.-469 a.C. | Zhou Yuanwang (Rei Yuan de Zhou) |
Ji Jie 姬介 | Zhendingwang 貞定王 | 468 a.C.-442 a.C. | Zhou Zhendingwang (Rei Zhending de Zhou) |
Ji Quji 姬去疾 | Aiwang 哀王 | 441 a.C. | Zhou Aiwang (Rei Ai de Zhou) |
Ji Shu 姬叔 | Siwang 思王 | 441 a.C. | Zhou Siwang (Rei Si de Zhou) |
Ji Wei 姬嵬 | Kaowang 考王 | 440 a.C.-426 a.C. | Zhou Kaowang (Rei Kao de Zhou) |
Ji Wu 姬午 | Weiliewang 威烈王 | 425 a.C.-402 a.C. | Zhou Weiliewang (Rei Weilie de Zhou) |
Ji Jiao 姬驕 | Anwang 安王 | 401 a.C.-376 a.C. | Zhou Anwang (Rei An de Zhou) |
Ji Xi 姬喜 | Liewang 烈王 | 375 a.C.-369 a.C. | Zhou Liewang (Rei Lie de Zhou) |
Ji Bian 姬扁 | Xianwang 顯王 | 368 a.C.-321 a.C. | Zhou Xianwang (Rei Xian de Zhou) |
Ji Ding 姬定 | Shenjingwang 慎靚王 | 320 a.C.-315 a.C. | Zhou Shenjingwang (Rei Shenjing de Zhou) |
Ji Yan 姬延 | Nanwang 赧王 | 314 a.C.-256 a.C. | Zhou Nanwang (Rei Nan de Zhou) |
Huiwang 惠王 | 255 a.C.-249 a.C. | Zhou Huiwang2 (Rei Hui de Zhou) | |
1 A primeira data geralmente aceita na historiografia chinesa é 841 a.C., o início da regência de Gonghe. Todas as datas diferentes destas são alvo de discussões complexas. As datas aqui apresentadas são aquelas fornecidas pelo The Xia-Shang-Zhou Chronology, a obra de estudiosos oficiais do governo chinês apresentada em 2000. | |||
2 nobres da família Ji proclamaram o rei Hui como sucessor do rei Nan depois que sua capital, Luoyang, caiu perante as forças de Qin em 256 a.C.. Entretanto a resistência de Zhou não duraria muito tempo contra o avanço de Qin e o rei Nan é largamente considerado como tendo sido o último imperador da Dinastia Zhou. |
Ver também |
- Hunos
Referências
↑ SCARPARI, M. Grandes civilizações do passado: China antiga. Barcelona. Ediciones Folio. 2006. p. 20.
↑ SCHAFER, E. H. China antiga. Rio de Janeiro. Livraria José Olympio Editora. 1979. p. 184.
↑ Schirokauer & Brown (2006), pp. 25–47.
Bibliografia |
- Roberts, John A. G., History of China (título original), Palgrave MacMillan, 1999 (primeira edição), 2006 (segunda edição), ISBN 978-989-8285-39-3
Ligações externas |
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