Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado
Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado | |
---|---|
Número eleitoral | 16 |
Presidente | José Maria de Almeida |
Fundação | 30 de setembro de 1993 (25 anos) |
Registro | 19 de dezembro de 1995 (23 anos)[1] |
Sede | São Paulo, SP |
Ideologia |
|
Espectro político | Extrema-esquerda |
Antecessor | Partido Revolucionário dos Trabalhadores |
Membros | 16,903 filiados[3] |
Afiliação internacional | Liga Internacional dos Trabalhadores - Quarta Internacional (LIT-QI) |
Cores |
|
Página oficial | |
www.pstu.org.br | |
Política do Brasil Partidos políticos Eleições |
Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU) é um partido político do Brasil fundado em 1993.
Suas cores são o vermelho e amarelo e o seu código eleitoral é o 16.[4] O PSTU é uma organização socialista, que reivindica o marxismo revolucionário, baseando-se nas teorias e práticas de Leon Trótski e de Nahuel Moreno. O PSTU também é a seção no Brasil da Liga Internacional dos Trabalhadores - Quarta Internacional (LIT-QI), sendo a maior seção dessa organização, que em outros países se articula como partido legalizado ou não, ou como corrente interna de partidos anticapitalistas amplos. Assim como o Partido Comunista Brasileiro (PCB), o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) e o Partido da Causa Operária (PCO), o PSTU faz oposição de esquerda aos governos municipais, estaduais e federal.
Índice
1 História
1.1 Formação
1.2 Dissidências
1.2.1 MAIS
2 Organização
2.1 Princípios
3 Desempenho e participação eleitorais
3.1 Eleições presidenciais
3.2 Eleições estaduais
4 Ver também
5 Referências
6 Ligações externas
História |
Formação |
O PSTU foi fundado em um congresso realizado em 1993 por integrantes da LIT no Brasil que funcionaram anteriormente como uma tendência interna do Partido dos Trabalhadores denominada Convergência Socialista.
A Convergência Socialista havia sido expulsa do Partido dos Trabalhadores em 1992, por defender o estabelecimento de uma campanha pelo Fora Collor naquele ano. O secretário geral do Partido dos Trabalhadores na época, José Dirceu, descreveu que "ao defender uma campanha contra o presidente da República naquela oportunidade", com a palavra de ordem "Fora Collor", esta seria uma tática da CS de propor ao PT derrubar o governo Collor.
Em abril de 1992, o deputado José Dirceu apresenta, na reunião da Executiva Nacional do PT, uma resolução que foi aprovada, dando prazo de 15 dias para que a Convergência Socialista se adaptasse à nova regulamentação de tendências. Esta proibia manifestações abertas contra a política da direção majoritária. Afirmava José Dirceu que, para evitar a publicidade de tais manifestações, se deveriam proibir sedes próprias, jornal próprio, finanças próprias, relações internacionais públicas e de partido, pois estas seriam a exteriorização de uma política contrária às resoluções do PT e do seu primeiro Congresso.[5]
A fundação do PSTU uniu diversas correntes ditas socialistas excluídas pela direção do PT na ocasião, organizações e grupos ativistas nacionais e locais, entre elas, além da já citada Convergência Socialista, o Partido da Libertação Proletária (PLP).
Quando obteve o registro provisório junto ao Tribunal Superior Eleitoral, em 17 de dezembro de 1992, denominava-se Partido Revolucionário dos Trabalhadores (PRT). Em 30 de setembro de 1993, mudou a denominação para a atual (PSTU). Obteve o registro definitivo em 19 de dezembro de 1995. Em 1998, 2002, 2010 e 2014, lançou o dirigente Zé Maria como candidato à Presidência da República. Apoiou Lula (PT) para presidente em 1994.
Em 2018, PSTU posicionou-se da seguinte forma sobre a prisão de Lula: acreditamos que a condenação ou não de Lula de nada contribui para a superação da exploração da classe trabalhadora, considerando o líder do PT um agente da burguesia.[6]
Dissidências |
Durante o processo de formação do PSTU e ao longo dos anos seguintes, o partido sofreu uma série de dissidências que deram origem a várias organizações, como a Corrente Socialista dos Trabalhadores, o Coletivo Espaço Socialista, a Liga Estratégia Revolucionária e o Coletivo Socialismo e Liberdade. Outros agrupamentos que se fundiram no PSTU romperam com o mesmo em seguida, como o Partido da Libertação Proletária (origem das atuais correntes do PSOL "Poder Popular" e "Movimento Terra, Trabalho e Liberdade"), e o grupo Socialismo Revolucionário (atualmente a corrente do PSOL Liberdade, Socialismo e Revolução).
MAIS |
Em julho de 2016, 739 militantes assinaram um manifesto de ruptura com o partido,[7][8] e, posteriormente, fundaram o Movimento por uma Alternativa Independente e Socialista (MAIS).[9][10][11]
O marxismo revolucionário e obras de Leon Trótski e de Nahuel Moreno estão entre suas principais bases teóricas e práticas. O símbolo do movimento é uma cerquilha (#) nas cores vermelho, roxo, amarelo e verde, seguido do acrônimo MAIS. A ruptura se deu no início de Julho do mesmo ano, quando os militantes escreveram e assinaram o manifesto "Arrancar alegria ao futuro".[12][13]
Em 4 de agosto de 2017, o MAIS oficializou sua entrada como corrente interna no PSOL. A decisão foi tomada no congresso da organização, que aconteceu dos dias 27 a 30 de julho, em São Paulo.[14]
Organização |
Princípios |
Segundo seus estatutos, o PSTU segue os seguintes princípios:
- A mobilização permanente dos trabalhadores — o PSTU apoia as lutas dos trabalhadores contra a burguesia e o governo, as greves por salário e por melhores condições de vida, as ocupações de terra e de prédios públicos por reforma agrária e em defesa das conquistas dos trabalhadores, inclusive quando se utilizam de métodos radicalizados.
- Independência de classe — de acordo com o marxismo, a sociedade está irremediavelmente dividida em classes sociais. De um lado, está a burguesia, que é a classe proprietária dos meios de produção e circulação de mercadorias: os patrões, os banqueiros e os latifundiários, ou seja, os que lucram com a exploração do trabalho das outras classes. De outro lado, estão o proletariado, os trabalhadores, a juventude, os sem-terra e sem-teto, aqueles que precisam vender sua força de trabalho para sua sobrevivência. Por defender esta ideologia, o PSTU defende total independência política dos trabalhadores em relação à burguesia em sua atuação política e em suas lutas. "Independência financeira é independência política": isso significa que o PSTU é autofinanciado e suas campanhas não recebem financiamento de empresas privadas, apenas dinheiro oriundo de campanhas financeiras feitas junto à própria classe trabalhadora.
- Centralismo democrático — os integrantes do PSTU defendem, como regime de funcionamento de seu partido político, o centralismo democrático, de acordo com o modelo originado por Leon Trótski, líder da Revolução Russa de 1905. Este e o revolucionário argentino Nahuel Moreno são considerados as principais lideranças e referenciais teóricos deste partido. O partido posiciona-se contra a política stalinista, assim como contra a casta burocrática que dirigiu a União Soviética de 1924 a 1989, inicialmente dirigida por Stálin. Em nível internacional, também se opõe a outros dirigentes e políticas que consideram stalinistas como Mao Tsé-Tung na China, Fidel Castro em Cuba, etc.
- Conceitos — a concepção de socialismo do PSTU se distingue daquelas construídas pelos regimes stalinistas do Leste Europeu até o ano de 1992, muitas vezes chamadas de socialismo real pelos seus defensores. Para os trotskistas, estas sociedades conseguiram avanços importantes na solução de problemas básicos dos trabalhadores - como a miséria, a saúde e educação-, ao terem sido expropriadas as grandes empresas. Mas foram dirigidas pela burocracia stalinista, que reprimia os trabalhadores em defesa de interesses próprios, contrários aos interesses internacionais da classe trabalhadora; não extinguiram a exploração econômica em seus países, nem em nível mundial; perseguiam politicamente seus opositores, e não garantiam a democracia operária, constituindo, assim, uma ditadura contra os trabalhadores. A concepção de socialismo do PSTU também se diferencia daquela defendida pelos partidos da social-democracia. Os membros do PSTU se consideram socialistas revolucionários, porque não acreditam ser possível realizar o socialismo através das eleições. Para eles, só uma revolução social, feita pelas massas trabalhadoras, com o proletariado industrial como sujeito social, poderá derrotar definitivamente o capitalismo, possibilitar a expropriação das grandes empresas capitalistas, e abrir o caminho para o socialismo, que, segundo o partido, é um sistema internacional que não pode ser construído apenas em um país.
- Internacionalismo — o PSTU é contrário à ideia do "socialismo em um só país". Para o partido, a internacionalização da produção sob o capitalismo exige uma resposta também internacional. Afirma que não se pode avançar para o socialismo restringindo a evolução da economia nas fronteiras de um país, pois não existem condições de superar o atraso econômico de um país como o Brasil somente com o seu potencial interno, na medida em que a produção já parte de uma base mundial. Este fenômeno foi ainda mais ampliado com a globalização, que significou um salto na internacionalização do capital, segundo as teses do partido. Para o partido, o fracasso do "socialismo em um só país" da burocracia stalinista enquanto dizia avançar para o socialismo na União Soviética demonstrou, uma vez mais, a necessidade básica do internacionalismo como componente básico do socialismo revolucionário. Portanto, segundo o PSTU, a revolução só poderá ter alguma viabilidade, na medida em que se generalizar internacionalmente. Uma revolução que terminar confinada em um espaço nacional estará condenada a limites estreitos de evolução, a empurrando para a burocratização e a derrota. Por isto, o PSTU não se dispõe a ser apenas um partido nacional, mas ser parte de uma internacional revolucionária. A LIT-QI, o embrião de uma Internacional [desambiguação necessária], é a concretização mais importante do internacionalismo do PSTU.
- Contra toda a opressão — o PSTU defende uma posição clara contra a opressão racial e sexual. Assume publicamente uma postura militante na defesa dos direitos dos negros, das mulheres e dos gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros contra a opressão, e busca trazer esta luta como parte específica e particular no seio do movimento anticapitalista, aliando-se aos oprimidos e explorados.
Desempenho e participação eleitorais |
Eleições presidenciais |
O PSTU compôs a Frente de Esquerda nas eleições gerais de 2006, integrada pelo PSOL da Senadora Heloísa Helena, como candidata à presidência, e pelo PCB.
Ano | Imagem | Candidato(a) a Presidente | Candidato(a) a Vice-Presidente | Coligação | Votos | % | Colocação |
---|---|---|---|---|---|---|---|
1994 | Luiz Inácio Lula da Silva (PT) | Aloizio Mercadante (PT) | PT, PSB, PCdoB, PPS, PV e PSTU | 17 122 127 | 27,04 | 2.º | |
1998 | José Maria de Almeida | José Galvão de Lima | sem coligação | 202 659 | 0,30 | 7.º | |
2002 | José Maria de Almeida | Dayse de Oliveira | sem coligação | 402 236 | 0,47 | 5.º | |
2006 | Heloísa Helena (PSOL) | César Benjamin (PSOL) | PSOL, PSTU e PCB | 6 575 393 | 6,85 | 3.º | |
2010 | José Maria de Almeida | Cláudia Durans | sem coligação | 84 609 | 0,08 | 6.º | |
2014 | José Maria de Almeida | Cláudia Durans | sem coligação | 91 209 | 0,09 | 8.º | |
2018 | Vera Lúcia | Hertz Dias | sem coligação | 55 762 | 0,05 | 11.º |
Eleições estaduais |
Nas eleições estaduais de 2010, em Minas Gerais, o PSTU apresentou a candidatura a governador da Frente de Esquerda, enquanto em São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Ceará, entre outros estados, o partido apresentou a candidatura ao Senado Federal.
UF | Governador(a)[15] | Coligação[15] |
---|---|---|
AL | Mário Agra (MES-PSOL) | PSOL / PSTU |
AM | Hebert Amazonas (PSTU) | PSTU |
AP | Genival Cruz (PSTU) | PSTU |
BA | Renata Mallet (PSTU) | PSTU |
CE | Ailton Lopes (Insurgência-PSOL) | PSOL / PSTU / PCB |
DF | Toninho (US-PSOL) | PSOL / PSTU / PCB |
ES | Mauro Ribeiro (PCB) | PCB / PSTU |
GO | Marta Jane (PCB) | PCB / PSTU |
MA | Saulo Arcangeli (PSTU) | PSTU |
MG | Fidélis (US-PSOL) | PSOL / PSTU |
MS | Prof. Monje (PSTU) | PSTU |
PA | Marco Carrera (US-PSOL) | PSOL / PSTU |
PB | Antônio Radical (PSTU) | PSTU |
PE | Jair Pedro (PSTU) | PSTU |
PI | Daniel Solon (PSTU) | PSTU |
PR | Rodrigo Tomazini (PSTU) | PSTU |
RJ | Dayse Oliveira (PSTU) | PSTU |
RN | Simone Dutra (PSTU) | PSTU |
RO | Pimenta de Rondônia (US-PSOL) | PSOL / PSTU |
RR | Hamilton (independente-PSOL) | PSOL / PSTU |
RS | Roberto Robaina (MES-PSOL) | PSOL / PSTU |
SC | Gilmar Salgado (PSTU) | PSTU |
SE | Prof. Sônia Meire (CRS-PSOL)[16] | PSOL / PSTU / PCB |
SP | Maringoni (US-PSOL) | PSOL / PSTU |
Nas eleições estaduais de 2014, o PSTU apoiou candidatos a governadores em todos os estados, com exceção do Acre, do Mato Grosso do Sul e do Tocantins.[15] Na metade desses 24 estados, o PSTU não conformou frentes eleitorais nem com o PSOL, nem com o PCB (duas legendas que são suas aliadas prioritárias).[15] No Espírito Santo, o PSTU compôs uma frente somente com o PCB, enquanto o PSOL lançava uma candidata a governadora da corrente Insurgência. O mesmo ocorreu em Goiás, porém o candidato do PSOL foi da corrente Unidade Socialista.[15] Nos estados em que o PSTU coligou-se somente com o PSOL, o PCB lançou candidatos isoladamente; com exceção de Rondônia e de Roraima, estados onde o PCB não teve candidatos.[15] Em 2014 somente no Ceará, no Distrito Federal e no Sergipe foi onde a Frente de Esquerda lançou-se de forma totalmente unitária.[15] Dentre os 10 candidatos do PSOL a governador apoiados pelo PSTU, somente 4 eram de correntes da ala esquerda do PSOL, mostrando que a Unidade Socialista (setor menos radical) é a corrente do PSOL com que o PSTU mais prioriza alianças eleitorais. Outro fato é que embora o PSTU não tenha composto uma aliança com Luciana Genro (MES-PSOL) para as eleições presidenciais, alegando diferenças programáticas,[17] apoiou candidatos a governador dessa mesma corrente em Alagoas e no Rio Grande do Sul.
Ver também |
- IV Internacional
- LIT-QI
- Liga Operária
- Convergência Socialista
- Coordenação Nacional de Lutas
- Zé Maria
- Amanda Gurgel
- Cyro Garcia
- Valério Arcary
- Ruy Braga
Referências
↑ Tribunal Superior Eleitoral (TSE). «TSE - Partidos políticos registrados no TSE». Consultado em 29 de junho de 2017
↑ Ser trotskista no século XXI
↑ «Estatísticas do eleitorado». Tribunal Superior Eleitoral. Consultado em 29 de setembro de 2018
↑ Tribunal Superior Eleitoral: Partidos políticos registrados no TSE, visitado em 25 de julho de 2007
↑ Silva, 2001; Cerdeira, 2009.
↑ https://www.pstu.org.br/tem-que-prender-todos-os-corruptos-e-corruptores/
↑ Dirigentes históricos e centenas de militantes rompem com o PSTU, acesso em 20 de julho de 2016.
↑ MANIFESTO PELA CONSTRUÇÃO DE UMA NOVA ORGANIZAÇÃO SOCIALISTA E REVOLUCIONÁRIA NO BRASIL, acesso em 20 de julho de 2016.
↑ Nasce o MAIS, uma nova organização de esquerda no Brasil, acesso em 06 de outubro de 2016.
↑ MAIS – MOVIMENTO POR UMA ALTERNATIVA INDEPENDENTE E SOCIALISTA acesso em 06 de outubro de 2016.
↑ Militantes que romperam com PSTU realizaram ato de lançamento do MAIS acesso em 6 de outubro de 2016.
↑ «Manifesto Arrancar alegria ao futuro, MAIS». manifesto arrancar alegria ao futuro. Consultado em 4 de agosto de 2017
↑ «Ruptura com PSTU». 25 de julho de 2016. Consultado em 4 de agosto de 2017
↑ «MAIS anuncia entrada no PSOL». Esquerda Online. 4 de agosto de 2017. Consultado em 5 de agosto de 2017
↑ abcdefg TSE, 2014. «Estatísticas de candidaturas - Cargo/partido/coligação/sexo». Consultado em 6 de junho de 2015
↑ CRS-PSOL, 2013. «Tese Nada Mais Será como Antes» (PDF). Consultado em 2 de março de 2015
↑ PSTU, 2014: A disputa das eleições numa perspectiva revolucionária
Ligações externas |
- Sítio oficial
Marxismo Vivo, revista internacional distribuída no Brasil pelo PSTU- Liga Internacional dos Trabalhadores
- Alguns fatos dos 10 anos do PSTU
Informações sobre o PSTU, no Tribunal Superior Eleitoral