Papa João Paulo I
Venerável João Paulo I | |
---|---|
Papa da Igreja Católica | |
263° Papa da Igreja Católica | |
Atividade Eclesiástica | |
Diocese | Diocese de Roma |
Eleição | 26 de agosto de 1978 |
Entronização | 3 de setembro de 1978 |
Fim do pontificado | 28 de setembro de 1978 (&0000000000000033.00000033 dias) |
Predecessor | Paulo VI |
Sucessor | João Paulo II |
Ordenação e nomeação | |
Ordenação presbiteral | 7 de julho de 1935 por Dom Giosuè Cattarossi |
Nomeação episcopal | 15 de dezembro de 1958 |
Ordenação episcopal | 27 de dezembro de 1958 Basílica de São Pedro por Papa João XXIII |
Nomeado Patriarca | 15 de dezembro de 1969 |
Cardinalato | |
Criação | 5 de março de 1973 por Papa Paulo VI |
Ordem | Cardeal-presbítero |
Título | São Marcos |
Brasão | |
Lema | HVMILITAS |
Papado | |
Brasão | |
Lema | HVMILITAS |
Dados pessoais | |
Nascimento | 17 de outubro de 1912 Canale d'Agordo |
Morte | 28 de setembro de 1978 (65 anos) Vaticano, Roma |
Nacionalidade | Italiano |
Nome nascimento | Albino Luciani |
Progenitores | Mãe: Bortola Tancon (1879-1947) Pai: Giovanni Luciani (1872-1952) |
Títulos anteriores | - Bispo de Vittorio Veneto (1958-1969) - Patriarca de Veneza (1969-1978) |
Assinatura | |
Sepultura | Basílica de São Pedro |
dados em catholic-hierarchy.org Categoria:Igreja Católica Categoria:Hierarquia católica Projeto Catolicismo Lista de Papas | |
Papa João Paulo I, nascido Albino Luciani (Canale d'Agordo, 17 de outubro de 1912 — Vaticano, 28 de setembro de 1978) e oriundo de família humilde, foi Papa da Igreja Católica. Governou a Santa Sé durante apenas 33 dias, entre 26 de agosto de 1978 até a data da sua morte. Tornou-se rapidamente conhecido na Cúria Romana pelo apelido de "Papa do Sorriso", por sua afabilidade.[1] Foi proclamado Venerável na sessão ordinária da Congregação para a Causa dos Santos no dia 7 de Novembro de 2017 sendo a última etapa antes da beatificação.[2]
Foi o primeiro Papa desde Clemente V a recusar uma coroação formal, cerimónia não oficialmente abolida, ficando a cargo do eleito escolher como quer iniciar seu pontificado. Contudo, desde então, os papas eleitos têm optado por uma cerimônia de "início do pontificado", com a respectiva entronização e o juramento de fidelidade. Não aceitava ser carregado em uma liteira como os outros papas, por uma questão de humildade. Também foi pioneiro ao adotar um nome papal duplo.
Antes de ser Papa, Luciani foi Patriarca de Veneza e não tinha ambição alguma, nunca tendo sonhado em ser papa. Foi o primeiro Papa a nascer no século XX. Seu nome papal duplo foi uma homenagem aos seus dois antecessores, Paulo VI e João XXIII.
Índice
1 Trajetória e eleição para o papado
2 Brasão e lema
3 Morte
3.1 Teorias da conspiração
3.2 Encontro com a Irmã Lúcia
4 Referências
5 Ver também
6 Ligações externas
Trajetória e eleição para o papado |
Albino Luciani nasceu na província de Belluno, norte da Itália, era o irmão mais velho de Federico (1915-1916), Edoardo (1917-2008) e Antonia (1920-2010). Seu nome de batismo fora uma homenagem a um amigo da família, que morrera numa explosão em uma mina de carvão na Alemanha. De origem humilde, viu seu pai, chamado Giovanni, que era socialista[3], ser inúmeras vezes forçado a buscar trabalho em outros países, por ocasião da Primeira Guerra Mundial. Sua mãe, Bertola, católica fervorosa, incentivou-o a seguir a formação religiosa, no que foi bem sucedida. Iniciou seus estudos no seminário Minori, em Murano, e os concluiu no Seminário Georgiano em Belluno.[3] Albino foi ordenado padre em sete de setembro de 1935, assumindo a posição paroquial que tanto desejara [4].
Embora, segundo consta, não tivesse grande ambições, foi nomeado bispo pelo João XXIII e cardeal pelo Paulo VI, com o título de São Marcos. Esteve presente no Concílio Vaticano II, convocado em 1962 por João XXIII. Albino Luciani era o Patriarca de Veneza quando, com 65 anos, foi eleito Papa, em 26 de agosto de 1978, na terceira votação do conclave que se seguiu à morte do Papa Paulo VI, superando o cardeal considerado "ultraconservador" Giuseppe Siri - favorito ao trono de São Pedro, de acordo com a imprensa - por 99 votos a 11. Segundo conta-se, a princípio, um atônito Luciani teria declinado de aceitar o pontificado, mas fora persuadido do contrário pelo cardeal holandês Johannes Willebrands, que estava sentado a seu lado na Capela Sistina. Para isso, ter-lhe-ia dito: "Coragem. O Senhor dá o fardo, mas também a força para carregá-lo".
Escolheu o nome de João Paulo (Ioannes Paulus, pela grafia em latim) para homenagear seus antecessores, João XXIII e Paulo VI. Morreu na madrugada de 28 de Setembro de 1978, entre 23h 30 min e 4h 30min da manhã, no Palácio Apostólico do Vaticano. Na época do conclave, o cardeal britânico Basil Hume, um de seus eleitores, chamou João Paulo I de "o candidato de Deus". A figura de João Paulo I na Igreja Católica sempre foi a de um papa afável, tendo, por isso, recebido a alcunha de "O Papa Sorriso".
Reza uma lenda que João Paulo I teria feito uma premonição sobre sua morte, ao afirmar a conhecidos que "alguém mais forte que eu, e que merece estar neste lugar, estava sentado à minha frente durante o conclave". Um cardeal presente na ocasião – que preferiu escudar-se no anonimato – confirmou que esse homem era, de fato, o polaco Karol Wojtyla. "Ele virá, porque eu me vou", prosseguiu o "Papa Breve". Curiosamente, Wojtyla realmente votara em Luciani naquele conclave e logo depois veio a se tornar João Paulo II. Por outro lado, o que há de concreto é que João Paulo I teria falado da sua morte um dia antes dela ao Bispo John Magee [5].
Brasão e lema |
- Descrição: Escudo eclesiástico. Campo de blau, com um monte de seis cômoros de argente, à italiana, sobreposto por três estrelas de cinco pontas de jalde, postas: 1 e 2. Em chefe as armas patriarcais de São Marcos de Veneza, que são de argente com um leão alado e nimbado, passante ao natural, sustentando um livro aberto que traz a legenda: PAX TIBI MARCE EVANGELISTA MEVS, em letras de sable. O escudo está assente em tarja branca. O conjunto pousado sobre duas chaves decussadas, a primeira de jalde e a segunda de argente, atadas por um cordão de goles, com seus pingentes. Timbre: a tiara papal de argente com três coroas de jalde. Sob o escudo, um listel de blau com o mote: HVMILITAS, em letras de jalde. Quando são postos suportes, estes são dois anjos de carnação, sustentando cada um, na mão livre, uma cruz trevolada tripla, de jalde.
- Interpretação: O escudo obedece às regras heráldicas para os eclesiásticos. O campo de blau representa o firmamento celeste e ainda o manto de Nossa Senhora, sendo que este esmalte significa: justiça, serenidade, fortaleza, boa fama e nobreza. O monte é uma homenagem ao seu predecessor, o Papa Paulo VI, da família Montini, e ainda uma referência ao seu local de nascimento: Canale d'Agordo, nas montanhas Dolomitas, a cerca de mil metros acima do nível do mar, sendo de argente (prata) traduz: inocência, castidade, pureza e eloqüência. As três estrelas representam as virtudes teologais: fé, esperança e caridade, sendo de jalde (ouro) simbolizam: nobreza, autoridade, premência, generosidade, ardor e descortínio. O chefe com as armas do Patriarcado de Veneza relembra o tempo feliz que o pontífice passou como seu patriarca e é ainda uma homenagem ao Papa João XXIII; sendo que a expressão "ao natural" é um recurso para se colocar o leão, naturalmente dourado sobre o campo de argente (prata), sem ferir as leis da heráldica. Os elementos externos do brasão expressam a jurisdição suprema do papa. As duas chaves "decussadas", uma de jalde (ouro) e a outra de argente (prata) são símbolos do poder espiritual e do poder temporal. E são uma referência do poder máximo do Sucessor de Pedro , relatado no Evangelho de São Mateus, que narra que Nosso Senhor Jesus Cristo disse a Pedro: "Dar-te-ei as chaves do reino dos céus, e tudo o que ligares na terra será ligado no céu, e tudo o que desligares na terra, será desligado no céu" (Mt 16, 19). Por conseguinte, as chaves são o símbolo típico do poder dado por Cristo a São Pedro e aos seus sucessores. A tiara papal usada como timbre, recorda, por sua simbologia, os três poderes papais: de Ordem, Jurisdição e Magistério, e sua unidade na mesma pessoa. No listel o lema HVMILITAS (Humildade), é uma expressão da personalidade do papa Luciani.
Morte |
Embora João Paulo I tenha sido encontrado morto por uma freira que trabalhava para ele e o acordava havia muitos anos, a versão oficial divulgada pelo Vaticano, contudo, diz que o corpo de João Paulo I teria sido encontrado pelo padre Diego Lorenzi, um de seus secretários, enunciando a morte como "possivelmente associada com infarto do miocárdio". Para alguns, João Paulo I teria sido vítima das terríveis pressões características de seu cargo, e que não as tendo suportado, veio a perecer. A citada freira, após a morte deste, fez voto de silêncio.[6]
Outra hipótese levantada foi a de que o Papa "Sorriso de Deus" teria sido vítima de embolia pulmonar. De qualquer maneira, sua morte provocou enorme consternação entre os católicos; mesmo sob chuva torrencial, a Praça de São Pedro esteve totalmente lotada quando de seus serviços funerais. Em sua homenagem, Karol Wojtyła, seu sucessor, adotaria seu nome papal ao ser eleito, em 16 de outubro de 1978, tornando-se o Papa João Paulo II.
Teorias da conspiração |
Ver artigo principal: Teorias da conspiração envolvendo o Papa João Paulo I
O momento de sua morte, apenas 33 dias depois de sua eleição para o papado, e alegadas dificuldades do Vaticano com os procedimentos cerimoniais e legais, juntamente com declarações inconsistentes feitas após a morte, fomentaram várias teorias da conspiração. O autor britânico David Yallop escreveu extensivamente sobre crimes não resolvidos e teorias da conspiração, e em seu livro de 1984 In God's Name sugeriu que João Paulo I morreu porque estava prestes a descobrir escândalos financeiros supostamente envolvendo o Vaticano.[7]John Cornwell respondeu às acusações de Yallop em 1987, com um A Thief In The Night, em que analisou as várias alegações e negou a conspiração.[8] De acordo com Eugene Kennedy, escrevendo para o The New York Times, o livro de Cornwell "ajuda a purificar o ar de paranóia e de teorias da conspiração, mostrando como a verdade, cuidadosamente escavada por um jornalista em um volume pode nos refrescar, faz-nos livres."[9]
Encontro com a Irmã Lúcia |
A revista italiana 30 Giorni revela, com base em declarações de um dos quatro irmãos de João Paulo I, que a Irmã Lúcia, durante a visita que o então Patriarca de Veneza lhe fez no Carmelo de Santa Teresa, em Coimbra, sempre o tratou por "Santo Padre". O Cardeal Luciani fica impressionado e pergunta: "Porquê?", ao que a Irmã responde: "Vossa Eminência um dia será eleito Papa". E ele disse: "Sabe-se lá, irmã…", e a Irmã retorquiu: "Será sim, mas o seu pontificado será muito breve".[10]
Referências
↑ «Papa João Paulo I». Ufcq.edu.br
↑ La Stampa (ed.). «Luciani, "sì" unanime alla beatificazione». Andrea Tornielli. Consultado em 8 de Novembro de 2017
↑ ab «Albino Luciani, 66 anos, patriarca de Veneza». Folha da Manhã: 18. 28 de agosto de 1978
↑ A morte de João Paulo I
↑ A morte dos papas. Revista Manchete. 1989. Nº 1942. p 30-34.
↑ A morte de João Paulo I
↑ «The man who says Pope John Paul II was a fraud - and why he tried to thump me». Independent. 7 de abril de 2007. Consultado em 23 de janeiro de 2009
↑ Gould, Peter (2 de abril de 2005). «1978: Year of the three popes». BBC. Consultado em 23 de janeiro de 2009
↑ Kennedy, Eugene (5 de novembro de 1989). «Was The Pope Murdered?». New York Times|acessodata=
requer|url=
(ajuda)
↑ Edição especial do Correio da Manhã - "Os Papas - De São Pedro a João Paulo II" - Fascículo XI, "Leão XIII lança doutrina social da Igreja", página 263, ano 2005.
Ver também |
- Conclave de agosto de 1978
- Cisma de Montaner
- Lista dos papas
Ligações externas |
- João Paulo I no site do Vaticano
Precedido por Dom Giuseppe Carraro | Bispo de Vittorio Veneto 1958 — 1969 | Sucedido por Dom Antonio Cunial |
Precedido por Dom Giovanni Cardeal Urbani | Patriarca de Veneza 1969 — 1978 | Sucedido por Dom Marco Cardeal Cé |
Precedido por Dom Giovanni Cardeal Urbani | Cardeal-presbítero de São Marcos 1973 — 1978 | Sucedido por Dom Marco Cardeal Cé |
Precedido por Papa Paulo VI | 263.º Papa da Igreja Católica 1978 | Sucedido por Papa João Paulo II |