Guerra da Crimeia
Guerra da Crimeia | |||||||
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Parte das guerras russo-turcas e guerras otomanas na Europa | |||||||
Zuavos franceses e soldados russos enfrentam-se na torre Malakoff durante a Batalha de Sevastopol. | |||||||
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Combatentes | |||||||
Império Francês Império Otomano Reino Unido Reino da Sardenha | Império Russo | ||||||
Principais líderes | |||||||
Napoleão III Jacques Leroy de Saint Arnaud Maréchal Canrobert Aimable Pélissier François Achille Bazaine Patrice de Mac-Mahon Rainha Vitória Conde de Aberdeen Lord Raglan Sir James Simpson Sir William Codrington Omar Paxá İskender Paxá Vítor Emanuel II Alfonso La Màrmora | Nicolau I Alexandre II Píncipe Menshikov Pavel Nakhimov † Vasily Zavoyko Nikolay Muravyov Yevfimy Putyatin Vladimir Istomin † Conde Tolstoy | ||||||
Forças | |||||||
Total: 975 850 combatentes | Total: 707 500 combatentes | ||||||
Vítimas | |||||||
Total: 223 513 mortos, feridos ou desaparecidos[1] | Total: 530 125 mortos, feridos, desaparecidos ou aprisionados[2] | ||||||
A Guerra da Crimeia foi um conflito que se estendeu de 1853 a 1856, na península da Crimeia (no mar Negro), no sul da Rússia e nos Bálcãs. Envolveu, de um lado o Império Russo e, de outro, uma coligação integrada pelo Reino Unido, a França, o Reino da Sardenha - formando a Aliança Anglo-Franco-Sarda - e o Império Otomano (atual Turquia). Esta coligação, que contou ainda com o apoio do Império Austríaco, foi formada como reação às pretensões expansionistas da Rússia.
Nessa guerra, foi importante o papel da marinha de corso, pela França e Reino Unido.[3]
Índice
1 A guerra
2 O Tratado de Paris
3 Novas hostilidades
4 Ver também
5 Referências
6 Ligações externas
A guerra |
Desde o fim do século XVIII, os russos tentavam aumentar a sua influência na península dos Balcãs, região entre o mar Negro e o mar Mediterrâneo. Em 1853, o czar Nicolau I invocou o direito de proteger os lugares santos dos cristãos em Jerusalém, então parte do Império Otomano. Sob esse pretexto, as suas tropas invadiram os principados otomanos do Rio Danúbio (Moldávia e Valáquia, na atual Roménia). O sultão otomano, contando com o apoio da Grã-Bretanha e da França, rejeitou as pretensões do czar, declarando guerra à Rússia. Mediante a declaração de guerra, a frota russa destruiu a frota turca na Batalha de Sinop.
O Reino Unido, sob a rainha Vitória, temia que uma possível queda da cidade de Constantinopla diante das tropas russas lhe pudesse retirar o controle estratégico dos estreitos de Bósforo e Dardanelos, cortando-lhe as comunicações com a Índia. Por outro lado, Napoleão III de França mostrava-se ansioso para mostrar que era o legítimo sucessor de seu tio, Napoleão I. Mediante a derrota naval dos turcos, ambas declararam guerra à Rússia no ano seguinte, seguidos pelo Reino da Sardenha (governado por Vítor Emanuel II e o seu primeiro-ministro Cavour). Em troca, os turcos permitiriam a entrada de capitais ocidentais no Império.
O conflito iniciou-se efectivamente em março de 1854. Em agosto, os turcos, com o auxílio de seus aliados, já haviam expulsado os invasores dos Balcãs. De forma a encerrar definitivamente o conflito, as frotas dos aliados convergiram sobre a península da Crimeia, desembarcando tropas a 16 de setembro de 1854, iniciando o bloqueio naval e o cerco terrestre à cidade portuária fortificada de Sebastopol, sede da frota russa no mar Negro. Embora a Rússia tenha sido vencida em batalhas como a de Balaclava e em Inkerman, o conflito arrastou-se com sua recusa em aceitar os termos de paz. Entre as principais batalhas desta fase da campanha registam-se:
batalha do rio Alma;
batalha de Balaclava (imortalizada por Alfred Tennyson no poema A carga da brigada ligeira); e
batalha de Inkerman.
Durante o cerco a Sebastopol, a doença cobrou um pesado tributo às tropas britânicas e francesas, tendo se destacado o heroico esforço de Florence Nightingale dirigindo o atendimento hospitalar de campanha. A praça-forte, em ruínas, só caiu um ano mais tarde, em setembro de 1855.
O Tratado de Paris |
Ver artigo principal: Tratado de Paris (1856)
A guerra terminou com a assinatura do tratado de Paris de 30 de março de 1856. Pelos seus termos, o novo czar, Alexandre II da Rússia, devolvia o sul da Bessarábia e a embocadura do rio Danúbio para o Império Otomano e para a Moldávia, renunciava a qualquer pretensão sobre os Balcãs e ficava proibido de manter bases ou forças navais no mar Negro.
Por outro lado, o Império Otomano, representado por Aali-pachà ou Meliemet Emin era admitido na comunidade das potências europeias, tendo o sultão se comprometido a tratar seus súditos cristãos de acordo com as leis europeias. A Valáquia e a Sérvia passaram a estar sob protecção internacional.
Novas hostilidades |
Na Conferência de Londres (1875), a Rússia obteve o direito de livre trânsito nos estreitos de Bósforo e Dardanelos. Em 1877, iniciou nova guerra contra a Turquia, invadindo os Balcãs em consequência da repressão turca a revoltas de eslavos balcânicos. Diante da oposição das grandes potências, os russos recuaram outra vez. O Congresso de Berlim (1878), consagrou a independência dos Estados balcânicos e as perdas turcas da ilha de Chipre, para o Reino Unido, da Arménia e parte do território asiático para a Rússia e da Bósnia e Herzegovina para o Império Austro-Húngaro. Em 1895, o Reino Unido apresentou um plano de partilha da Turquia, rechaçado pela Alemanha, que preferia garantir para si concessões ferroviárias. Nos Bálcãs, no início do século XX, o crescente nacionalismo eslavo contra a presença turca levou a região à primeira das Guerras Balcânicas. Esta política russofóbica iria perdurar até a Entente anglo-russa de 1907 quando começa a emergir o Império Alemão na política europeia.[5]
Ver também |
- Guerra rus'-bizantina de 970-971
Referências
↑ John Sweetman, Crimean War, Essential Histories 2, Osprey Publishing, 2001, ISBN 1-84176-186-9, p.89
↑ Зайончковский А. М. Восточная война 1853–1856. СПб:Полигон, 2002
↑ Vasconcellos, J.S. (1939). Princípios de defesa militar. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército|acessodata=
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(ajuda)
↑ «Центральный военно-морской музей» (em russo). Consultado em 6 de maio de 2012
↑ F. William Engdahl, A Century of War: Anglo-American Oil Politics and the New World Order, Londres, Pluto Press, 2004, pp. 29-30.
Ligações externas |
- Crimean War Research Society
Causas imediatas da guerra detalhadas no contexto (em inglês)