Chiquinha Gonzaga
Nota: Para outros significados, veja Chiquinha Gonzaga (desambiguação).
Chiquinha Gonzaga | |
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A jovem Francisca aos 18 anos de idade (1865). | |
Informação geral | |
Nome completo | Francisca Edwiges Neves Gonzaga |
Nascimento | 17 de outubro de 1847 |
Origem | Rio de Janeiro |
País | Brasil |
Morte | 28 de fevereiro de 1935 (87 anos) |
Gênero(s) | Choro, Polka, Tango brasileiro, Marcha, Valsa |
Instrumento(s) | piano |
Francisca Edwiges Neves Gonzaga, mais conhecida como Chiquinha Gonzaga (Rio de Janeiro, 17 de outubro de 1847 — 28 de fevereiro de 1935) foi uma compositora, instrumentista e maestrina brasileira.
Foi a primeira pianista chorona, (musicista de choro), autora da primeira marcha carnavalesca com letra ("Ó Abre Alas", 1899) e também a primeira mulher a reger uma orquestra no Brasil.
No Passeio Público do Rio de Janeiro, há uma herma em sua homenagem, obra do escultor Honório Peçanha. Em maio de 2012 foi sancionada a Lei 12 624 que instituiu o Dia da Música Popular Brasileira, comemorado no dia de seu aniversário.[1]
Índice
1 Biografia
1.1 Infância
1.2 Matrimônio
1.3 Professora
1.4 Política
1.5 Romance e ida à Portugal
1.6 Carreira
2 Representações na cultura
3 Medalha de Reconhecimento
4 Ver também
5 Referências
6 Bibliografia
7 Ligações externas
Biografia
Infância
Era filha da união de José Basileu Gonzaga, marechal de campo do Exército Imperial Brasileiro e de Rosa Maria Neves de Lima, uma mulata filha de escrava.[2] Contrariando a família, José Basileu casou-se com Rosa Maria após o nascimento de Francisca.
Chiquinha Gonzaga cresceu em uma família de pretensões aristocráticas (afilhada de Luís Alves de L. e Silva, Duque de Caxias) e conviveu bastante com a rígida família paterna.
Fez seus estudos normais com o cônego Trindade, um professor de referência, e musicais no piano com o Maestro Elias Álvares Lobo.[2]
Desde cedo, frequentava rodas de lundu, umbigada e outros ritmos oriundos da África. Inicia, aos 11 anos, a carreira de compositora com a canção natalina, Canção dos Pastores.[2]
Matrimônio
Em 1863, aos 16 anos, por imposição paterna, casou-se com Jacinto Ribeiro do Amaral, oficial da Marinha Mercante,[2] e logo engravidou. Não suportando a reclusão do navio onde o marido servia, e a proibição de não envolvesse-se com a música, Chiquinha, seis anos depois, abandona o matrimônio escandalizando a então sociedade. Assim a família a expulsa de casa e a proibe de levar dois de seus três filhos,[2] somente o filho mais velho, João Gualberto. O marido, não permitiu que Chiquinha cuidasse dos filhos mais novos: a filha Maria do Patrocínio e o filho Hilário, sofrendo com a separação obrigatória dos filhos.
Professora
Passa a lecionar piano e a frequentar as rodas de choro, acompanhada pelo flautista Joaquim Antônio da S. Callado engenheiro, onde conhece o engenheiro de estradas de ferro João Batista de Carvalho, com quem teve uma filha:[2] Alice Maria. Viveram muitos anos com ele, mas Chiquinha não aceitava as relações extra conjugais. Separa-se dele, e mais uma vez perde uma filha, pois João Batista ficou com a guarda da filha.
Então, volta a lecionar, retorna à boemia e bailes e passa a viver como musicista independente com o grupo Choro Carioca,[2] que incluía o compositor Joaquim Antônio Callado, tocando piano em lojas de instrumentos musicais, sofrendo preconceito por criar sozinha um filho. Passando a dedicar-se inteiramente a música, onde obteve reconhecimento, tornando-se também compositora de polcas, valsas, tangos e cançonetas.[2]
Política
Envolveu-se com a política, militando em prol da abolição da escravidão e pelo fim da monarquia. Chamava a atenção nas rodas boêmias do Rio por ser independente e por fumar em público, algo que não era considerado de bom tom para mulheres.
Romance e ida à Portugal
Em 1899, aos 52 anos, após décadas dedicadas à música, conheceu e apaixonou-se por João Batista Fernandes Lage, um jovem aprendiz de musicista, de 16 anos.[3] A diferença de idade era muito grande, e causaria mais preconceito e sofrimento na vida de Chiquinha, caso alguém soubesse do namoro. Temendo o preconceito, fingiu adotá-lo como filho,[3] para viver um grande amor, evitando escândalos em respeito aos seus filhos, além de afetar sua brilhante carreira. Por isso também, em 1902 mudaram-se para Lisboa, em Portugal.
Os filhos de Chiquinha, no começo, não aceitaram o romance da mãe, mas depois viram com naturalidade. Fernandes Lage aprendeu muito com Chiquinha sobre a música e a vida. Eles retornaram ao Brasil camuflados, nunca assumiram de fato o romance, que foi descoberto após a sua morte através de cartas e fotos do casal. Ela morreu ao lado de João Batista Lage, seu grande amigo, parceiro e fiel companheiro, seu grande amor, em 1935, quando começava o Carnaval. Foi sepultada no Cemitério de São Francisco de Paula, no Catumbi.
Carreira
Atraente Choro "Atraente", de Chiquinha Gonzaga, gravação com Pixinguinha no saxofone e Benedito Lacerda na flauta | |
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Cubanita Habanera "Cubanita", de Chiquinha Gonzaga, gravação de 1908 pelo Grupo Chiquinha Gonzaga. | |
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Sultana Polca choro "Sultana", gravação de 1908 pelo Grupo Chiquinha Gonzaga. | |
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Corta jaca (Gaúcho) Maxixe "Corta jaca (Gaúcho)", gravação de 1908 pelo Grupo Chiquinha Gonzaga. | |
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Falena Valsa "Falena", gravação de 1913 pelo Grupo Chiquinha Gonzaga. | |
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Plangente Valsa "Plangente", gravação de 1912 pelo Grupo Chiquinha Gonzaga. | |
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A necessidade de adaptar o som do piano ao gosto popular valeu o reconhecimento de tornar-se a primeira compositora popular do Brasil. O sucesso começou em 1877, com a polca 'Atraente',[1] seguida das composições Sultana, de 1878, e Camila, de 1879, mas continua os estudos musicias com Artur Napoleão.[2]
A partir da repercussão de sua primeira composição impressa, resolveu lançar-se no teatro de variedades e revista. Estreou compondo a trilha da opereta "A Corte na Roça", de 1885, com texto de Palhares Ribeiro, no Teatro Imperial, com a companhia portuguesa Souza Bastos.[2] Em 1911, estreia a reconhecida opereta Forrobodó, que chegou a 1500 apresentações seguidas; recodista deste gênero no Brasil. Em 1934, aos 87 anos, escreveu sua última composição, a partitura da peça "Maria". Foi criadora da célebre partitura da opereta Juriti, de Viriato Corrêa. Em 1888, com A Filha do Guedes, rege pela primeira vez uma orquestra.[2]
Em 1886, faz reuniões de violonistas em bairros cariocas para valorizar este instrumento, considerado pela burguesia como símbolo da malandragem.[2] Assim compõe o choro Sabiá na Mata para o concerto de 100 violões, no então Teatro São Pedro.[2]
Em 1899, compôs Ó Abre Alas, para embalar o desfile do cordão Rosa de Ouro, do bairro Andaraí no Rio de Janeiro.[2] tornando-se a primeira composição criada para o Carnaval, definindo assim um novo estilo musical, denominado Marcha-Rancho, considerado o ritmo oficial do Carnaval.[2]
Por volta de 1900 conhece a irreverente artista Nair de Tefé von Hoonholtz, embora de família nobre, foi a primeira caricaturista feminina do mundo, da qual se torna-se amiga.
Chiquinha viaja pela Europa entre 1902 e 1910, tornando-se especialmente conhecida em Portugal, onde escreve músicas para diversos autores. Logo após o seu retorno, Nair de Tefé casa-se com o então presidente da República Hermes da Fonseca, tornando-se primeira-dama do Brasil.
Chiquinha é convidada pela amiga para alguns saraus no Palácio do Catete, a então morada presidencial, mesmo sob a contrariedade imposta pela família da primeira dama. Certa vez, em 1914, num recital de lançamento do Corta Jaca, no palácio presidencial, a própria primeira-dama do país, acompanhou Chiquinha no violão, e empunhou o instrumento, tocando um maxixe composto pela maestrina,[3] escandalizando a imprensa e a burguesia, que aspiram à cultura europeia.[2] Foram feitas críticas ao governo e retumbantes comentários sobre os "escândalos" no palácio, pela promoção e divulgação de músicas com origens em danças vulgares. Levar para o Palácio do Governo a música popular brasileira foi considerado, na época, uma quebra de protocolo. Após o término do mandato presidencial, Hermes da Fonseca e Nair de Tefé mudaram-se para a França, onde permaneceram por um bom tempo, perdendo contato com Chiquinha.
Chiquinha participou da campanha abolicionista, por conta da revolta do sofrimento de seus ancestrais maternos como escravos, e da proclamação da república do Brasil.[2] Também foi a fundadora da Sociedade Brasileira de Autores Teatrais. Ao todo, compôs músicas para 77 peças teatrais, tendo sido autora de cerca de duas mil composições em gêneros variados: valsas, polcas, tangos, lundus, maxixes, fados, quadrilhas, mazurcas, choros e serenatas.
Pudesse esta paixão "Pudesse esta paixão", gravação de 1912 pelo Grupo Chiquinha Gonzaga. | |
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Representações na cultura
Te amo "Te amo", gravação de 1908 pelo Grupo Chiquinha Gonzaga. | |
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Chiquinha Gonzaga já foi retratada como personagem no cinema e na televisão. Dirigida por Jayme Monjardim, na minissérie Chiquinha Gonzaga (1999), na TV Globo, foi interpretada por Regina Duarte e Gabriela Duarte. No cinema, foi interpretada por Bete Mendes, no filme "Brasília 18%" (2006), dirigido por Nelson Pereira dos Santos, e por Malu Galli, no filme O Xangô de Baker Sreet, baseado no livro homônimo de Jô Soares.
A compositora também foi homenageada no carnaval carioca, no ano de 1985, com o enredo Abram alas que eu quero passar pela escola de samba Mangueira, que obteve a sétima colocação. E em 1997, com enredo Eu Sou Da Lira, Não Posso Negar... pela Imperatriz Leopoldinense. A atriz Rosamaria Murtinho, que vivia a artista no teatro, representou-a no desfile, a escola obteve a sexta colocação.
Medalha de Reconhecimento
A Medalha de reconhecimento Chiquinha Gonzaga, foi criada através do Projeto de Resolução 14/1999, é conferida à mulheres que militam em prol das causas democráticas, humanitárias, artísticas e culturais no âmbito da União, Estados e Municípios.[4]
Ver também
- Choro
- Viriato Figueira
Referências
↑ ab «Proposta de instituição do Dia da Música Popular Brasileira. Homenagem à memória de Chiquinha Gonzaga.». Discursos e Notas Taquigráficas, Sessão: 272.2.54.O. Câmara Legislativa dos Deputados. 17 de outubro de 2012. Consultado em 17 de outubro de 2018
↑ abcdefghijklmnopq «Chiquinha Gonzaga». Enciclopédia Itaú Cultural. 2 de junho de 2017. Consultado em 17 de outubro de 2018
↑ abc «Sobre Chiquinha Gonzaga - Instituto Moreira Salles». Instituto Moreira Salles. 1 de junho de 2017
↑ «Homenagens». Câmara Legislativa Municipal do Rio de Janeiro. Atividade Parlamentar. Consultado em 17 de outubro de 2018
Bibliografia
- DINIZ, Edinha. Chiquinha Gonzaga: uma história de vida (11a. ed.). Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 2005. 352p., il. ISBN 85-01-64713-6.
- MUGNAINI Jr., Ayrton. A jovem Chiquinha Gonzaga. São Paulo: Nova Alexandria, 2005. ISBN 85-7492-100-9.
- DINIZ, Edinha. Mestres da música no Brasil - Chiquinha Gonzaga (1ª ed.). São Paulo: Moderna, 2001.
- LAZARONI DE MORAES, Dalva - "Chiquinha Gonzaga - Sofri, chorei. Tive muito amor". Rio de Janeiro, Editora Nova Fronteira, 1995.
Ligações externas
- Página oficial
- Obras de Chiquinha Gonzaga no International Music Score Library Project
- Acervo do Instituto Moreira Sales com diversas gravações históricas
- Chiquinha Gonzaga - Almanaque da Folha de S. Paulo