Pecado capital
Nota: Para outros significados, veja Pecado capital (desambiguação).
Os conceitos incorporados no que se conhece hoje como os sete pecados capitais tratam de uma classificação de condições humanas conhecidas atualmente como vícios, que precedem o surgimento do cristianismo, mas que foram usadas mais tarde pelo catolicismo com o intuito de educar os seguidores, de forma a compreender e controlar os instintos básicos do ser humano e assim se aproximar de Deus.
A lista final, apresentada no Século XIII, é a versão aprimorada de uma primeira versão, datada do Século IV. Todo esse esforço em descrever defeitos de conduta tinha um motivo: facilitar o cumprimento dos Dez Mandamentos[1]. Assim, a Igreja Católica classificou e selecionou os pecados da seguinte forma: a tríplice concupiscência que é a raiz dos pecados capitais; pecados capitais que são os pais dos outros vícios; pecados veniais que são perdoáveis sem a necessidade do sacramento da confissão e os pecados mortais que são merecedores de condenação por ferirem os dez mandamentos de Deus.[2] A partir de inícios do século XIV a popularidade dos sete pecados capitais entre artistas da época resultou numa popularização e mistura com a cultura humana no mundo inteiro.
Índice
1 Os sete pecados capitais
1.1 Gula
1.2 Ganância
1.3 Lúxuria
1.4 Ira
1.5 Inveja
1.6 Preguiça
1.7 Orgulho
1.8 Nome em Latim
1.9 Comparação com os demônios
1.10 As 7 Virtudes Humanas
2 Teoria dos 7 Pecados
2.1 Segundo Evágrio do Ponto
2.2 Segundo Papa Gregório I
2.3 Segundo Tomás de Aquino
2.4 Dante Alighieri e o Malebolge
2.4.1 Heresia
2.4.2 Mentira
2.5 Papa Bento XVI
3 Ver também
4 Referências
Os sete pecados capitais |
Gula |
A gula é o desejo insaciável por comida e por bebida. Segundo tal visão, a gula também está relacionada com o egoísmo humano: querer adquirir sempre mais e mais, não se contentando com o que já tem, uma forma de cobiça.
Sua virtude oposta é a temperança.
Ganância |
A avareza ou ganância é o apego excessivo e descontrolado aos bens materiais e ao dinheiro. Pois o avarento prefere os bens materiais ao convívio com Deus. Neste sentido, o pecado da avareza conduz à idolatria, que significa tratar como se fosse Deus algo que não o é.
Sua virtude oposta é a caridade.
Lúxuria |
A luxúria (do latim luxuriae) é o desejo passional e egoísta por todo o prazer sensual e material. Também pode ser entendido em seu sentido original: “deixar-se dominar pelas paixões”.
Consiste no apego aos prazeres carnais, corrupção de costumes; sexualidade extrema, lascívia e sensualidade.
Sua virtude oposta é a castidade.
Ira |
Conhecida também por cólera, é o sentimento humano de externar raiva e ódio por alguma coisa ou alguém. É o forte desejo de causar mal a outro, e um dos grandes responsáveis pela maior parte dos conflitos humanos no transcorrer das gerações.
Sua virtude oposta é a paciência.
Inveja |
A inveja (do latim invidia) 'é o desejo exagerado por posses, status, habilidades e tudo que outra pessoa tem e consegue. É considerada pecado porque uma pessoa invejosa ignora suas próprias bênçãos e prioriza o status de outra pessoa no lugar do próprio crescimento espiritual. O invejoso ignora tudo com que foi abençoado e que possui, para cobiçar o que é do próximo.
Sua virtude oposta é a bondade.
Preguiça |
Do latim acedia. A pessoa com este pecado capital é caracterizada pela Igreja Católica como alguém que vive em estado de falta de capricho, de esmero, de empenho, em negligência, desleixo, morosidade, lentidão e moleza, de causa orgânica ou psíquica, que a leva a uma inatividade acentuada.
Sua virtude oposta é a diligência.
Orgulho |
O orgulho está associado a, arrogância e vaidade. O orgulho consiste em ser superior a todos, isso fez com que Lúcifer se sentisse mais alto que o próprio Deus.
Em paralelo, segundo o teólogo São Tomás de Aquino,o orgulho era um pecado tão grande que ficava fora de série, devendo ser tratada em separado dos restantes pecados e merecendo atenção especial. Aquino tratava a questão da vaidade como sendo um pecado em separado, mas a Igreja Católica decidiu unir a vaidade ao orgulho, acreditando que neles havia um mesmo componente de vanglória, o que levaria ao seu estudo e ao seu tratamento conjuntos.
Sua virtude oposta é a humildade.
Nome em Latim |
- Orgulho, em latim superbia
Avareza, em latim avaritia
Luxúria, em latim luxuria
Inveja, em latim invidia
Gula, em latim gula
Ira, em latim ira
Preguiça, em latim acedia
Com as iniciais destas palavras latinas, formava-se o termo saligia, utilizado como referência aos pecados capitais como um só.
Comparação com os demônios |
Em 1589, Peter Binsfeld associou cada um dos pecados capitais com seus respectivos demônios seguindo os significados mais usados. De acordo com Binsfeld's Classification of Demons, esta comparação segue o esquema:
Asmodeus - Luxúria
Belzebu - Gula
Mamon - Ganância
Belphegor - Preguiça
Azazel - Ira
Leviatã - Inveja
Lúcifer - Orgulho
As 7 Virtudes Humanas |
Ver artigo principal: Sete virtudes
Para cada um dos 7 pecados, também tem uma virtude oposta a ele, que são:
Soberba – Humildade
Avareza – Caridade
Luxúria – Castidade
Inveja – bondade
Gula – Temperança
Ira – Paciência
Preguiça – Diligência
Teoria dos 7 Pecados |
Segundo Evágrio do Ponto |
Ver artigo principal: Evágrio do Ponto
De acordo com o livro Sacred Origins of Profound Things (Origens Sagradas de Coisas Profundas), de Charles Panati, o teólogo e monge grego Evágrio do Ponto (345 – 399) teria escrito uma lista de oito crimes (culpas) e "paixões" humanas, em ordem crescente de importância (ou gravidade):
Gula (desequilíbrio da alimentação)
Avareza (ganância, desequilíbrio do ter)
Luxúria (desequilíbrio do prazer que o luxo traz, normalmente ligado ao sexo)
Ira (desequilíbrio da emoção)
Melancolia (depressão, desequilíbrio da autoestima para baixo)
Preguiça (desequilíbrio do descanso)
Orgulho (desequilíbrio da autoestima para cima)
Vanglória (vaidade, desequilíbrio da humildade)
Para Evágrio os pecados tornavam-se piores à medida que tornassem a pessoa mais egocêntrica, com o orgulho ou soberba sendo o suprassumo dessa fixação do ser humano em relação a si mesmo. Isso o afastaria do espírito, que é sua origem em Deus.
Segundo Papa Gregório I |
No final do século VI o Papa Gregório I transformou o texto avulso numa recomendação oficial da Igreja, reduzindo a lista a sete itens, juntando "vaidade" e "orgulho" (ou "soberba"), e trocando "acídia" (ou "preguiça") por "indolência" e "melancolia" por "inveja". Para fazer sua própria hierarquia, o pontífice colocou em ordem decrescente os pecados que mais ofendiam ao amor:
- Orgulho
- Inveja
- Ira
- Indolência
- Avareza
- Gula
- Luxúria
Segundo Tomás de Aquino |
Mais tarde, outros teólogos, entre eles, Tomás de Aquino analisaram novamente a gravidade dos pecados e fizeram mais uma lista. No século XVII, a igreja substituiu "melancolia" – considerado um pecado demasiado vago – por "preguiça".
A lista de Tomás de Aquino dos pecados capitais era:
- Vaidade
- Inveja
- Ira
- Acídia
- Avareza
- Gula
- Luxúria
Os pecados são diretamente opostos às sete virtudes, que pregam o exato oposto dos sete pecados capitais.
Dante Alighieri e o Malebolge |
Dante Alighieri foi quem de fato popularizou o conceito dos pecados mortais. Na sua obra-prima, A Divina Comédia, descreveu os diferentes círculos do Inferno e os associou a cada um dos sete pecados capitais. Na primeira parte da Divina Comédia, Inferno, Dante teve que descer os nove andares do chamado Malebolge (um Inferno em funil). Cada um era dedicado a um pecado, e quanto mais baixo mais graves eram. Os pecados eram: Soberba, Avareza, Luxúria, Inveja, Gula, Ira, Preguiça, Heresia e Mentira.
Heresia |
A heresia é a crença em qualquer outro deus se não Deus, que seriam vistos como demônios. Um herege não tinha fé em Deus, fazendo da heresia um pecado que levava a alma diretamente ao Inferno. Toda e qualquer religião, culto ou crença que não contempla o Deus Judaico-Cristão é considerada pelos cristãos como herege.
Mentira |
Distorcer a verdade. A mentira é um pecado gravíssimo, pois uma pessoa pode mentir por diversos motivos, a maioria pecados. Um mentiroso não cumpre um dos seus deveres para com Deus: a confissão.
Papa Bento XVI |
Segundo Bento XVI, além da Saligia, os humanos teriam desenvolvido sete pecados capitais modernos. Eles são:
- Pressa: uma pessoa apressada não tem tempo para Deus. A Pressa origina Ira e causa acidentes.
- Manipulação genética: isso seria "brincar de Deus", algo inaceitável.
- Interferir no Meio Ambiente: adicionar imperfeições na Criação de Deus.
- Causar pobreza: retirar dinheiro dos outros por Avareza.
- Ser muito rico: causa desigualdade social, o que é inaceitável pois todos são iguais perante Deus.
- Usar drogas: interferir em seu organismo.
- Causar injustiça social: preconceito e bullying, em sua maioria.
O Vaticano divulgou essa lista ainda neste século, sendo eles os pecados capitais do Século XXI.
Ver também |
- Doutrina católica sobre os Dez Mandamentos
- Pecados sociais
Referências
↑ mundoestranho.abril.com.br/ Quem definiu os sete pecados capitais?
↑ Canção Nova (24 de setembro de 2010). «Pecado». Wiki Canção Nova. Consultado em 11 de fevereiro de 2015