Eleições estaduais no Acre em 1966
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Eleições estaduais no Acre em 1966 | ||||
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3 de setembro de 1966 (Eleição indireta) 15 de novembro de 1966 (Eleição direta) | ||||
Candidato | Jorge Kalume | |||
Partido | ARENA | |||
Natural de | Belém, PA | |||
Vice | Não havia | |||
Votos | 07 | |||
Porcentagem | 100% | |||
Governador do Acre Titular Eleito | ||||
As eleições estaduais no Acre em 1966 ocorreram em duas fases de acordo com o Ato Institucional Número Três[1] e dessa forma a eleição indireta para governador aconteceu à 3 de setembro e a escolha do senador, sete deputados federais e quinze estaduais ocorreu em 15 de novembro. Anexado ao Brasil em 1903 graças ao Tratado de Petrópolis, o Acre foi elevado a território federal no ano seguinte pelo presidente Rodrigues Alves através do Decreto nº 5.188[2] até que o presidente João Goulart e o primeiro-ministro Tancredo Neves sancionaram a Lei nº 4.070 elevando o Acre ao patamar de estado[3] em 15 de junho de 1962 e logo depois houve a primeira eleição direta para o Palácio Rio Branco, direito agora revogado.[1]
Cassado pela Assembleia Legislativa do Acre por suas "notórias tendências comunistas",[4] o governador José Augusto de Araújo foi substituído pelo deputado José Fares em 8 de maio de 1964 e este governou até a designação do capitão Edgar Cerqueira como o seu substituto, muito embora a renúncia do titular para disputar (e perder) a eleição para senador tenha levado o deputado Augusto de Lima ao poder por uma semana até que o Regime Militar de 1964 resolveu a questão sucessória.
O novo governador do Acre é Jorge Kalume. Nascido em Belém com ascendência síria, foi diretor financeiro do Banco da Amazônia após formar-se em Contabilidade em 1939 e na volta ao Acre fundou o Rotary Clube de Xapuri em 1948 e na mesma cidade presidiu a associação comercial. Filiado ao PSD, foi eleito prefeito de Xapuri em 1955 e deputado federal em 1962, renunciando para assumir o governo do Acre graças ao seu apoio ao Regime Militar de 1964[nota 1] e sua filiação à ARENA. O substituto legal do chefe do executivo era o presidente da Assembleia Legislativa do Acre devido a inexistência do cargo de vice-governador.
Para senador o vitorioso foi Adalberto Sena, natural de Cruzeiro do Sul e formado em Medicina em 1925 pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. De volta ao seu estado, foi professor, jornalista e um dos fundadores do jornal A Voz do Acre. Secretário-geral do Território Federal do Acre[nota 2] candidatou-se a deputado federal pelo PTB em 1954, não sendo eleito, porém com a elevação do Acre a estado em 1962[5] foi eleito senador pelo PTB para quatro anos de mandato reelegendo-se pelo MDB na condição de adversário político do Regime Militar de 1964.
Na disputa pelos cargos proporcionais a ARENA superou o MDB por estreita margem sob o critério de soma das cadeiras.[nota 3] Sobre a nova realidade partidária do estado tem-se que os pessedistas ingressaram na ARENA e os petebistas no MDB, partido no qual o senador Oscar Passos elegeu-se presidente nacional em dezembro de 1965.[6] O confronto entre as legendas seguiu ao longo de todo o governo militar persistindo até o início da Nova República visto que, a partir de 1990, o PT rompeu essa bipolarização ao tornar-se adversário das correntes políticas dominantes no Acre, especialmente por abrigar com os irmãos Jorge Viana e Tião Viana em seus quadros, afinal cada um deles governou o estado por duas vezes em mandatos entrecortados por Binho Marques.[7]
Índice
1 Resultado da eleição para governador
2 Resultado das eleições para senador
3 Deputados federais eleitos
4 Deputados estaduais eleitos
5 Notas
6 Referências
Resultado da eleição para governador |
A eleição aconteceu não obstante a ausência dos seis deputados estaduais do MDB.
Candidatos a governador do estado | Candidatos a vice-governador | Número | Coligação | Votação | Percentual |
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Jorge Kalume ARENA | Cargo inexistente - | - | ARENA (sem coligação) | 07 | 100% |
Eleito(a)
Resultado das eleições para senador |
Foram apurados 18.851 votos nominais (92,71%), além de 1.121 votos em branco (5,51%) e 362 votos nulos (1,78%) que resultaram no comparecimento de 20.334 eleitores.
Candidatos a senador da República | Primeiro suplente de senador | Número | Coligação | Votação | Percentual |
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Adalberto Sena MDB | Clóvis de Azevedo Maia MDB | - | MDB (sem coligação) | 9.632 | 51,10% |
Edgar Cerqueira ARENA | Evilásio de Araújo Maia ARENA | - | ARENA (sem coligação) | 9.219 | 48,90% |
Eleito(a)
Deputados federais eleitos |
São relacionados os candidatos eleitos com informações complementares da Câmara dos Deputados.[8][9]
Deputados federais eleitos | Partido | Votação | Percentual | Cidade onde nasceu | Unidade federativa |
Maria Lúcia Araújo[nota 4] | MDB | 2.421 | 12,17% | João Pessoa | Paraíba |
Geraldo Mesquita[nota 5] | ARENA | 1.792 | 9,01% | Feijó | Acre |
Mário Maia[nota 4] | MDB | 1.665 | 8,37% | Rio Branco | Acre |
Nosser Almeida | ARENA | 1.538 | 7,73% | Sena Madureira | Acre |
Wanderley Dantas | ARENA | 1.424 | 7,16% | Porto Acre | Acre |
Jorge Lavocat[nota 5] | ARENA | 1.372 | 6,90% | Belém | Pará |
Rui Lino | MDB | 843 | 4,24% | Tarauacá | Acre |
Deputados estaduais eleitos |
Foram eleitos quinze deputados estaduais para a Assembleia Legislativa do Acre.[7]
Deputados estaduais eleitos | Partido | Votação | Percentual | Cidade onde nasceu | Unidade federativa |
Eloy Abud | ARENA | 1.442 | |||
Francisco Aluizio de Queiroz | ARENA | 950 | |||
Darci Fontenele de Castro | ARENA | 932 | |||
Cláudio Perez Nobre | ARENA | 891 | |||
Wildy Viana | ARENA | 865 | Brasileia | Acre | |
Carlos Alberto Simão Antônio | ARENA | 859 | |||
Geraldo Roque Angelim de Farias | MDB | 776 | |||
Raimundo Hermínio de Melo | MDB | 662 | |||
Agnaldo Moreno da Silva | ARENA | 623 | |||
Edison Cadaxo | MDB | 599 | Boca do Acre | Amazonas | |
Nabor Júnior | MDB | 581 | Tarauacá | Acre | |
Joaquim Lopes da Cruz | ARENA | 556 | |||
Geraldo Fleming | MDB | 521 | Campanha | Minas Gerais | |
Francisco Fernandes de Melo | ARENA | 515 | |||
Guilherme Zaire | MDB | 488 |
Notas
↑ Em razão de sua renúncia ao mandato parlamentar foi efetivado o suplente Albanir Leal.
↑ Criado pelo Decreto 5.188 de 7 de abril de 1904 baixado no governo de Rodrigues Alves.
↑ Por quatro a três entre os deputados federais e por nove a seis no caso dos deputados estaduais.
↑ ab Por causa do Ato Institucional Número Cinco, Mário Maia foi cassado em 7 de fevereiro de 1969 e Maria Lúcia Araújo em 30 de setembro daquele ano sendo que o Art. 4º § único do referido ato impediu a efetivação dos suplentes Romano Evangelista e Ary Rodrigues.
↑ ab Geraldo Mesquita foi secretário de Educação do governo Jorge Kalume e por isso foi substituído por Joaquim Macedo, convocado também para substituir Jorge Lavocat que ocupou uma secretaria sem pasta.
Referências
↑ ab «Subsecretaria de Informações do Senado Federal do Brasil: Ato Institucional Número Três». Consultado em 23 de outubro de 2013
↑ «BRASIL. Câmara dos Deputados, decreto nº 5.188 de 07/04/1904». Consultado em 31 de janeiro de 2015
↑ «BRASIL. Presidência da República: Lei nº 4.070 de 15/06/1962». Consultado em 24 de março de 2018
↑ «Impedido o governador do Acre. O Estado de S. Paulo (acervo digital), 10/06/1964». Consultado em 10 de setembro de 2015
↑ «BRASIL. Presidência da República: Lei nº 4.070 de 15/06/1962». Consultado em 24 de março de 2018
↑ «Nota do presidente do MDB. O Estado de S. Paulo (acervo digital), 12/12/1965». Consultado em 10 de setembro de 2015
↑ ab «Banco de dados do Tribunal Superior Eleitoral». Consultado em 10 de setembro de 2015
↑ «Página oficial da Câmara dos Deputados». Consultado em 8 de setembro de 2015
↑ «BRASIL. Presidência da República: Lei nº 9.504 de 30/09/1997». Consultado em 8 de setembro de 2015