Marisa Letícia Lula da Silva
Marisa Letícia Lula da Silva | |
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Marisa Letícia em foto oficial. (Foto:Ricardo Stuckert/Agência Brasil) | |
35ª Primeira-dama do Brasil | |
Período | 1º de janeiro de 2003 até 1º de janeiro de 2011 |
Antecessor | Ruth Cardoso |
Sucessor | Marcela Temer (em 2016) |
Dados pessoais | |
Nascimento | 7 de abril de 1950 São Bernardo do Campo, São Paulo |
Morte | 3 de fevereiro de 2017 (66 anos) São Paulo, São Paulo |
Nacionalidade | brasileira Italiana[1] |
Cônjuge | Marcos Cláudio da Silva (1970–1971) Luiz Inácio Lula da Silva (1974–2017) |
Filhos | Marcos Cláudio (n. 1970) Fábio Luís (n. 1975) Sandro Luís (n. 1978) Luís Cláudio (n. 1985) |
Religião | Católica romana |
Assinatura |
Marisa Letícia Lula da Silva GCC • GCL, nascida Marisa Letícia Rocco Casa (São Bernardo do Campo, 7 de abril de 1950 — São Paulo, 3 de fevereiro de 2017) foi uma primeira-dama do Brasil, ocupando o posto entre 1º de janeiro de 2003 e 1º de janeiro de 2011, período em que o seu marido, Luiz Inácio Lula da Silva, exerceu o cargo de presidente da República.
Índice
1 Biografia
2 Política
3 Morte
4 Homenagens
4.1 Honrarias
5 Ver também
6 Referências
7 Ligações externas
Biografia |
Filha de Antônio João Casa (filho de Giovanni Casa e Carolina Gambirasio) e Regina Rocco (filha de Mariano Rocco e Giovanna Boff), Marisa Letícia Rocco Casa nasceu numa família de imigrantes italianos (lombardos de Palazzago, província de Bérgamo)[2] de origem agrícola. Morou com os dez irmãos no sítio dos Casa até os cinco anos de idade. Neste sítio, seu avô paterno construiu uma capela em homenagem a Santo Antônio, que ainda existe. Hoje, toda a área do sítio chama-se Bairro dos Casa, em homenagem a seus antepassados, pioneiros da região.[carece de fontes]
Em 1955, Marisa e sua família mudaram-se para o centro de São Bernardo do Campo, região do Grande ABC, em São Paulo. Depois de frequentar uma escola humilde, Marisa foi transferida, na terceira série, para o Grupo Escolar Maria Iracema Munhoz. Aos nove anos, já tinha experiência como pajem de três garotas mais novas.[carece de fontes]
Aos treze anos de idade, com a autorização do pai, Marisa começou a trabalhar na fábrica de chocolates Dulcora, como embaladora de bombons. Permaneceu nesta até os dezenove anos de idade, quando se casou com o motorista Marcos Cláudio dos Santos e mudou seu nome para Marisa Letícia Casa dos Santos. Seis meses após o casamento, seu marido foi assassinado num assalto. Marisa estava grávida de quatro meses e seu filho recebeu o nome de Marcos Cláudio, em homenagem ao pai.[carece de fontes]
Mais tarde, em 1973, trabalhou como inspetora de alunos em um colégio estadual. Neste mesmo ano, já viúva, conheceu Lula no Sindicato dos Metalúrgicos de sua cidade natal. Os dois casaram-se sete meses depois e passou a se chamar Marisa Letícia Casa da Silva. Quando Lula incorporou seu apelido em seu nome, Marisa mudou novamente de nome, passando a chamar-se Marisa Letícia Lula da Silva.[3] O relacionamento de mais de trinta anos gerou três filhos: Fábio, Sandro e Luís Cláudio. Marisa tem ainda uma enteada, Lurian, filha de Lula e sua ex-namorada Miriam Cordeiro.[carece de fontes]
Política |
Marisa começou na vida política militando ao lado do marido (eleito presidente do Sindicato em 1975) para que outras mulheres se juntassem ao movimento sindical na região. Em 1978, iniciaram-se as greves no ABC paulista.[carece de fontes]
Foi Marisa quem cortou e costurou a primeira bandeira do Partido dos Trabalhadores, quando este foi fundado em 10 de fevereiro de 1980.[4] Participou ativamente no início das atividades do partido, ajudando a criar núcleos e a estampar camisetas. Com a intervenção do governo federal no sindicato em abril do mesmo ano, Lula e outros sindicalistas foram presos, e as reuniões eram realizadas ilegalmente em sua casa.[carece de fontes]
Nesse período, quando Lula e diversos sindicalistas estavam presos devido às greves, ela liderou a Passeata das Mulheres em protesto pela liberdade dos sindicalistas. Centenas de mulheres e de crianças, todas cercadas por policiais, tanques e cavalaria, saíram da Praça da Matriz e caminharam pela rua Marechal Deodoro até o Paço Municipal, retomando à Igreja da Matriz.[5]
Durante as disputas eleitorais de 1982, 1986, 1994 e 1998, nas quais Lula se candidatou, Marisa dedicou-se aos filhos, à casa e às campanhas. Em 2002, entretanto, com os filhos já adultos, pôde se dedicar exclusivamente à campanha do marido.[carece de fontes]
Em 1º de janeiro de 2003, Marisa Letícia tornou-se a primeira-dama do Brasil. Nos oito anos como primeira-dama do Brasil, Marisa Letícia não participou ativamente de nenhum projeto, fato duramente criticado pela oposição. Tradicionalmente a primeira-dama realiza projetos sociais, em paralelo as ações oficiais.[carece de fontes]
No primeiro turno das eleições de 2006, Marisa não deu tanto apoio a Lula quanto nas eleições anteriores. Assim como o marido, acreditava que a disputa seria resolvida no primeiro turno. Entretanto, com a disputa encaminhada para segundo turno, Marisa começou a participar mais ativamente da campanha, mantendo uma agenda própria e realizando caminhadas sozinha em prol do marido em Brasília e em Goiânia.[carece de fontes]
No contexto da Operação Lava Jato, em setembro de 2016 Marisa tornou-se ré de duas ações penais por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, relacionadas a um apartamento na cidade do Guarujá e de um outro apartamento de São Bernardo do Campo.[6][7] Após sua morte, as acusações foram extintas.[8][9]
Morte |
Em 24 de janeiro de 2017, Marisa foi internada na UTI do Hospital Sírio-Libanês após sofrer um acidente vascular cerebral hemorrágico (AVC).[10] Em 2 de fevereiro, o portal UOL anunciou que ex-primeira dama havia tido sua morte cerebral decretada,[11] entretanto o Hospital Sírio-Libanês anunciou que a mesma seria submetida aos primeiros exames para a testificação de morte cerebral no dia seguinte.[12] Após esses exames, o hospital divulgou nota confirmando a morte de Marisa, constatada às 18h57 de 3 de fevereiro de 2017.[4][13] Sua família autorizou a doação de seus órgãos e a Secretaria Estadual de Saúde confirmou que seriam doados rins, fígado e as córneas.[14][15]
A morte de Marisa Letícia repercutiu no meio político.[16][17][18] O ex-presidente Lula recebeu visitas de políticos aliados e oposicionistas, a exemplo do presidente Michel Temer, dos ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso, José Sarney e Dilma Rousseff, e de políticos de vários partidos políticos.[19][20][21]Dilma afirmou que Marisa foi uma "mulher de fibra, batalhadora que conquistou espaço e teve importante papel político. Marisa foi o esteio de sua família, a base para que Lula pudesse se dedicar de corpo e alma à luta pela construção de um outro Brasil".[22]
O velório ocorreu em 4 de fevereiro na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo.[23][24] O corpo chegou às 9h da manhã e o velório foi fechado para a família até às 10h, quando foi aberto para o público até cerca de 15h30.[25] Amigos, parentes, correligionários e uma multidão de 20 mil pessoas pessoas, segundo o sindicato, prestaram homenagens a Marisa Letícia.[26][27] O culto ecumênico foi marcado pelo tom político. Em discurso emocionado, Lula disse "Marisa morreu triste porque a canalhice, a leviandade e a maldade que fizeram com ela... Quero provar que os facínoras que levantaram leviandades contra ela tenham um dia a humildade de pedir desculpas".[27][28][29] O corpo foi cremado no cemitério Jardim da Colina após o velório.[30]
Homenagens |
O Conselho Latino-americano de Ciências Sociais homenageou Marisa com um programa de bolsas para mulheres que lutam pela liberdade e pela democracia.[31]
Em 29 de dezembro de 2017, o prefeito em exercício de São Paulo, sancionou o projeto de lei que dá o nome da ex-primeira dama Maria Letícia a um viaduto no extremo sul da capital paulista que se inicia na Estrada do M’Boi Mirim e termina na confluência da avenida Luiz Gushiken com a rua Adilson Brito[32].
Honrarias |
Grã-Cruz da Ordem da Liberdade (República Portuguesa, julho de 2003)[33]
Grã-Cruz da Ordem de Isabel a Católica (Reino da Espanha, julho de 2003)[34]
Grã-Cruz da Ordem Real Norueguesa do Mérito (Reino da Noruega, outubro de 2003)[35]
Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo (República Portuguesa, março de 2008).[33]
Ver também |
- Lista de primeiras-damas do Brasil
Referências
↑ «Cidadania de mulher de Lula vira polêmica na Itália». Folha de S.Paulo. 30 de novembro de 2005. Consultado em 18 de dezembro de 2018
↑ «G1 > Política - NOTÍCIAS - Marisa Letícia visita cidade italiana onde nasceu seu bisavô». g1.globo.com. Consultado em 28 de fevereiro de 2017
↑ Paraná, Denise. Lula, o filho do Brasil. São Paulo, Fundação Perseu Abramo, 3ª. ed., 2008, p. 332
↑ ab «Ex-primeira-dama Marisa Letícia Lula da Silva morre aos 66 anos em SP». UOL. 3 de fevereiro de 2017. Consultado em 3 de fevereiro de 2017
↑ Marisa chegou a liderar passeata das mulheres, diz em trecho da notícia de sua morte
↑ Leandro Prazeres (20 de setembro de 2016). «Moro aceita denúncia e Lula vira réu em ação da Lava Jato». UOL Notícias. Consultado em 10 de fevereiro de 2017
↑ «Em despacho, Moro lembra que Lula tem outras investigações e lamenta envolvimento de Marisa». UOL Notícias. 20 de setembro de 2016. Consultado em 10 de fevereiro de 2017
↑ Mateus Coutinho; Fausto Macedo (3 de fevereiro de 2017). «Advogados de Lula lembram que morte de Marisa extingue duas ações da Lava Jato contra ela». O Estado de S.Paulo. Consultado em 10 de fevereiro de 2017
↑ Julia Affonso, Ricardo Brandt e Mateus Coutinho (3 de março de 2017). «Juiz da Lava Jato declara extinta punibilidade de Marisa Letícia». Estadão. Consultado em 3 de março de 2017
↑ Cristiane Agostine (24 de janeiro de 2017). «Quadro clínico de Marisa Letícia é estável, diz médico da família». Valor Econômico. Consultado em 2 de fevereiro de 2017
↑ Bruna Souza Cruz; Paula Bianchi (2 de fevereiro de 2017). «Marisa Letícia tem morte cerebral, e família autoriza doação de órgãos». UOL Notícias. Consultado em 2 de fevereiro de 2017
↑ «Dona Marisa passa por primeiro exame para atestar morte cerebral, diz hospital». G1. 3 de fevereiro de 2017. Consultado em 3 de fevereiro de 2017. Cópia arquivada em 3 de fevereiro de 2017
↑ «Dona Marisa, ex-primeira dama, morre em SP». G1. 3 de fevereiro de 2017. Consultado em 3 de fevereiro de 2017. Cópia arquivada em 3 de fevereiro de 2017
↑ «Dona Marisa fica sem fluxo cerebral, e família autoriza doar órgãos». G1. 2 de fevereiro de 2017. Consultado em 2 de fevereiro de 2017
↑ Roberto Oliveira (3 de fevereiro de 2017). «Ex-primeira-dama Marisa Letícia Lula da Silva morre aos 66 anos em SP». UOL Notícias. Consultado em 4 de fevereiro de 2017
↑ «Políticos lamentam morte da ex-primeira-dama Marisa Letícia». G1. 3 de fevereiro de 2017. Consultado em 4 de fevereiro de 2017
↑ Aiuri Rebello (4 de fevereiro de 2017). «Amigos e militantes lembram histórias de Marisa: 'Ela vai fazer muita falta'». UOL Notícias. Consultado em 4 de fevereiro de 2017
↑ «Autoridades manifestam pesar por morte de ex-primeira-dama Marisa Letícia». Jornal do Brasil. Consultado em 2 de fevereiro de 2017
↑ «Após piora de Marisa, FHC visita Lula em hospital em SP». Consultado em 2 de Fevereiro de 2017
↑ Bruno Bocchini (2 de fevereiro de 2017). «Michel Temer visita Lula em hospital onde Marisa Letícia está internada». Agência Brasil. Consultado em 3 de fevereiro de 2017
↑ Tahiane Stochero; Fernanda Cesaroni (3 de fevereiro de 2017). «Dilma visita Lula em hospital em que Dona Marisa está internada em SP». G1. Consultado em 3 de fevereiro de 2017
↑ «Dilma lamenta morte de Marisa Letícia: "mulher de fibra"». Terra. 2 de fevereiro de 2017. Consultado em 2 de fevereiro de 2017
↑ Janaina Garcia; Mirthyani Bezerra (4 de fevereiro de 2017). «Corpo de Marisa Letícia é velado em São Bernardo do Campo». UOL Notícias. Consultado em 4 de fevereiro de 2017
↑ Fernanda Cesaroni (4 de fevereiro de 2017). «Corpo de Dona Marisa Letícia é velado no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC». G1. Consultado em 4 de fevereiro de 2017
↑ Janaina Garcia; Mirthyani Bezerra (4 de fevereiro de 2017). «Velório de Marisa Letícia termina com discurso de Lula e crítica a Temer». UOL Notícias. Consultado em 4 de fevereiro de 2017
↑ Janaina Garcia (4 de fevereiro de 2017). «Lula recebe condolências pela morte de Marisa Letícia». UOL Notícias. Consultado em 4 de fevereiro de 2017
↑ ab Janaina Garcia (4 de fevereiro de 2017). «"Marisa morreu triste", diz Lula em velório da ex-primeira-dama». UOL Notícias. Consultado em 4 de fevereiro de 2017
↑ Pedro Venceslau; José Roberto Gomes (4 de fevereiro de 2017). «'Marisa morreu triste', afirma Lula no velório da mulher». O Estado de S.Paulo. Consultado em 4 de fevereiro de 2017
↑ Fernanda Cesaroni (4 de fevereiro de 2017). «Corpo de Dona Marisa Letícia é velado e cremado em São Bernardo do Campo». G1. Consultado em 4 de fevereiro de 2017
↑ Bruna Souza Cruz (4 de fevereiro de 2017). «Corpo de Marisa Letícia é cremado em São Bernardo do Campo (SP)». UOL Notícias. Consultado em 4 de fevereiro de 2017
↑ «Bolsas Marisa Letícia Lula da Silva de apoio à formação acadêmica de mulheres latino-americanas». www.clacso.org.ar. Consultado em 28 de fevereiro de 2017.Como primeira-dama, recusou homenagens e honrarias do cargo, apesar de nunca ter deixado de ter uma ativa e discreta presença no grande processo de transformação democrática que o país experimentou durante as duas últimas décadas. Ela faleceu aos 66 anos.
Com estas bolsas, CLACSO homenageia a muitas mulheres latino-americanas que, como Marisa Letícia, lutam diariamente, de forma silenciosa e quase sempre anônima, em defesa da democracia, da justiça social e da igualdade.
↑ «Prefeito em exercício de SP sanciona nome de Marisa Letícia para viaduto no extremo da Zona Sul». G1
↑ ab «Ordens». Presidência da República Portuguesa. Consultado em 3 de março de 2017 .
↑ «III. Otras disposiciones» (PDF) (em espanhol). Boletín Oficial del Estado — Gobierno de España. Consultado em 3 de março de 2017 .
↑ «Linde Fröhlich» (em norueguês). Det Norske Kongehus. Consultado em 3 de março de 2017 .
Ligações externas |
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