Antiga Basílica de São Pedro
Nota: Para a moderna basílica, veja Basílica de São Pedro.
Antiga Basílica de São Pedro (destruída) Basilica Sancti Petri | |
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Gravura da Basílica por volta de 1450 | |
Estilo dominante | Romano |
Início da construção | 326-333 |
Fim da construção | 360 |
Religião | Igreja Católica |
Diocese | Diocese de Roma |
Ano de consagração | c. 360 |
Geografia | |
País | Itália |
Região | Roma |
Local | Vaticano |
Coordenadas |
A Antiga Basílica de São Pedro (em latim: Basilica Sancti Petri) foi o edifício que permaneceu, entre os séculos IV e XVI, no local onde está hoje a Basílica de São Pedro, no Vaticano. A construção da basílica começou durante o reinado do imperador romano Constantino I e o local escolhido foi o Circo de Nero. O nome "Antiga Basílica de São Pedro" tem sido utilizado desde o início da construção da nova basílica para distinguir os dois edifícios.[1]
Índice
1 História
2 Projeto
2.1 Mosaicos
3 Túmulos
4 Galeria
5 Referências
6 Bibliografia
7 Ligações externas
História |
A construção foi ordenada pelo próprio Constantino entre 318 e 322[2] e levou por volta de trinta anos para acabar. Nos doze séculos seguintes, a igreja foi gradualmente ganhando importância até finalmente tornar-se o maior destino de peregrinação em toda Roma.
As coroações papais eram realizadas na basílica e, em 800, Carlos Magno foi coroado imperador do Sacro Império Romano-Germânico ali. Num raide sarraceno em 846, foi saqueada e danificada.[3] Os atacantes provavelmente sabiam dos extraordinários tesouros preservados ali e, como a basílica ficava fora da Muralha Aureliana, sabiam que era um alvo fácil. Eles saíram "transbordando com ricos vasos litúrgicos e com ricos relicários que guardavam todas as relíquias recentemente colecionadas".[4] Por causa do trauma provocado, o papa Leão IV construiu a Muralha Leonina e reconstruiu as porções da basílica que foram danificadas.[5]
No século XV, a igreja estava praticamente arruinada, cheia de rachaduras e teias de aranhas. Discussões sobre uma possível reforma da estrutura começaram quando os papas retornaram de Avinhão. Duas pessoas envolvidas no debate eram Leon Battista Alberti e Bernardo Rossellino, que fizeram algumas melhorias na abside e acrescentou parcialmente uma sacada para bençãos de múltiplos andares à fachada do átrio, um espaço que permaneceu em obras intermitentes até o início da construção da nova basílica. Nesta época, Alberti afirmou que a basílica era uma "abominação estrutural":
“ | Percebi que a Basílica de São Pedro em Roma tem um erro crasso: uma longa e alta parede foi construída sobre uma série contínua de aberturas, sem curvas de reforço e sem contrafortes para dar-lhe suporte... A parede toda foi perfurada por aberturas demais e construída alta demais... Como resultado, a força incessante do vento já deslocou a parede mais de 1,8 metros da vertical; não tenho dúvidas de que, em algum momento, algum... movimento menor a fará ruir... | ” |
| — Leon Battista Alberti[6]. |
A princípio, o papa Júlio II tinha toda intenção de preservar o histórico edifício, mas logo se convenceu pelo projeto de demoli-lo e construir uma nova igreja. Muitas pessoas na época ficaram chocadas pela proposta, pois o edifício representava a continuidade papal desde São Pedro. O altar original seria preservado na nova estrutura.
Projeto |
O design era de uma típica basílica,[7] com a planta similar à das basílicas e salões de audiências romanos, como a Basílica Úlpia, no Fórum de Trajano, e a Aula Palatina, de Constantino, em Tréveris, completamente diferente de qualquer outro templo greco-romano.[8]
Constantino fez o que pôde para que a basílica fosse construída sobre o local do túmulo de São Pedro, o que influenciou o layout do edifício. O Monte Vaticano, na margem oeste do rio Tibre, foi terraplanado e, notavelmente, como o local ficava fora dos limites da cidade antiga, a abside com o altar-mor ficava no extremo oeste para que a fachada pudesse ficar de frente para Roma, no extremo leste (o inverso do costumeiro). O exterior, ao contrário dos templos pagãos, não era muito decorada.[1]
A igreja comportava entre 3 000 e 4 000 de fieis por vez. Ela tinha uma ampla nave central ladeada por dois corredores de cada lado, separados por 21 colunas de mármore, todas oriundas de antigos edifícios romanos.[9] Tinha mais de 110 metros de comprimento, no formato de uma cruz latina, e um teto com cumeeiras suportado por vigas de madeira no interior e com mais de 30 metros centro. No átrio, conhecido como "Jardim do Paraíso", ficava à frente da entrada e tinha cinco portas para a igrejas, uma adição do século VI.
O altar da Antiga Basílica de São Pedro continha diversas colunas salomônicas. De acordo com a tradição, Constantino teria retirado-as do Templo de Salomão para utilizá-las na igrejas, mas é mais provável que elas tenham sido retiradas de alguma igreja oriental. Quando Bernini construiu o baldaquino de São Pedro para cobrir o novo altar da basílica moderna, inspirou-se no formato torcido das antigas colunas. Oito das colunas originais estão preservadas como pilares da nova basílica.
Mosaicos |
O mosaico "Navicella" (1305–1313) do átrio é atribuído a Giotto. O gigantesco mosaico, encomendado pelo cardeal Jacopo Stefaneschi, ocupava toda a parede sobre a arcada da entrada, de frente para o átrio, e representava São Pedro andando sobre a água. Esta obra extraordinária foi quase toda destruída durante a construção da nova basílica no século XVI, mas alguns fragmentos foram preservados. "Navicella" significa "navio pequeno", uma referência ao barco que domina a cena e cuja vela, cheia com os ventos da tempestade, pairava no horizonte. Este tipo de representação de uma cena marítima só se conhecia em antigas obras de arte.
A nave terminava com um arco triunfal decorado com um mosaico de Constantino e São Pedro apresentando um modelo da igreja a Cristo. Nas paredes, cada uma com onze janelas, estavam afrescos de várias pessoas e cenas do Antigo e do Novo Testamento.[10]
O fragmento de um mosaico do século VIII, "Epifania", é um dos raríssimos restos da decoração medieval da Antiga Basílica de São Pedro a sobreviverem. Ele está hoje na sacristia de Santa Maria in Cosmedin e é prova da altíssima qualidade dos mosaicos destruídos. Outro exemplo, uma Madona em pé, está num altar lateral da Basílica de São Marcos, em Florença.
Túmulos |
Desde a época da crucificação e sepultamento de São Pedro, em 64 d.C., acredita-se que no local esteja o túmulo de São Pedro, sobre o qual já havia um pequeno santuário. Com prestígio cada vez maior, a igreja foi sendo ricamente decorada com estátuas, móveis e candelabros elaborados e com cada vez mais túmulos e altares laterais.[1] Na época da destruição, a estrutura estava completamente preenchida por túmulos e corpos de papas e santos e ossos continuaram a ser encontrados durante a construção até pelo menos 1544.
A maioria dos túmulos foi destruída durante a demolição e os que restaram foram levados para a nova basílica e para algumas outras igrejas de Roma.
Juntamente com as repetidas translações das antigas catacumbas de Roma e com os dois grandes incêndios na Basílica de São João de Latrão, no século XVI, a reconstrução da basílica foi responsável pela destruição de aproximadamente metade de todos os túmulos papais conhecidos. Por isto, Donato Bramante, o arquiteto-chefe da nova basílica, é lembrado como "il Ruinate" ("o arruinador").
Galeria |
Plano esquemático moderno do local com o Circo de Nero em verde.
Esquema do interior (1693).
Cópia em óleo do mosaico "Navicella", atribuído a Giotto.
Mosaico original na Basílica de São Marcos (Florença).
Aquarela de Giacomo Grimaldi (séc. XVI) com o mosaico da abside.
Referências
↑ abc Boorsch, Suzanne (inverno de 1982–1983). «The Building of the Vatican: The Papacy and Architecture». The Metropolitan Museum of Art Bulletin. 40 (3): 4–8
↑ Marian Moffett, Michael Fazio, Lawrence Wodehouse, A World History of Architecture, 2nd edition 2008, pp. 135
↑ Davis, Raymond, The Lives of the Ninth-Century Popes (Liber pontificalis), (Liverpool University Press, 1995), 96.
↑ Barbara Kreutz (1996). Before the Normans: Southern Italy in the Ninth and Tenth Centuries. University of Pennsylvania Press pp. 25–28.
↑ Rosemary Guiley, The Encyclopedia of Saints, (InfoBase Publishing, 2001), 208.
↑ William Tronzo (2005). St. Peter's in the Vatican. [S.l.]: Cambridge University Press. p. 16. ISBN 0-521-64096-2
↑ Sobocinski, Melanie Grunow (2005). Detroit and Rome. [S.l.]: The Regents of the Univ of Michigan. p. 77. ISBN 0-933691-09-2
↑ Garder, Helen; et al. (17 de março de 2004). Gardner's Art Through the Ages With Infotrac. [S.l.]: Thomas Wadsworth. p. 219. ISBN 0-15-505090-7 !CS1 manut: Uso explícito de et al. (link)
↑ Garder, Helen; et al. (17 de março de 2004). Gardner's Art Through the Ages With Infotrac. [S.l.]: Thomas Wadsworth. p. 619. ISBN 0-15-505090-7 !CS1 manut: Uso explícito de et al. (link)
↑ "Old Saint Peter's Basilica." Encyclopædia Britannica. 2006.
Bibliografia |
The Vatican: spirit and art of Christian Rome. New York: The Metropolitan Museum of Art. 1982. ISBN 0870993488 (pp. 51–61)| language = inglês}}
Weitzmann, Kurt, ed. (1979). Age of spirituality: late antique and early Christian art, third to seventh century, (581) (em inglês). Nova Iorque: Metropolitan Museum of Art. ISBN 9780870991790
Ligações externas |
Jose Ruysschaert. «The Constantinian Basilica» (em inglês). Site oficial da Basílica de São Pedro
Margherita Guarducci. «The Tomb of St Peter» (em inglês). Site oficial da Basílica de São Pedro