Música medieval
Música medieval é o termo dado à música típica do período da Idade Média, na história da música ocidental europeia. Geralmente considera-se que esse período tem início com a queda do Império Romano, terminando aproximadamente em meados do século XV.
Índice
1 Canto gregoriano
2 Cantochão
3 Trovadorismo
4 Música polifônica
5 Principais compositores medievais
6 Ver também
7 Referências
8 Ligações externas
Canto gregoriano |
Ver artigo principal: Canto gregoriano
A rápida expansão do Cristianismo exige um maior rigor do Vaticano, que unifica a prática litúrgica romana no Século VI. O Papa Gregório I (São Gregório, o Magno) institucionalizou o canto gregoriano, através de uma reforma litúrgica, que se tornou modelo para a Europa católica.
A notação musical sofre transformações, e os Neumas são substituídos pelo sistema de notação com linhas a partir do trabalho de vários sacerdotes cristãos, sobretudo, Guido D'Arezzo (992-1050); que foi o responsável pelo estabelecimento desse sistema de notação musical de onde se originou a atual pauta musical. Foi ele, que no século XI designou as notas musicais como são conhecidas atualmente, usando o texto de um hino a São João Batista (originalmente em latim), onde cada estrofe inicia com uma nota musical: anteriormente, as notas eram designadas pelas sete primeiras letras do alfabeto latino. Desse modo, as notas musicais passaram a ser chamadas UT, RE, MI, FA, SOL, LA e SI. Posteriormente, a sílaba UT foi substituída pela sílaba DO, por razões de pronúncia.
O desenvolvimento das atuais notas musicais por Guido, não tinha por objetivo padronizar a música ou o canto, mas tão somente desenvolver um exercício prático de entoação para melhorar e proteger (contra a rouquidão) as vozes dos cantores do coro. Tal exercício é conhecido como a Mão de Guido.[1]
Cantochão |
Ver artigo principal: Cantochão
Inicialmente o canto a cappella, utilizado na liturgia da Igreja Católica, é estruturado com melodia única, geralmente cantada por vozes masculinas (dos sacerdotes cristãos), com ritmo livre que seguia o ritmo prosódico das palavras latinas dos salmos e orações. Mais à frente passou a ser usado como tema básico nas composições polifônicas como os órganons, sendo chamado de cantus firmus.
Trovadorismo |
Ver artigo principal: Trovadorismo
Conhecido por muitos como o Canto do Cavaleiro, pode-se dizer que o trovadorismo foi a música popular da Idade Média. Enquanto nas Igrejas e Castelos ocorriam o Canto Gregoriano e as composições polifônicas, nas ruas e nos casebres de camponeses, o que se ouve são cantigas trazendo em suas melodias elementos culturais dos países pelos quais o trovador passou, sempre acompanhado de um instrumento como o alaúde ou a viela. Acredita-se que os trovadores primígenos sejam os bardos que viajavam pela Europa e transformavam em música tudo o que testemunhavam.
No século XI, o centro dos trovadores se localiza em Provença, França, onde a arte ganha cada vez mais espaço. Os cultos à Maria se transformam em canções de amor mundano, as descrições angelicais em narrativas de lutas e o latim dos cantos é substituído pelo idioma local (inicialmente o Langue d'Oc, que fica em um "meio do caminho" entre o português e o francês[2]). O movimento se propaga para a Espanha, Portugal, Flandres, Inglaterra e continua a se propagar por toda a Europa.
Entre as narrativas realizadas pelos trovadores que chegam até os dias de hoje estão: a canção do Nibelungen, El Cid, a lenda de Tristão e Isolda, de Parsifal e do Santo Graal.[1]
Música polifônica |
Ver artigo principal: Polifonia, Ars antiqua, Ars nova, Ars subtilior, Escola da Borgonha, Escola franco-flamenga
Os sistemas de notação impulsionam a música polifônica, já em prática na época. Musica enchiriadis, tratado musical do século IX, introduz o canto paralelo em quintas (dó-sol), quartas (dó-fá) e oitavas (dó-dó), designado como órganon paralelo e que, no século XII, cederá espaço ao órganon polifônico, no qual as vozes não são mais paralelas, mas sim independentes umas das outras. O órganon é a evolução do cantochão. Surge quando os compositores passam a ornamentar mais as suas músicas usando mais de uma linha melódica.
Órganon paralelo: consiste no acréscimo de uma linha melódica, a vox organalis (voz organal), que duplicava a vox principalis (voz principal, que conservava o cantochão) em intervalos de quarta ou quinta.
Órganon livre: a vox organalis começa a se libertar da vox principalis, deixa de copiá-la (diferenciando-se apenas pelas quintas ou quartas) e passa a abaixar, enquanto a voz principal se elevava (em movimento contrário); conserva-se fixa, enquanto a voz principal se move (em movimento oblíquo); segue a mesma direção da voz principal mas não exatamente no mesmo intervalo (em movimento direto). Mas o estilo de nota contra nota (uma voz canta em semínima a outra também, em semínima…) continuava.
Órganon melismático: o estilo nota contra nota é abandonado. Um melisma ocorre quando uma sílaba é cantada por um grupo de notas. Bons exemplos de melisma se encontram no período barroco, especialmente na obra de Bach.[3]
Principais compositores medievais |
- Hildegarda de Bingen
- Léonin
- Pérotin
- Adam de la Halle
- Philippe de Vitry
- Guillaume de Machaut
- John Dunstable
- Guillaume Dufay
- Johannes Ockeghem
- Guido de Arezzo
Ver também |
- Idade Média
- Trovadorismo
- Lista de compositores da Idade Média
Referências
↑ ab Pahlen, Kurt. História Universal da Música. São Paulo: Edições Melhoramentos
↑ Campos, Augusto de. Música de Invenção. São Paulo: Perspectiva, 2007
↑ Veja, por exemplo, a Cantata nº4 Christ lag in Todesbanden no Versus 3, nos compassos 34 em diante .