Candomblé












Candomblé
Casa branca engenho velho.jpg
Terreiro da Casa Branca (Ilê Axé Iyá Nassô Oká), em Salvador (BA)

Religiões afro-brasileiras




Princípios básicos

Deus
Ketu | Olorum | Orixás
Jeje | Mawu | Vodun
Bantu | Nzambi | Nkisi




Religiões
Babaçuê | Batuque | Cabula
Candomblé | Culto de Ifá
Culto aos Egungun | Quimbanda
Macumba | Omoloko
Tambor-de-Mina | Terecô
Xambá | Xangô de Pernambuco




Temáticas
Confraria | Hierarquia
Sacerdotes | Sincretismo
Templos afro-brasileiros




Religiões semelhantes
Religiões Africanas | Abakuá
Arará | Lukumí | Obeah
Palo | Regla de Ocha | Santeria







Candomblé é uma religião derivada do animismo africano[1] onde se cultuam os orixás, voduns ou nkisis, dependendo da nação. Sendo de origem totêmica e familiar, é uma das religiões de matriz africana mais praticadas, tendo mais de três milhões de seguidores em todo o mundo, principalmente no Brasil. Também é possível encontrar o chamado povo do santo em outros países como Uruguai, Argentina[2], Venezuela, Colômbia, Panamá, México, Alemanha[3], Itália, França, Portugal e Espanha[4][5].


Dentre as nações africanas praticantes do animismo, cada uma tinha, como base, o culto a um único orixá. A junção dos cultos é um fenômeno brasileiro em decorrência da importação de escravos onde, agrupados nas senzalas, nomeavam um zelador de santo, também conhecido como babalorixá no caso dos homens e iyalorixá no caso das mulheres.


A religião tem, por base, a anima (alma) da Natureza, sendo, portanto, chamada de anímica. Os sacerdotes africanos que vieram para o Brasil como escravos, juntamente com seus orixás/nkisis/voduns, sua cultura, e seus idiomas, entre 1549 e 1888, é que tentaram de uma forma ou de outra continuar praticando suas religiões em terras brasileiras. Foram os africanos que implantaram suas religiões no Brasil, juntando várias em uma casa só para a sobrevivência das mesmas. Portanto, não é invenção de brasileiros.[6]


Diz Clarival do Prado Valladares em seu artigo "A Iconologia Africana no Brasil", na Revista Brasileira de Cultura (MEC e Conselho Federal de Cultura), ano I, Julho-Setembro 1999, p. 37, que o "surgimento dos candomblés com posse de terra na periferia das cidades e com agremiação de crentes e prática de calendário verifica-se incidentalmente em documentos e crônicas a partir do século XVIII". O autor considera difícil para "qualquer historiador descobrir documentos do período anterior diretamente relacionados à prática permitida, ou sub-reptícia, de rituais africanos". O documento mais remoto, segundo ele, seria de autoria de dom Frei Antônio de Guadalupe, bispo visitador de Minas Gerais em 1726, divulgado nos "Mandamentos ou Capítulos da visita".


Embora confinado originalmente à população de negros escravizados, inicialmente nas senzalas, quilombos e terreiros, proibido pela igreja católica, e criminalizado mesmo por alguns governos, o candomblé prosperou nos quatro séculos, e expandiu consideravelmente desde o fim da escravatura em 1888. Estabeleceu-se com seguidores de várias classes sociais e dezenas de milhares de templos. Em levantamentos recentes, aproximadamente 3 milhões de brasileiros (1,5% da população total) declararam o candomblé como sua religião.[7]
Na cidade de Salvador existem 2.230 terreiros registrados na Federação Baiana de Cultos Afro-brasileiros e catalogados pelo Centro de Estudos Afro-Orientais da UFBA, (Universidade Federal da Bahia) Mapeamento dos Terreiros de Candomblé de Salvador.


Entretanto, na cultura brasileira as religiões não são vistas como mutuamente exclusivas, e muitas pessoas de outras crenças religiosas — até 70 milhões, de acordo com algumas organizações culturais Afro-Brasileiras — participam em rituais do candomblé, regularmente ou ocasionalmente.[8] Orixás do candomblé, os rituais, e as festas são agora uma parte integrante da cultura e uma parte do folclore brasileiro.


O candomblé não deve ser confundido com umbanda, e/ou omoloko, e outras religiões afro-brasileiras com similar origem; e com religiões afro-americanas similares em outros países do Novo Mundo, como o vodou haitiano, a santería cubana, e o obeah, em Trinidade e Tobago, os shangos (similar ao tchamba[9][10] africano, xambá e ao xangô de Pernambuco do Brasil) o ourisha, de origem iorubá, os quais foram desenvolvidas independentemente do candomblé e são virtualmente desconhecidos no Brasil.




Índice






  • 1 História


  • 2 Etimologia


  • 3 Nações


  • 4 Crenças


  • 5 Sincretismo


  • 6 Templos


  • 7 Hierarquia


  • 8 Sacerdócio


  • 9 Temas polêmicos


    • 9.1 Preconceito


    • 9.2 Homossexualidade


    • 9.3 Aborto


    • 9.4 Sacrifício


    • 9.5 Mudança de hábitos e costumes




  • 10 Ver também


  • 11 Referências


  • 12 Bibliografia


  • 13 Ligações externas





História |


Surgido na Bahia em meados do século XIX, é religião de matriz africana das mais difundidas no Brasil. O termo é uma junção do termo quimbundo candombe (dança com atabaques) com o termo iorubá ilê (casa): "casa da dança com atabaques". A religião tem por base o culto às forças da natureza, sendo chamada de animista.


Como os africanos escravizados eram provenientes de diversas povos e regiões, suas as religiosidades evoluíram na forma de diversas tradições: são as chamadas de "nações do candomblé", que se distinguem entre si principalmente pelas divindades veneradas, os atabaques, os cânticos e a língua litúrgica usada nos rituais. Existem cinco nações do candomblé mais conhecidas:




  • Candomblé ketu, de tradição iorubá (nagô);


  • Candomblé jeje, de tradição fon (jeje);


  • Candomblé bantu (angola), de tradição bacongo/bundo;


  • Candomblé de caboclo, que cultua tanto entidades africanas quanto espíritos indígenas (caboclos);


  • Efan, de tradição iorubá (nagô).


No candomblé, como nas religiões tradicionais africanas, acredita-se em um Deus Supremo que criou o mundo, chamado Olorum (tradição nagô), Mawu (tradição jeje) ou Nzambi (tradição angola). Em seguida, essa divindade suprema se afastou, deixando sua criação funcionando por meio das forças da natureza por Ele criadas, as quais são chamadas orixás na tradição nagô, voduns na tradição jeje e minkisi na tradição angola. O que se busca é a interferência concreta de Deus "neste mundo" mediante a invocação das forças sagradas da natureza.


A cada orixá, vodun ou nkisi cabe reger e controlar as forças da natureza assim como certos aspectos da vida humana e social. Cada um, além de ter funções distintas e poderes específicos condizentes com seus traços de personalidade, conta também com símbolos particulares, como as roupas, as cores das roupas e das contas, determinados objetos, adereços, batidas de atabaque e canções características, bebidas e alimentos, sem falar dos animais sacrificiais próprios de cada divindade. E cada orixá, vodun ou nkisi tem ainda uma saudação dirigido somente a ele.


A relação entre cada indivíduo e seu "santo" particular que se estabelece o que é certo ou errado. Para um adepto do candomblé, a definição do que é bom e do que é mau nunca é abstrata, mas sempre relativa a uma pessoa concreta com seu orixá (igualmente voduns e minkisi), pois cada cada está relacionado a uma série de tabus específicos, os chamados ewó ou quizila. O que o devoto não pode fazer é quebrar os tabus de seu orixá, mas aquilo que é proibido para um orixá não é necessariamente proibido para outro.[11]



Etimologia |


O termo "candomblé" é uma junção do termo quimbundo “candombe” (dança com atabaques) com o termo iorubá “ilé” ou “ilê” (casa): significa, portanto, "casa da dança com atabaques".[12]



Nações |




Barracão de candomblé em Pernambuco


Os negros escravizados no Brasil pertenciam a diversos grupos étnicos, incluindo os yorubás, os ewe, os fon e os bantus. Como a religião se tornou semi-independente em regiões diferentes do país, entre grupos étnicos diferentes evoluíram diversas "divisões" ou "nações", que se distinguem entre si principalmente pelo conjunto de divindades veneradas, o atabaque (música) e a língua sagrada usada nos rituais.[13]


A lista seguinte é uma classificação pouco rigorosa das principais nações e sub-nações, de suas regiões de origem, e de suas línguas sagradas:




  • Nagô ou yorubá


    • Ketu ou Queto (Bahia) e quase todos os estados - Língua yorubá (Iorubá ou Nagô em português)


    • Efon na Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo


    • Ijexá principalmente na Bahia, mas cultuado também em outros estados como Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul


    • Xangô de Pernambuco ou Nagô Egbá em Pernambuco, Paraíba, Alagoas, Rio de Janeiro e São Paulo


    • Mina-nagô ou tambor de mina no Maranhão


    • Xambá em Alagoas e Pernambuco (quase extinto).




  • Banta, Angola e Congo (Bahia, Pernambuco, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, São Paulo, Goiás, Rio Grande do Sul), mistura de línguas bantas, quicongo e quimbundo.

    • candomblé de caboclo (entidades nativas indígenas)



  • Jeje: a palavra "jeje" vem do ioruba adjeje, que significa "estrangeiro, forasteiro". Nunca existiu nenhuma nação Jeje na África. O que é chamado de nação jeje é o candomblé formado pelos povos fons vindo da região de Daomé e pelos povos mahis ou mahins. "Jeje" era o nome dado de forma pejorativa pelos iorubas para as pessoas que habitavam o leste, porque os mahis eram uma tribo do lado leste e Saluvá ou povos Savalu do lado sul. O termo Saluvá ou Savalu, na verdade, vem de "Savé", que era o lugar onde se cultuava Nanã. Nanã, uma das origens das quais seria Bariba, uma antiga dinastia originária de um filho de Oduduá, que é o fundador de Savé (tendo neste caso a ver com os povos fons). O Abomey ficava no oeste, enquanto os axântis eram a tribo do norte. Todas essas tribos eram de povos jejes,[14](Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo) - língua ewe e língua fon (jeje)


    • Jeje Mina: de língua mina, de São Luís (Maranhão)


    • Babaçuê:[15]Belém (Pará)





Crenças |


O candomblé é uma religião monoteísta,[16][17] embora alguns defendam a ideia que são cultuados vários deuses, o deus único para a Nação Ketu[18] é Olorum, para a Nação Bantu[19] é Nzambi e para a Nação Jeje é Mawu, são nações independentes na prática diária e em virtude do sincretismo existente no Brasil a maioria dos participantes consideram como sendo o mesmo Deus da Igreja Católica.


Os orixás/inquices/voduns recebem homenagens regulares, com oferendas de animais, vegetais e minerais, cânticos, danças e roupas especiais. Mesmo quando há na mitologia referência a uma divindade criadora, essa divindade tem muita importância no dia a dia dos membros do terreiro, mas não são cultuados em templo exclusivo, é louvado em todos os preceitos e muitas vezes é confundido com o Deus cristão.



  • os orixás da mitologia ioruba[20] foram criados por um deus supremo, Olorun (Olorum) dos Yoruba;

  • os Voduns da Mitologia Fon[21] foram criados por Mawu, o deus supremo dos Fon;

  • os Nkisis da mitologia banta,[22] foram criados por Zambi, Zambiapongo, deus supremo e criador.

  • os orixás são: Exú, Ogum, Odé (Oxóssi), Ossain, Oxumaré, Omolu (ou obaluaê), Nanã, Iemanjá, Oxum, Xangô, Oyá (Iansã), Obá , Ewá, Oxalá, Logun'edé e outros.


O candomblé cultua, entre todas as nações, umas cinquenta das centenas deidades ainda cultuadas na África. Mas, na maioria dos terreiros das grandes cidades, são doze as mais cultuadas. O que acontece é que algumas divindades têm "qualidades" que podem ser cultuadas como um diferente orixá/inquice/vodun em um ou outro terreiro. Então, a lista de divindades das diferentes nações é grande, e muitos orixás do queto podem ser "identificados" com os voduns do jeje e inquices dos bantos em suas características, mas na realidade não são os mesmos; seus cultos, rituais e toques são totalmente diferentes.




Adeptos do candomblé


Orixás têm individuais personalidades, habilidades e preferências rituais, e são conectados ao fenômeno natural específico (um conceito não muito diferente do Kami do japonês xintoísmo). Toda pessoa é escolhida no nascimento por um ou vários "patronos" Orixás, que um babalorixá identificará. Alguns Orixás são "incorporados" por pessoas iniciadas durante o ritual do candomblé, outros Orixás não, apenas são cultuados em árvores pela coletividade. Alguns Orixás chamados Funfun (branco), que fizeram parte da criação do mundo, também são incorporados.


Acreditam na vida após a morte, e que os espíritos dos babalorixás falecidos possam materializar-se em roupas específicas, são chamados de babá Egum ou Egungun e são cultuados em roças dirigidas só por homens no Culto aos Egungun, os espíritos das iyalorixás falecidas são cultuados coletivamente Iyami-Ajé nas sociedades secretas Gelede, ambos cultos são feitos em casas independentes das de candomblé que também se cultuam os eguns em casas separadas dos Orixás.


Acreditam que algumas crianças nascem com a predestinação de morrer cedo são os chamados abikus (nascidos para morrer) que podem ser de dois tipos, os que morrem logo ao nascer ou ainda criança e os que morrem antes dos pais em datas comemorativas, como aniversário, casamento, e outras.



Sincretismo |


No tempo das senzalas, os negros, para poderem cultuar seus orixás, nkisis e voduns, usaram, como camuflagem, um altar com imagens de santos católicos e, por baixo, os assentamentos escondidos. Segundo alguns pesquisadores, esse sincretismo já havia começado na África, induzido pelos próprios missionários cristãos para facilitar a conversão.


Depois da libertação dos escravos, começaram a surgir as primeiras casas de candomblé, e é fato que o candomblé de séculos tenha incorporado muitos elementos do cristianismo. Imagens e crucifixos eram exibidos nos templos, orixás eram frequentemente identificados com santos católicos, algumas casas de candomblé também incorporam entidades de caboclos, que eram consideradas pagãs como os orixás.


Mesmo usando imagens e crucifixos, inspiravam perseguições por autoridades e pela Igreja Católica, que viam o candomblé como paganismo e bruxaria.


Nos últimos anos, tem aumentado um movimento em algumas casas de candomblé que rejeitam o sincretismo aos elementos cristãos e procuram recriar um candomblé "mais puro" baseado exclusivamente nos elementos africanos.[23]



Templos |





Ilê Axé Opó Afonjá


Os templos de candomblé são chamados de casas, roças ou terreiros. As casas podem ser de linhagem matriarcal, patriarcal ou mista:
Casas pequenas, que são independentes, possuídas e administradas pelo babalorixá ou iyalorixá dono da casa e pelo Orixá principal respectivamente. Em caso de falecimento do dono, a sucessão na maioria das vezes é feita por parentes consanguíneos, caso não tenha um sucessor interessado em continuar a casa é desativada. Não há nenhuma administração central.


Casas grandes, que são organizadas tem uma hierarquia rígida, não é de propriedade do sacerdote, nem toda casa grande é tradicional, é uma Sociedade civil ou beneficente.


A lei federal 6 292, de 15 de dezembro de 1975, protege os terreiros de candomblé no Brasil contra qualquer tipo de alteração de sua formação material ou imaterial. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e o Instituto Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC) são os responsáveis pelo tombamento das casas.[24]


A progressão na hierarquia é condicionada ao aprendizado e ao desempenho dos rituais longos da iniciação. Em caso de morte de uma ialorixá, a sucessora é escolhida, geralmente entre suas filhas, na maioria das vezes por meio de um jogo divinatório Opele-Ifa ou jogo de búzios. Entretanto, a sucessão pode ser disputada ou pode não encontrar um sucessor, e conduz frequentemente ao rachar ou ao fechamento da casa. Há somente três ou quatro casas no Brasil que viram seu 100° aniversário.



Hierarquia |


Ver também: Hierarquia do candomblé

No Brasil, existe uma divisão nos cultos: Ifá, Egungun, Orixá, Vodun e Nkisi são separados por tipo de iniciação ao sacerdócio.



  • No culto de ifá, participam tanto homens quanto mulheres, sendo um culto patriarcal conduzido pelos babalaôs.

  • No culto aos egunguns, participam tanto homens quanto mulheres, sendo Culto patriarcal que lida diretamente com a ancestralidade, conduzidos pelos Ojé.



  • No candomblé queto, participam tanto homens quanto mulheres, sendo conduzido tanto por homens (babalorixás) quanto por mulheres (ialorixás), entram em transe com orixá.

  • No candomblé jeje, participam tanto homens quanto mulheres, sendo conduzido tanto por homens quanto por mulheres Vodunsis, entram em transe com vodun.

  • No candomblé banto, participam tanto homens quanto mulheres, sendo conduzido tanto por homens quanto por mulheres iniciadas muzenzas: entram em transe com nkisi.



Sacerdócio |


Nas religiões afro-brasileiras, o sacerdócio é dividido em:




  • Babalawo - Sacerdote de Orunmila-Ifa do Culto de Ifá


  • Bokonon - Sacerdote do Vodun Fa


  • Babalorixá ou Iyalorixá - Sacerdotes de Orixás


  • Doté ou Doné - Sacerdotes de Voduns


  • Tateto e Mameto - Sacerdotes de Inkices


  • Ojé - Sacerdote do Culto aos Egungun


  • Babalosaim - Sacerdote de Ossaim

  • Lista de sacerdotes do candomblé



Temas polêmicos |



Preconceito |



Ver artigo principal: Preconceito contra religiões afro-brasileiras

Manuel Raimundo Querino foi um abolicionista ferrenho, lutou contra as perseguições existentes aos praticantes das religiões afro-brasileiras que eram rotuladas de religiões bárbaras e pagãs.


Procópio de Ogum teve o seu reconhecimento por ter participado da legitimação da religião do candomblé, durante a perseguição às religiões afro-brasileiras promovida pelas autoridades do Estado Novo. Nesse período, o Ilê Ogunjá foi invadido pela polícia baiana, sob a supervisão do famoso delegado Pedrito Gordo. Procópio foi preso e espancado. O jornalista Antônio Monteiro foi uma das pessoas que ajudou na libertação de Procópio. Tal acontecimento - caso Pedrito - registrou o nome de Procópio na história popular baiana, chegando mesmo a fazer parte de uma letra de samba-de-roda:














Brasília - Ministra Matilde Ribeiro, da Secretaria Especial para Políticas de Promoção da Igualdade Racial, com a Baiana Mãe de Santo Raida, na Conferência Regional das Américas


Abdias do Nascimento conta, em uma entrevista concedida ao Portal Afro:







[25]



Homossexualidade |


A homossexualidade está presente na maioria das religiões, porém oculta, indiscutivelmente abafada por princípios e muitas vezes negada pelos ex-homossexuais.


No candomblé, a homossexualidade é amplamente aceita e discutida nos dias atuais, mas já teve um período que homens heterossexuais e homossexuais não podiam ser iniciados como rodantes (termo usado para pessoas que entram em transe), não era permitido em festas que um homem dançasse na roda de candomblé mesmo que estivesse em transe.


O mais famoso e revolucionário homossexual do candomblé foi sem dúvida Joãozinho da Goméia, que afrontou as matriarcas e ocupou seu espaço tornando-se conhecido internacionalmente. Tiveram muitos outros, mas nenhum conseguiu suplantá-lo em ousadia e popularidade.



Aborto |


As religiões afro-brasileiras, que, na maioria, são religiões derivadas das religiões tribais africanas, são contra o aborto: o africano vê o filho como a continuação da própria vida, filho é o bem mais precioso que o homem africano possa ter. Em consequência disso, foram trazidos para o Brasil alguns conceitos.



  • No conceito social: amparam e orientam adolescentes e mulheres grávidas.

  • No conceito religioso: Oxum é quem rege o processo de fecundidade, cuida do embrião, evita o aborto espontâneo, não aprova o aborto provocado, mantém a criança viva e sadia na barriga da mãe até o nascimento. Uma mulher quando não consegue engravidar, recorre à Oxum.

  • No conceito jurídico: só aprova a interrupção da gravidez, nos casos previstos em lei.



Sacrifício |


No candomblé, esta parte do ritual denominada de sacrifício não é propriamente secreta; porém não se realiza senão diante de um reduzido número de pessoas, todos fiéis da religião.


Uma pessoa especializada no sacrifício, o Axogun, que tem tal função na hierarquia sacerdotal, é quem o realiza ou, na sua falta o babalorixá. O Axogun não pode deixar o animal sentir dor ou sofrer porque a oferenda não seria aceita pelo Orixá. O objeto do sacrifício, que é sempre um animal, muda conforme o Orixá ao qual é oferecido; trata-se, conforme a terminologia tradicional, ora de um animal de duas patas, ora de um animal de quatro patas, galinha, pombo, bode, carneiro. Na realidade não se trata de um único sacrifício: sempre que se fizer um sacrifício a qualquer Orixá, deve ser antes feito um para Exú, o primeiro a ser servido.


  • Projeto de lei acende debate sobre direito animal


Mudança de hábitos e costumes |


As casas de candomblé são frequentadas e habitadas por um número variável de pessoas, pode variar de 20 a 300 pessoas dependendo do tamanho da casa e da ocasião ou do evento. Fora do período de festas na casa só ficam as pessoas residentes, mas nas obrigações e festas além dos residentes virão os outros filhos de santo da casa, os visitantes e convidados. Quanto maior o número de pessoas, maior será a preocupação com a higiene e alimentação. Os animais são abatidos pelo Axogum e limpos, as comidas são preparadas sempre sob a vigilância encarregada da cozinha e responsável pela qualidade dos alimentos tanto para os orixás como para as pessoas.


A maior preocupação nas casas de candomblé e das outras religiões afro-brasileiras sempre foi com as doenças infecciosas, principalmente a tuberculose e hepatite, por serem transmissíveis através de copos e talheres. Por esse motivo, cada filho da casa deve ter seu prato e caneca identificados, iyawos durante o período de recolhimento não usam talheres, só passam a usá-los depois da caída de quelê. A higiene com pratos, talheres e copos sempre foi constante. Nos tempos modernos, quando já existem os materiais descartáveis, ficou um pouco mais fácil de lidar com o problema.


Com o surgimento de novas doenças como a aids,[26] muitos hábitos e costumes do candomblé tiveram que ser mudados.[27] Na iniciação os Iyawos tinham suas cabeças raspadas e curas feitas por uma única navalha que a Iyalorixá recebia de sua mãe-de-santo quando da posse do cargo, isso passou a ser feito com mais cuidado, adotando-se navalhas individuais ou descartáveis.


Um dos maiores problemas enfrentados nas casas de candomblé tem sido com a dengue, principalmente nas regiões onde os focos do mosquito estão sendo combatidos. Os potes de abô (infusão de folhas sagradas) foram esvaziados para evitar possível proliferação do mosquito, os banhos são preparados com água e folhas frescas e usados imediatamente.


A presença de crianças durante as festas de candomblé tem sido foco de discussões nos terreiros da Bahia, após a proibição feita pela Federação Baiana do Culto Afro-Brasileiro.[28]



Ver também |




  • Conferência Mundial da Tradição dos Orixás e Cultura

  • Conferência de Intelectuais da África e da Diáspora

  • Alaiandê Xirê

  • Candomblé Ketu

  • Candomblé Jeje

  • Candomblé Bantu

  • Críticas ao candomblé

  • Templos afro-brasileiros

  • Religiões afro-brasileiras

  • Lista de federações e associações de umbanda e candomblé




Referências




  1. L'animisme au Bénin


  2. Umbanda e candomblé enfrentam a tradição católica argentina e constroem terreiros na terra do tango


  3. Umbanda e candomblé na Europa


  4. Cadastro de terreiros, ilês, tendas, casas de culto de umbanda, candomblé e outros cultos afros situados em Portugal e na Europa


  5. Europa discute fortalecimento do candomblé


  6. Revista da USP-De africano a afro-brasileiro: etnia, identidade, religião-por Reginaldo Prandi


  7. Identidade também nas religiões


  8. Candomblé e umbanda no mercado religioso Prof.Reginaldo Prandi


  9. Mama Tchamba


  10. http://mamiwata.com/tchamba.html Mami Wata]


  11. Erro de citação: Código <ref> inválido; não foi fornecido texto para as refs de nome :0


  12. CUNHA, A. G. Dicionário etimológico Nova Fronteira da língua portuguesa. 2ª edição. Rio de Janeiro. Nova Fronteira. 1982. p. 146.


  13. Antonio Gomes da Costa Neto, A Linguagem no Candomblé um estudo linguístico sobre as comunidades religiosas afro-brasileiras


  14. A origem da palavra Jeje


  15. As duas africanidades estabelecidas no Pará


  16. Festivais da Mitologia e Religião Yoruba


  17. Religiões africanas são monoteísta


  18. Negritude e Experiência de Deus por Josuel dos Santos Boaventura *Teocomunicação, Porto Alegre, v. 37, n. 156, p. 203-222, jun. 2007


  19. Bantus no Brasil


  20. O Culto de Ifá e UNESCO


  21. Vodoun


  22. Mitologia Bantu


  23. Mãe Stella: "Candomblé não é brincadeira" por Claudio Leal


  24. RELIGIÕES AFRO-BRASILEIRAS LEI 10.639/03


  25. Preconceito ainda marca religiões afro


  26. AIDS: O que é e como evitá-la


  27. Pais-de-santo querem evitar Aids em candomblé da Bahia


  28. Crianças no candomblé



Bibliografia |





  • Dieux D'Afrique, Pierre Fatumbi Verger - Paul Hartmann, Paris (1st edition, 1954; 2nd edition, 1995). 400pp, 160 fotos em preto e branco, ISBN 2-909571-13-0.


  • Notas Sobre o Culto aos Orixás e Voduns. 624pp, fotos em preto e branco de Pierre Verger. Tradução: Carlos Eugênio Marcondes de Moura EDUSP 1999 ISBN 85-314-0475-4


  • Pierre Fatumbi Verger - Do olhar livre ao conhecimento iniciático, Jérôme Souty, Terceiro Nome, São Paulo, 2011 (ed. francesa, Maisonneuve & Larose, Paris, 2007).


  • Nina Rodrigues - Os Africanos no Brasil. Com prefácio de 1933, uma das pesquisas mais antigas no Brasil.


  • O Candomblé na Bahia: rito nagô, Roger Bastide - (Título original: Le candomblé de Bahia: rite nagô). São Paulo; Companhia das Letras, 2001.


  • O que é Candomblé (Coleção Primeiros Passos), autor: João Carmo - Brasiliense, São Paulo


  • Xirê! O modo de crer e de viver do candomblé, Rita Amaral, Pallas, Rio de Janeiro, 2002.

  • Cantar para subir - um estudo antropológico da música ritual no candomblé paulista, Rita Amaral, Vagner Gonçalves da Silva


  • As águas de Oxalá - Àwon omi Òsàlá, José Beniste - Bertrand, 2002 – ISBN 85-286-0965-0


  • Ancestralidade Africana no Brasil, Mestre Didi - SECNEB, Salvador, 1997


  • Le double et la métamorphose', Monique Augras, Méridiens klincksieck, Paris, 1992.

  • CARMO, João Clodomiro do. O que é candomblé. São Paulo: Brasiliense, 1987. (Coleção Primeiros Passos, 200)

  • CHAVES, Marcelo Mendes (2012). Carybé: uma construção da imagética do candomblé baiano. Dissertação (Mestrado em Estética e História da Arte), Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012. link.


  • CLARKE, Peter B. «Candomblé». In: Clarke, Peter B. Encyclopedia of New Religious Movements. Londres: Routlege. pp. 92–95. ISBN 9780415267076. Consultado em 6 de dezembro de 2015 

  • KILEUY, Odé; OXAGUIÃ, Vera de. O candomblé bem explicado: nações bantu, iorubá e fon. Rio de Janeiro: Pallas, 2011. link.


  • PRANDI, Reginaldo (2001). Os Candomblés de São Paulo. São Paulo: HUCITEC. Consultado em 14 de outubro de 2016  ISBN 85-271-0150-0 ISBN 85-314-0034-1

  • SILVA, Vagner Gonçalves da. Candomblé e Umbanda – caminhos da devoção brasileira. São Paulo: Selo Negro Edições, 2005. link. [Cf. p. 98, "Influências e denominações regionais das religiões afro-brasileiras".]


  • SILVA, Vagner Gonçalves, ed. (2007). Intolerância religiosa: impactos do neopentecostalismo no campo religioso afro-brasileiro. São Paulo: EdUSP. ISBN 9788531410222 


  • SILVA, Vagner Gonçalves da (1 de abril de 2007). «Neopentecostalismo e religiões afro-brasileiras: Significados do ataque aos símbolos da herança religiosa africana no Brasil contemporâneo». Mana. 13 (1): 207–236. ISSN 0104-9313. doi:10.1590/S0104-93132007000100008 

  • VATIN, Xavier. Rites et musiques de possession à Bahia. Paris: L'Harmattan, 2005. link.




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