Linguagem regular




Na teoria da ciência da computação e teoria formal de linguagem, uma linguagem regular é uma linguagem formal que pode ser expressa usando expressões regulares, ou seja, uma linguagem produzida utilizando as operações de concatenação, união e fecho de Kleene sobre os elementos de um alfabeto. De acordo com a hierarquia de Chomsky, linguagens regulares são aquelas geradas por gramática regulares.


As linguagens regulares são utilizadas para descrever dispositivos que realizam computações simples, como os autômatos finitos, pois representam a linguagem mais elementar classificada pela hierarquia de Chomsky que não requer memória para ser reconhecida.


No projeto de linguagens de programação, as linguagens regulares são úteis no processo de análise sintática.




Índice






  • 1 Definição formal


    • 1.1 Exemplos




  • 2 Equivalência com outros formalismos


  • 3 Resultados sobre a Complexidade


  • 4 Propriedade do Bombeamento


  • 5 Propriedades de Fechamento


  • 6 Propriedade de Decisão


  • 7 Decidindo se uma linguagem é regular


  • 8 Linguagens Finitas


  • 9 O número de palavras de uma linguagem regular


    • 9.1 Teorema da iteração para linguagens regulares




  • 10 Ver também


  • 11 Referências





Definição formal |


A coleção de linguagens regulares sobre um alfabeto Σ qualquer é definida recursivamente seguindo as regras abaixo:



  • A linguagem vazia (L = Ø) é uma linguagem regular.

  • Se x é um elemento qualquer do alfabeto Σ, a linguagem formado pelo conjunto desse elemento (L = {x}) é uma linguagem regular.

  • Se A e B são linguagens regulares, então as linguagens formadas pela união (L = A B), concatenação (L = AB) e fecho de Kleene (L = A* ou L = B*) desses conjuntos também são linguagens regulares.

  • Nenhuma outra linguagem sobre o alfabeto Σ é regular.


Veja Expressão regular para ver a semântica e a sintaxe dessas operações. Note que os casos acima são consequências das regras da definição das expressões regulares.



Exemplos |


Todas as linguagens finitas são regulares, em particular a linguagem composta unicamente pela cadeia vazia (L = {ε} = Ø*) é regular. Considerando o alfabeto Σ = {a, b}, é possível descrever linguagens regulares como "todas cadeias que contenham um número par de 'a'" ou "todas cadeias formadas por uma quantidade qualquer de 'a' seguido de uma quantidade qualquer de 'b'" e assim por diante.


O que não pode ser considerado uma linguagem regular são as linguagens que requerem a atuação de uma memória para estruturar os elementos de suas cadeias, isto é, quando a frequência de um elemento da cadeia determina a frequência de outro elemento da mesma cadeia. Portanto, linguagens como "todas cadeias de 'a' seguido de 'b', onde o número de 'a' é igual ao de 'b'", não são regulares pois o número de 'a' determina o número de 'b'.


Existem inúmeras técnicas para determinar se uma linguagem é regular ou não, sendo comum a utilização do lema do bombeamento para linguagens regulares.



Equivalência com outros formalismos |


Uma linguagem regular satisfaz as seguintes propriedades que são equivalentes:



  1. ela é a linguagem descrita por uma expressão regular.

  2. ela pode ser aceita por um autômato finito determinístico.

  3. ela pode ser aceita por um autômato finito não determinístico.

  4. ela pode ser aceita por um autômato finito alternado.

  5. ela pode ser gerada por uma gramática regular.

  6. ela pode ser gerada por uma gramática de prefixos.

  7. ela pode ser aceita por uma Máquina de Turing que apenas faz leituras.

  8. ela pode ser definida em um monádico da lógica de segunda ordem.

  9. ela é reconhecida por algum Monoide finito.


Alguns autores utilizam a equivalência de linguagens regulares com outros formalismos como definição alternativa para as mesmas.



Resultados sobre a Complexidade |


Na teoria da complexidade computacional, a classe de complexidade de todas linguagens regulares são ocasionalmente chamadas como REGULAR ou REG e equivale a DSPACE(O(1)), o problema de decisão pode ser resolvido em um espaço constante (o espaço usado é independente do tamanho da entrada). REGULARAC0, uma vez que REG (trivialmente) contém o problema da paridade de determinar se o número de bits 1 na entrada é par ou ímpar e este problema não está naAC0.[1] Em contrapartida, REGULAR não contém AC0, porque as linguagens não regular dos palíndromos, ou a linguagen não regular {0n1n:n∈N}{displaystyle {0^{n}1^{n}:nin mathbb {N} }}{displaystyle {0^{n}1^{n}:nin mathbb {N} }}, ambas, podem ser reconhecidas em AC0.[2]


Se uma linguagem é não regular, ela requer uma máquina que no mínimo Ω(log log n) de espaço para reconhecê-la (onde n é o tamaho da entrada).[3] Em outras palavras, DSPACE(O(log log n)) é equivalente a classe das linguagens regulares. Na prática, grande parte das linguagens não regulares são resolvidas por máquinas que tenha no mínimo espaço logarítmico.



Propriedade do Bombeamento |


Lema do bombeamento



Propriedades de Fechamento |


As linguagens regulares são fechadas sobre várias operações, ou seja, se uma linguagem K e L são regulares, então o resultado das seguintes operações também é regular:



  • as operações teóricas de conjunto : união K∪L{displaystyle Kcup L}{displaystyle Kcup L}, interseção K∩L{displaystyle Kcap L}{displaystyle Kcap L}, e complemento {displaystyle {bar {L}}}{displaystyle {bar {L}}}. Consequentemente, diferença K−L{displaystyle K-L}{displaystyle K-L} também é válida, já que é composta pela interseção e pelo complemento.

  • as operações regulares: união K∪L{displaystyle Kcup L}{displaystyle Kcup L}, concatenação K∘L{displaystyle Kcirc L}{displaystyle Kcirc L} e estrela L∗{displaystyle L^{*}}{displaystyle L^{*}}.

  • as operações da família de linguagens abstratas: cadeia homomórfica, cadeia invesa homomórfica, e interseção com linguagens regulares. Como consequência, elas são fechadas sob arbitrária estados finitos transduções, como quociente K/L{displaystyle K/L}{displaystyle K/L} com uma linguagem regular. Além disso, as linguagens regulares são fechadas sob quocientes com línguas arbitrárias: Se L é regular, então L / K é regular para qualquer K.

  • o reverso (ou imagem espelhada) LR{displaystyle L^{R}}{displaystyle L^{R}}.



Propriedade de Decisão |


Problema de decisão



Decidindo se uma linguagem é regular |




Hierarquia de Chomsky


Ao localizar as linguagens regulares na hierarquia de Chomsky, observe que todas as linguagens regulares são livres de contexto. O contrário já não é verdadeiro: por exemplo, uma linguagem que consiste de todas as strings tendo o mesmo
número de a's e de b's é livre de contexto mas não é regular. Para provar que uma linguagem como essa não é regular, usamos o Teorema de Myhill-Nerode ou o lema do bombeamento.


Existe duas aproximações puramente algébricas que definem uma linguagem regular. Se:



  • Σ é um alfabeto finito,

  • Σ* denota uma monoide livre sobre Σ que é composta por todas as cadeias formadas por Σ,


  • f : Σ* → M é uma monoide homomórfica onde M é uma monoide finita,


  • S é um subconjunto de M


então o conjunto é {w∈Σ|f(w)∈S}{displaystyle {win Sigma ^{*},|,f(w)in S}}{displaystyle {win Sigma ^{*},|,f(w)in S}} é regular. Toda linguagem regular surge dessa forma.


Se L é um subconjunto de Σ*, define-se a seguinte relação de equivalência de ~ (conhecida como relação sintática) sobre Σ*: u ~ v
é definida por : uwL se e somente se vwL para todo w ∈ Σ*.


A linguagem L é regular se e somente se o número de classes equivalentes de ~ é finita (Uma prova disso é fornecida no artigo da monoide sintática); se esse é o caso, esse número é igual ao número de estados de um autômato finito determinístico mínimo que aceita L.


Um conjunto similar de declarações pode ser formulado por uma monoide M⊂Σ{displaystyle Msubset Sigma ^{*}}{displaystyle Msubset Sigma ^{*}}. Nesse caso, a equivalência sobre M leva ao conceito de uma linguagem reconhecível.



Linguagens Finitas |


Um subconjunto específico da classe das linguagens regulares é o conjunto das linguagens finitas - aqueles que contêm apenas um número finito de palavras. Essas linguagens são regulares, já que é possível criar uma expressão regular que é a união de cada palavra da linguagem.



O número de palavras de uma linguagem regular |


Para qualquer linguagem L{displaystyle L}L existe constantes λ1,…k{displaystyle lambda _{1},,ldots ,,lambda _{k}}{displaystyle lambda _{1},,ldots ,,lambda _{k}} e polinômios p1(x),…,pk(x){displaystyle p_{1}(x),,ldots ,,p_{k}(x)}{displaystyle p_{1}(x),,ldots ,,p_{k}(x)}
tal que para cada n{displaystyle n}n o número sL(n){displaystyle s_{L}(n)}{displaystyle s_{L}(n)} de palavras de tamanho n{displaystyle n}n em L{displaystyle L}L satisfaz a equação
sL(n)=p1(n)λ1n+⋯+pk(n)λkn{displaystyle s_{L}(n)=p_{1}(n)lambda _{1}^{n}+dotsb +p_{k}(n)lambda _{k}^{n}}{displaystyle s_{L}(n)=p_{1}(n)lambda _{1}^{n}+dotsb +p_{k}(n)lambda _{k}^{n}}. Assim, a não regularidade de algumas linguagens L′{displaystyle L'}{displaystyle L'} podem ser provadas pela enumeração das palavras em L′{displaystyle L'}{displaystyle L'}. Considere, por exemplo, a Linguagem de Dyck de cadeias de parênteses balanceados. O número de palavras de tamanho 2n{displaystyle 2n}2n
na linguagem Dyck é igual ao número Catalão Cn∼4nn3/2π{displaystyle C_{n}sim {frac {4^{n}}{n^{3/2}{sqrt {pi }}}}}{displaystyle C_{n}sim {frac {4^{n}}{n^{3/2}{sqrt {pi }}}}},o qual não é da forma p(n)λn{displaystyle p(n)lambda ^{n}}{displaystyle p(n)lambda ^{n}},
comprovando a não regularidade da linguagem de Dyck.



Teorema da iteração para linguagens regulares |


Se L é uma linguagem regular, então existe um n tal que para todo xL tal que |x| ≥ n, x pode ser reescrito da forma wyz, |y| ≤ n, e ∀ i, i ≥ 0 xyiz{displaystyle xy^{i}z}{displaystyle xy^{i}z}L



Ver também |



  • Lema do bombeamento para linguagens regulares

  • União de duas linguagens regulares

  • Concatenação de duas linguagens regulares



Referências




  1. M. Furst, J. B. Saxe, and M. Sipser. Parity, circuits, and the polynomial-time hierarchy. Math. Systems Theory, 17:13–27, 1984.


  2. Cook, Stephen; Nguyen, Phuong (2010). Logical foundations of proof complexity 1. publ. ed. Ithaca, NY: Association for Symbolic Logic. 75 páginas. ISBN 052151729X 


  3. J. Hartmanis, P. L. Lewis II, and R. E. Stearns. Hierarchies of memory-limited computations. Proceedings of the 6th Annual IEEE Symposium on Switching Circuit Theory and Logic Design, pp. 179–190. 1965.







Ambox rewrite.svg


Esta página precisa ser reciclada de acordo com o livro de estilo (desde dezembro de 2008).
Sinta-se livre para editá-la para que esta possa atingir um nível de qualidade superior.




  • Michael Sipser (1997). Introduction to the Theory of Computation. [S.l.]: PWS Publishing. ISBN 0-534-94728-X  Chapter 1: Regular Languages, pp.31–90. Subsection "Decidable Problems Concerning Regular Languages" of section 4.1: Decidable Languages, pp.152–155.











































Teoria de autômatos: linguagem formal e gramática formal

Hierarquia
Chomsky

Gramática

Linguagem

Reconhecedor
Tipo-0

Irrestrita

Recursivamente enumerável

Máquina de Turing
--
--

Recursiva

Máquina de Turing que sempre para
Tipo-1

Sensível ao contexto

Sensível ao contexto

Autômato linearmente limitado
Tipo-2

Livre de contexto

Livre de contexto

Autômato com pilha
Tipo-3

Regular

Regular

Autômato finito



Popular posts from this blog

Contact image not getting when fetch all contact list from iPhone by CNContact

count number of partitions of a set with n elements into k subsets

A CLEAN and SIMPLE way to add appendices to Table of Contents and bookmarks