Mecânica quântica









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Mecânica quântica

Δp≥2{displaystyle {Delta x},{Delta p}geq {frac {hbar }{2}}}{Delta x}, {Delta p} ge frac{hbar}{2}


Princípio da Incerteza


Introducão a...

Formulação matemática





































A mecânica quântica é a teoria física que obtém sucesso no estudo dos sistemas físicos cujas dimensões são próximas ou abaixo da escala atômica, tais como moléculas, átomos, elétrons, prótons e de outras partículas subatômicas, muito embora também possa descrever fenômenos macroscópicos em diversos casos.


A Mecânica Quântica é um ramo fundamental da física com vasta aplicação. A teoria quântica fornece descrições precisas para muitos fenômenos previamente inexplicados tais como a radiação de corpo negro e as órbitas estáveis do elétron. Apesar de na maioria dos casos a Mecânica Quântica ser relevante para descrever sistemas microscópicos, os seus efeitos específicos não são somente perceptíveis em tal escala.


Por exemplo, a explicação de fenômenos macroscópicos como a super fluidez e a supercondutividade só é possível se considerarmos que o comportamento microscópico da matéria é quântico. A quantidade característica da teoria, que determina quando ela é necessária para a descrição de um fenômeno, é a chamada constante de Planck, que tem dimensão de momento angular ou, equivalentemente, de ação.


A mecânica quântica recebe esse nome por prever um fenômeno bastante conhecido dos físicos: a quantização. No caso dos estados ligados (por exemplo, um elétron orbitando em torno de um núcleo positivo) a Mecânica Quântica prevê que a energia (do elétron) deve ser quantizada. Este fenômeno é completamente alheio ao que prevê a teoria clássica.




Índice






  • 1 Um panorama


  • 2 O conceito de estado na mecânica quântica


    • 2.1 A representação do estado




  • 3 Formulação matemática


    • 3.1 Vetores e espaços vetoriais


    • 3.2 Os operadores na mecânica quântica


    • 3.3 O problema de autovalor e autovetor


    • 3.4 O significado físico dos operadores, seus autovetores e autovalores




  • 4 Aspectos históricos


  • 5 Princípios


  • 6 Conclusões


  • 7 Formalismos


  • 8 Interpretações


  • 9 Referências


  • 10 Bibliografia


  • 11 Ver também





Um panorama |




Max Planck, um dos fundadores da mecânica quântica


A palavra “quântica” (do Latim quantum) quer dizer quantidade. Na mecânica quântica, esta palavra refere-se a uma unidade discreta que a teoria quântica atribui a certas quantidades físicas, como a energia de um elétron contido num átomo em repouso. A descoberta de que as ondas eletromagnéticas podem ser explicadas como uma emissão de pacotes de energia (chamados quanta) conduziu ao ramo da ciência que lida com sistemas moleculares, atômicos e subatômicos. Este ramo da ciência é atualmente conhecido como mecânica quântica.


A mecânica quântica é a base teórica e experimental de vários campos da Física e da Química, incluindo a física da matéria condensada, física do estado sólido, física atômica, física molecular, química computacional, química quântica, física de partículas, e física nuclear. Os alicerces da mecânica quântica foram estabelecidos durante a primeira metade do século XX por Albert Einstein, Werner Heisenberg, Max Planck, Louis de Broglie, Niels Bohr, Erwin Schrödinger, Max Born, John von Neumann, Paul Dirac, Wolfgang Pauli, Richard Feynman e outros. Alguns aspectos fundamentais da contribuição desses autores ainda são alvo de investigação.


Normalmente é necessário utilizar a mecânica quântica para compreender o comportamento de sistemas em escala atômica ou molecular. Por exemplo, se a mecânica clássica governasse o funcionamento de um átomo, o modelo planetário do átomo – proposto pela primeira vez por Rutherford – seria um modelo completamente instável. Segundo a teoria eletromagnética clássica, toda a carga elétrica acelerada emite radiação. Por outro lado, o processo de emissão de radiação consome a energia da partícula. Dessa forma, o elétron, enquanto caminha na sua órbita, perderia energia continuamente até colapsar contra o núcleo positivo.



O conceito de estado na mecânica quântica |


Em física, chama-se "sistema" um fragmento concreto da realidade que foi separado para estudo. Dependendo do caso, a palavra sistema refere-se a um elétron ou um próton, um pequeno átomo de hidrogênio ou um grande átomo de urânio, uma molécula isolada ou um conjunto de moléculas interagentes formando um sólido ou um vapor. Em todos os casos, sistema é um fragmento da realidade concreta para o qual deseja-se chamar atenção.


Dependendo da partícula pode-se inverter polarizações subsequentes de aspecto neutro.


A especificação de um sistema físico não determina unicamente os valores que experimentos fornecem para as suas propriedades (ou as probabilidades de se medirem tais valores, em se tratando de teorias probabilísticas). Além disso, os sistemas físicos não são estáticos, eles evoluem com o tempo, de modo que o mesmo sistema, preparado da mesma forma, pode dar origem a resultados experimentais diferentes dependendo do tempo em que se realiza a medida (ou a histogramas diferentes, no caso de teorias probabilísticas). Essa ideia conduz a outro conceito-chave: o conceito de "estado". Um estado é uma quantidade matemática (que varia de acordo com a teoria) que determina completamente os valores das propriedades físicas do sistema associadas a ele num dado instante de tempo (ou as probabilidades de cada um de seus valores possíveis serem medidos, quando se trata de uma teoria probabilística). Em outras palavras, todas as informações possíveis de se conhecer em um dado sistema constituem seu estado.


Cada sistema ocupa um estado num instante no tempo e as leis da física devem ser capazes de descrever como um dado sistema parte de um estado e chega a outro. Em outras palavras, as leis da física devem dizer como o sistema evolui (de estado em estado).


Muitas variáveis que ficam bem determinadas na mecânica clássica são substituídas por distribuições de probabilidades na mecânica quântica, que é uma teoria intrinsecamente probabilística (isto é, dispõe-se apenas de probabilidades não por uma simplificação ou ignorância, mas porque isso é tudo que a teoria é capaz de fornecer).



A representação do estado |



Ver artigo principal: Estado quântico

No formalismo da mecânica quântica, o estado de um sistema num dado instante de tempo pode ser representado de duas formas principais:



  1. O estado é representado por uma função complexa da posição ou do momento linear de cada partícula que compõe o sistema. Essa representação é chamada função de onda.

  2. Também é possível representar o estado por um vetor num espaço vetorial complexo.[1] Esta representação do estado quântico é chamada vetor de estado. Devido à notação introduzida por Paul Dirac, tais vetores são usualmente chamados kets (sing.: ket).


Em suma, tanto as "funções de onda" quanto os "vetores de estado" (ou kets) representam os estados de um dado sistema físico de forma completa e equivalente e as leis da mecânica quântica descrevem como vetores de estado e funções de onda evoluem no tempo.


Estes objetos matemáticos abstratos (kets e funções de onda) permitem o cálculo da probabilidade de se obter resultados específicos em um experimento concreto. Por exemplo, o formalismo da mecânica quântica permite que se calcule a probabilidade de encontrar um elétron em uma região particular em torno do núcleo.


Para compreender seriamente o cálculo das probabilidades a partir da informação representada nos vetores de estado e funções de onda é preciso dominar alguns fundamentos de álgebra linear.



Formulação matemática |



Ver artigo principal: Formulação matemática da mecânica quântica

Muitos fenômenos quânticos difíceis de se imaginar concretamente podem ser compreendidos com um pouco de abstração matemática. Há três conceitos fundamentais da matemática - mais especificamente da álgebra linear - que são empregados constantemente pela mecânica quântica. São estes: (1) o conceito de operador; (2) de autovetor; e (3) de autovalor.



Vetores e espaços vetoriais |



Ver artigo principal: Espaço vetorial

Na álgebra linear, um espaço vetorial (ou o espaço linear) é uma coleção dos objetos abstratos (chamados vetores) que possuem algumas propriedades que não serão completamente detalhadas aqui.


Por agora, importa saber que tais objetos (vetores) podem ser adicionados uns aos outros e multiplicados por um número escalar. O resultado dessas operações é sempre um vetor pertencente ao mesmo espaço. Os espaços vetoriais são os objetos básicos do estudo na álgebra linear, e têm várias aplicações na matemática, na ciência, e na engenharia.


O espaço vetorial mais simples e familiar é o espaço Euclidiano bidimensional. Os vetores neste espaço são pares ordenados e são representados graficamente como "setas" dotadas de módulo, direção e sentido. No caso do espaço euclidiano bidimensional, a soma de dois vetores quaisquer pode ser realizada utilizando a regra do paralelogramo.


Todos os vetores também podem ser multiplicados por um escalar - que no espaço Euclidiano é sempre um número real. Esta multiplicação por escalar poderá alterar o módulo do vetor e seu sentido, mas preservará sua direção. O comportamento de vetores geométricos sob estas operações fornece um bom modelo intuitivo para o comportamento dos vetores em espaços mais abstratos, que não precisam de ter a mesma interpretação geométrica. Como exemplo, é possível citar o espaço de Hilbert (onde "habitam" os vetores da mecânica quântica). Sendo ele também um espaço vetorial, é certo que possui propriedades análogas àquelas do espaço Euclidiano.



Os operadores na mecânica quântica |



Ver artigo principal: Transformação linear

Um operador é um ente matemático que estabelece uma relação funcional entre dois espaços vetoriais. A relação funcional que um operador estabelece pode ser chamada transformação linear. Os detalhes mais formais não serão apontados aqui. Interessa, por enquanto, desenvolver uma ideia mais intuitiva do que são esses operadores.


Por exemplo, considere o Espaço Euclidiano. Para cada vetor nesse espaço é possível executar uma rotação (de um certo ângulo) e encontrar outro vetor no mesmo espaço. Como essa rotação é uma relação funcional entre os vetores de um espaço, podemos definir um operador que realize essa transformação. Assim, dois exemplos bastante concretos de operadores são os de rotação e translação.


Do ponto de vista teórico, a semente da ruptura entre as física quântica e clássica está no emprego dos operadores. Na mecânica clássica, é usual descrever o movimento de uma partícula com uma função escalar do tempo. Por exemplo, imagine que vemos um vaso de flor caindo de uma janela. Em cada instante de tempo podemos calcular a que altura se encontra o vaso. Em outras palavras, descrevemos a grandeza posição com um número (escalar) que varia em função do tempo.


Uma característica distintiva na mecânica quântica é o uso de operadores para representar grandezas físicas. Ou seja, não são somente as rotações e translações que podem ser representadas por operadores. Na mecânica quântica grandezas como posição, momento linear, momento angular e energia também são representados por operadores.


Até este ponto já é possível perceber que a mecânica quântica descreve a natureza de forma bastante abstrata. Em suma, os estados que um sistema físico pode ocupar são representados por vetores de estado (kets) ou funções de onda (que também são vetores, só que no espaço das funções). As grandezas físicas não são representadas diretamente por escalares (como 10 m, por exemplo), mas por operadores.


Para compreender como essa forma abstrata de representar a natureza fornece informações sobre experimentos reais é preciso discutir um último tópico da álgebra linear: o problema de autovalor e autovetor.



O problema de autovalor e autovetor |


O problema de autovalor e autovetor é um problema matemático abstrato sem o qual não é possível compreender seriamente o significado da mecânica quântica.


Em primeiro lugar, considere o operador  de uma transformação linear arbitrária que relacione vetores de um espaço E com vetores do mesmo espaço E. Neste caso, escreve-se [eq.01]:


A^:E↦E{displaystyle {hat {A}}:Emapsto E}hat{A} : E mapsto E

Observe que qualquer matriz quadrada satisfaz a condição imposta acima desde que os vetores no espaço E possam ser representados como matrizes-coluna e que a atuação de  sobre os vetores de E ocorra conforme o produto de matrizes a seguir:


[a11a12⋯a1ma21a22⋯a2m⋮am1am2⋯amm]⋅[b1b2⋮bm]=[c1c2⋮cm]{displaystyle {begin{bmatrix}a_{11}&a_{12}&cdots &a_{1m}\a_{21}&a_{22}&cdots &a_{2m}\vdots &vdots &ddots &vdots \a_{m1}&a_{m2}&cdots &a_{mm}end{bmatrix}}cdot {begin{bmatrix}b_{1}\b_{2}\vdots \b_{m}end{bmatrix}}={begin{bmatrix}c_{1}\c_{2}\vdots \c_{m}end{bmatrix}}}<br />
    begin{bmatrix}<br />
    a_{11} & a_{12} & cdots & a_{1m} \<br />
    a_{21} & a_{22} & cdots & a_{2m} \<br />
    vdots & vdots & ddots & vdots \<br />
    a_{m1} & a_{m2} & cdots & a_{mm}<br />
    end{bmatrix}<br />
    cdot<br />
    begin{bmatrix}<br />
    b_{1} \<br />
    b_{2} \<br />
    vdots \<br />
    b_{m}<br />
    end{bmatrix}<br />
    =<br />
    begin{bmatrix}<br />
    c_{1} \<br />
    c_{2} \<br />
    vdots \<br />
    c_{m}<br />
    end{bmatrix}<br />
<br />

Como foi dito, a equação acima ilustra muito bem a atuação de um operador do tipo definido em [eq.01]. Porém, é possível representar a mesma ideia de forma mais compacta e geral sem fazer referência à representação matricial dos operadores lineares [eq.02]:


A^b→=c→{displaystyle {hat {A}}cdot {vec {b}}={vec {c}}}hat{A} cdot vec{b} = vec{c}

Para cada operador  existe um conjunto 1→2→,…n→}{displaystyle {{vec {nu _{1}}},{vec {nu _{2}}},ldots ,{vec {nu _{n}}}}}{ vec{nu_1}, vec{nu_2}, ldots, vec{nu_n} } tal que cada vetor do conjunto satisfaz [eq.03]:



A^νi→i⋅νi→{displaystyle {hat {A}}cdot {vec {nu _{i}}}=lambda _{i}cdot {vec {nu _{i}}}}hat{A} cdot vec{ nu_i } = lambda_i cdot vec{ nu_i }

λi∈C{displaystyle lambda _{i}in mathbb {C} }lambda_i in mathbb{C}

i=1,2,3,…,n{displaystyle i=1,2,3,ldots ,n}i = 1, 2, 3, ldots, n


A equação acima é chamada equação de autovalor e autovetor. Os vetores do conjunto 1→2→,…n→}{displaystyle {{vec {nu _{1}}},{vec {nu _{2}}},ldots ,{vec {nu _{n}}}}}{ vec{nu_1}, vec{nu_2}, ldots, vec{nu_n} } são chamados autovetores. Os escalares do conjunto 1,λ2,…n}{displaystyle {lambda _{1},lambda _{2},ldots ,lambda _{n}}}{ lambda_1, lambda_2, ldots, lambda_n } são chamados autovalores. O conjunto dos autovalores λi{displaystyle lambda _{i}}lambda_i também é chamado espectro do operador Â.


Para cada autovalor corresponde um autovetor e o número de pares autovalor-autovetor é igual à dimensão do espaço E onde o operador  está definido. Em geral, o espectro de um operador  qualquer não é contínuo, mas discreto. Encontrar os autovetores e autovalores para um dado operador  é o chamado problema de autovalor e autovetor.


De antemão o problema de autovalor e autovetor possui duas características:


(1) νi→=0→{displaystyle {vec {nu _{i}}}={vec {0}}} vec{ nu_i } = vec{0} satisfaz o problema para qualquer operador Â. Por isso, o vetor nulo 0→{displaystyle {vec {0}}} vec{0} não é considerado uma resposta do problema.


(2) Se νi→{displaystyle {vec {nu _{i}}}} vec{ nu_i } satisfaz a equação de autovalor e autovetor, então seu múltiplo c⋅νi→{displaystyle ccdot {vec {nu _{i}}}} c cdot vec{ nu_i } também é uma resposta ao problema para qualquer c∈C.{displaystyle cin mathbb {C} .}c in mathbb{C}.


Enfim, a solução geral do problema de autovalor e autovetor é bastante simples. A saber:



A^νν{displaystyle {hat {A}}cdot {vec {nu }}=lambda cdot {vec {nu }}}hat{A} cdot vec{ nu } = lambda cdot vec{ nu }

A^ν^ν{displaystyle therefore {hat {A}}cdot {vec {nu }}={hat {lambda }}cdot {vec {nu }}}therefore hat{A} cdot vec{ nu } = hat{lambda} cdot vec{ nu }

{A^λ^}⋅ν=0→{displaystyle therefore {{hat {A}}-{hat {lambda }}}cdot {vec {nu }}={vec {0}}}therefore { hat{A} - hat{lambda} } cdot vec{ nu } = vec{ 0 }


Onde:


λ^=[λ0⋯00λ0⋮00⋯λ]{displaystyle {hat {lambda }}={begin{bmatrix}lambda &0&cdots &0\0&lambda &cdots &0\vdots &vdots &ddots &vdots \0&0&cdots &lambda end{bmatrix}}}<br />
hat{lambda}<br />
<br />
=   begin{bmatrix}<br />
    lambda & 0 & cdots & 0 \<br />
    0 & lambda & cdots & 0 \<br />
    vdots & vdots & ddots & vdots \<br />
    0 & 0 & cdots & lambda<br />
    end{bmatrix}<br />

Como νi→=0→{displaystyle {vec {nu _{i}}}={vec {0}}} vec{ nu_i } = vec{0} não pode ser considerado uma solução do problema, é necessário que:


det{A^λ^}=0{displaystyle det{{hat {A}}-{hat {lambda }}}=0} det { hat{A} - hat{lambda} } = 0

A equação acima é um polinômio de grau n. Portanto, para qualquer operador A^:E↦E{displaystyle {hat {A}}:Emapsto E}hat{A} : E mapsto E há n quantidades escalares λi∈C{displaystyle lambda _{i}in mathbb {C} }lambda_i in mathbb{C} distintas ou não tais que a equação de autovetor e autovalor é satisfeita.


Os autovetores correspondentes aos autovalores 1,λ2,…n}{displaystyle {lambda _{1},lambda _{2},ldots ,lambda _{n}}}{ lambda_1, lambda_2, ldots, lambda_n } de um operador  podem ser obtidos facilmente substituindo os autovalores um a um na [eq.03].



O significado físico dos operadores, seus autovetores e autovalores |


Para compreender o significado físico de toda essa representação matemática abstrata, considere o exemplo do operador de Spin na direção z: Sz^.{displaystyle {hat {S_{z}}}.} hat{S_z} .


Na mecânica quântica, cada partícula tem associada a si uma quantidade sem análogo clássico chamada spin ou momento angular intrínseco. O spin de uma partícula é representado como um vetor com projeções nos eixos x, y e z. A cada projeção do vetor spin :S→{displaystyle {vec {S}}} vec {S} corresponde um operador:


S→=(Sx^,Sy^,Sz^){displaystyle {vec {S}}=({hat {S_{x}}},{hat {S_{y}}},{hat {S_{z}}})} vec {S} = ( hat{S_x}, hat{S_y}, hat{S_z} )


O operador Sz^{displaystyle {hat {S_{z}}}} hat{S_z} é geralmente representado da seguinte forma:


Sz^=ℏ/2⋅[100−1]{displaystyle {hat {S_{z}}}=hbar /2cdot {begin{bmatrix}1&0\0&-1\end{bmatrix}}}<br />
hat{S_z} =<br />
hbar /2 cdot<br />
<br />
    begin{bmatrix}<br />
    1 & 0\<br />
    0 & -1\<br />
    end{bmatrix}<br />
<br />


É possível resolver o problema de autovetor e autovalor para o operador Sz^.{displaystyle {hat {S_{z}}}.} hat{S_z} . Nesse caso obtém-se:


det(Sz^λ^)=0{displaystyle detleft({hat {S_{z}}}-{hat {lambda }}right)=0} det left( hat{S_z} - hat{lambda} right) = 0


ou seja


det([ℏ/2−λ00−/2−λ])=(ℏ2−λ)⋅(ℏ2+λ)=0{displaystyle detleft({begin{bmatrix}hbar /2-lambda &0\0&-hbar /2-lambda \end{bmatrix}}right)=left({frac {hbar }{2}}-lambda right)cdot left({frac {hbar }{2}}+lambda right)=0}<br />
detleft(<br />
    begin{bmatrix}<br />
    hbar /2 - lambda & 0\<br />
    0 & -hbar /2 - lambda\<br />
    end{bmatrix} right) =<br />
left( frac{hbar}{2} - lambda right) cdot left(frac{hbar}{2} + lambdaright) = 0


Portanto, os autovalores são 2{displaystyle {frac {hbar }{2}}}frac{hbar}{2} e 2.{displaystyle -{frac {hbar }{2}}.}-frac{hbar}{2}.



Aspectos históricos |



Ver artigo principal: História da mecânica quântica

A mecânica quântica teve suas bases estabelecidas essencialmente pelas seguintes revelações científicas: em 1838, Michael Faraday descobriu os raios catódicos; em 1859, Gustav Kirchhoff enunciou o problema da radiação de corpo negro; em 1877, Ludwig Boltzmann sugeriu que os estados de energia de um sistema físico poderiam ser discretos e, finalmente em 1900, Max Planck formulou a hipótese que toda a energia é irradiada e absorvida na forma de elementos discretos chamados quanta. Segundo a teoria, cada um desses quanta tem energia proporcional à frequência ν da radiação eletromagnética emitida ou absorvida.


E=hν=ℏω{displaystyle E=hnu =hbar omega }E = h nu = hbar omega


A ideia de descrever um fenomeno de radiação eletromagnética pela quantização da energia era extremamente revolucionária para a época; pois, em 1803, Thomas Young já havia comprovado o comportamento ondulatório da luz através do experiência de dupla fenda.  Segundo Max Planck, essa teoria é apenas um aspecto teórico dos processos de absorção e emissão de radiação e não tinha nada a ver com a realidade física da radiação em si.[2] Nas palavras do próprio cientista: “em um ato de desespero, pois uma interpretação teórica (para a radiação de corpo negro) deveria ser encontrada … eu estava pronto para sacrificar todas as minhas convicções previas sobre física…”.


No entanto, isso parecia não explicar o efeito fotoelétrico (1839), no qual a incidência de luz em certos materiais pode ejetar elétrons do mesmo. Em 1905, baseando seu trabalho na hipótese quântica de Planck, Albert Einstein postulou que a própria luz é formada por quanta individuais,[3] o que em 1926 ficou conhecido como fóton. Em 1921, Einstein recebeu o Prêmio Nobel pelo efeito fotoelétrico[4].


Louis de Broglie levou mais a fundo a ideia corpuscular e ondulatória da luz e por analogia, postulou que partículas também possuiriam um comprimento de onda, uma onda de materia. O físico francês relacionou o comprimento de onda (λ) com a quantidade de movimento (p) da partícula, mediante a fórmula:


λ=hp{displaystyle lambda ={frac {h}{p}}}lambda ={frac  {h}{p}}


onde h é a Constante de Planck. De Broglie também postulou que se elétrons fossem propriamente submetidos ao experimento de dupla fenda, também apresentariam um padrão de interferência. Em 1927, O experimento de Davisson–Germer confirmou as previsões de de Broglie, estabelecendo a dualidade onda-partícula da matéria. Em 1929, de Broglie recebeu o Prêmio Nobel pela descoberta da natureza ondulatória do elétron[5].


Em meados da década de 1920, a evolução da mecânica quântica rapidamente fez com que ela se tornasse a formulação padrão para a física atômica. No verão de 1925, Bohr e Heisenberg publicaram resultados que fechavam a "antiga teoria quântica". Da simples postulação de Einstein nasceu uma enxurrada de debates, teorias e testes e, então, a todo o campo da física quântica, levando à sua maior aceitação na quinta Conferência de Solvay em 1927.



Princípios |


  • Primeiro princípio: Princípio da superposição

Na mecânica quântica, o estado de um sistema físico é definido pelo conjunto de todas as informações que podem ser extraídas desse sistema ao se efetuar alguma medida.


Na mecânica quântica, todos os estados são representados por vetores em um espaço vetorial complexo: o Espaço de Hilbert H. Assim, cada vetor no espaço H representa um estado que poderia ser ocupado pelo sistema. Portanto, dados dois estados quaisquer, a soma algébrica (superposição) deles também é um estado.


Como a norma dos vetores de estado não possui significado físico, todos os vetores de estado são preferencialmente normalizados. Na notação de Dirac, os vetores de estado são chamados "Kets" e são representados como aparece a seguir:


ψ{displaystyle mid psi rangle }midpsirangle

Usualmente, na matemática, são chamados funcionais todas as funções lineares que associam vetores de um espaço vetorial qualquer a um escalar. É sabido que os funcionais dos vetores de um espaço também formam um espaço, que é chamado espaço dual. Na notação de Dirac, os funcionais - elementos do Espaço Dual - são chamados "Bras" e são representados como aparece a seguir:


ψ{displaystyle langle psi mid }langlepsimid

  • Segundo princípio: Medida de grandezas físicas


a) Para toda grandeza física A é associado um operador linear autoadjunto  pertencente a A:  é o observável (autovalor do operador) representando a grandeza A.

b) Seja (t)⟩{displaystyle |psi (t)rangle }|psi(t) rangle o estado no qual o sistema se encontra no momento onde efetuamos a medida de A. Qualquer que seja (t)⟩,{displaystyle |psi (t)rangle ,}|psi(t) rangle, os únicos resultados possíveis são os autovalores de {displaystyle a_{alpha }}a_{alpha} do observável Â.

c) Sendo A^α{displaystyle {hat {A}}_{alpha }}hat{A}_{alpha} o projetor sobre o subespaço associado ao valor próprio ,{displaystyle a_{alpha },}a_{alpha}, a probabilidade de encontrar o valor {displaystyle a_{alpha }}a_{alpha} em uma medida de A é:

P(aα)=‖ψα2{displaystyle {mathcal {P}}(a_{alpha })=|psi _{alpha }|^{2}}mathcal{P}(a_{alpha})=|psi_{alpha}|^2 onde α=A^α{displaystyle |psi _{alpha }rangle ={hat {A}}_{alpha }} |psi_{alpha}rangle =hat{A}_{alpha}


d) Imediatamente após uma medida de A, que resultou no valor ,{displaystyle a_{alpha },}a_{alpha}, o novo estado ′⟩{displaystyle |psi 'rangle }|psi' rangle do sistema é
′⟩=|ψα/‖ψα2{displaystyle |psi 'rangle ={|psi _{alpha }rangle }/{|psi _{alpha }|^{2}}}|psi' rangle={|psi_{alpha} rangle}/{|psi_{alpha}|^2}



  • Terceiro princípio: Evolução do sistema

Seja (t)⟩{displaystyle |psi (t)rangle }|psi(t) rangle o estado de um sistema ao instante t. Se o sistema não é submetido a nenhuma observação, sua evolução, ao longo do tempo, é regida pela equação de Schrödinger:


iℏddt|ψ(t)⟩=H^(t)⟩{displaystyle ihbar {frac {d}{dt}}|psi (t)rangle ={hat {H}}|psi (t)rangle }ihbarfrac{d}{dt}|psi(t) rangle =hat{H}|psi(t) rangle

onde H^{displaystyle {hat {H}}}hat{H} é o hamiltoniano do sistema.



Conclusões |


As conclusões mais importantes são:



  • Em estados ligados, como o elétron girando ao redor do núcleo de um átomo, a energia não se troca de modo contínuo, mas sim de modo discreto (descontínuo), em transições cujas energias podem ou não ser iguais umas às outras. A ideia de que estados ligados têm níveis de energias discretos é devida a Max Planck.

  • O fato de ser impossível atribuir ao mesmo tempo uma posição e um momento exatos a uma partícula, renunciando-se assim ao conceito de trajetória, vital em mecânica clássica. Em vez de trajetória, o movimento de partículas em mecânica quântica é descrito por meio de uma função de onda, que é uma função da posição da partícula e do tempo. A função de onda é interpretada por Max Born como uma medida da probabilidade de se encontrar a partícula em determinada posição e em determinado tempo. Esta interpretação é a mais aceita pelos físicos hoje, no conjunto de atribuições da Mecânica Quântica regulamentados pela Escola de Copenhaga. Para descrever a dinâmica de um sistema quântico deve-se, portanto, achar sua função de onda, e para este efeito usam-se as equações de movimento, propostas por Werner Heisenberg e Erwin Schrödinger independentemente.


Apesar de ter sua estrutura formal basicamente pronta desde a década de 1930, a interpretação da Mecânica Quântica foi objeto de estudos por várias décadas. O principal é o problema da medição em Mecânica Quântica e sua relação com a não-localidade e causalidade. Já em 1935, Einstein, Podolski e Rosen publicaram seu Gedankenexperiment (paradoxo EPR), mostrando uma aparente contradição entre localidade e o processo de medida em mecânica quântica. Nos anos 60 J. S. Bell publicou uma série de relações que seriam respeitadas caso a localidade — ou pelo menos como a entendemos classicamente — ainda persistisse em sistemas quânticos. Tais condições são chamadas desigualdades de Bell e foram testadas experimentalmente por Alain Aspect, P. Grangier, Jean Dalibard em favor da mecânica quântica. Como seria de se esperar, tal interpretação ainda causa desconforto entre vários físicos, mas a grande parte da comunidade aceita que estados correlacionados podem violar causalidade desta forma.


Tal revisão radical do nosso conceito de realidade foi fundamentada em explicações teóricas brilhantes para resultados experimentais que não podiam ser descritos pela teoria clássica, e que incluem:



  • Espectro de radiação do corpo negro, resolvido por Max Planck com a proposição da quantização da energia.

  • Explicação do experimento da dupla fenda, no qual eléctrons produzem um padrão de interferência condizente com o comportamento ondular.

  • Explicação por Albert Einstein do efeito fotoelétrico descoberto por Heinrich Hertz, onde propõe que a luz também se propaga em quanta (pacotes de energia definida), os chamados fótons.

  • O Efeito Compton, no qual se propõe que os fótons podem se comportar como partículas, quando sua energia for grande o bastante.

  • A questão do calor específico de sólidos sob baixas temperaturas, cuja discrepância foi explicada pelas teorias de Einstein e de Debye, baseadas na equipartição de energia segundo a interpretação quantizada de Planck.

  • A absorção ressonante e discreta de energia por gases, provada no experimento de Franck-Hertz quando submetidos a certos valores de diferença de potencial elétrico.

  • A explicação da estabilidade atômica e da natureza discreta das raias espectrais, graças ao modelo do átomo de Bohr, que postulava a quantização dos níveis de energia do átomo.


O desenvolvimento formal da teoria foi obra de esforços conjuntos de muitos físicos e matemáticos da época como Erwin Schrödinger, Werner Heisenberg, Einstein, P.A.M. Dirac, Niels Bohr e John von Neumann, entre outros (de uma longa lista).



Formalismos |


Mais tarde, foi introduzido o formalismo hamiltoniano, baseado matematicamente no uso do lagrangiano, mas cuja elaboração matemática é muitas vezes mais fácil.



Interpretações |


Há várias interpretações da mecânica quântica, como uma tentativa de responder a questão: Sobre o que trata exatamente a mecânica quântica? Dentre elas, destacam-se:



  • Interpretação de Copenhaga

  • Interpretação de Bohm

  • Interpretação de muitos mundos

  • Histórias consistentes



Referências




  1. Greiner, Walter; Müller, Berndt (1994), Quantum Mechanics Symmetries, Second Edition, cap. 2,, ISBN 3-540-58080-8, Springer-Verlag, p. 52 


  2. T.S. Kuhn, Black-body theory and the quantum discontinuity 1894-1912, Clarendon Press, Oxford, 1978.


  3. A. Einstein, Über einen die Erzeugung und Verwandlung des Lichtes betreffenden heuristischen Gesichtspunkt (Um ponto de vista heurístico a respeito da produção e transformação da luz), Annalen der Physik 17 (1905) 132-148 (reimpresso em The collected papers of Albert Einstein, John Stachel, editor, Princeton University Press, 1989, Vol. 2, pp. 149-166, em alemão; ver também Einstein's early work on the quantum hypothesis, ibid. pp. 134-148).


  4. «The Nobel Prize in Physics 1921». www.nobelprize.org. Consultado em 6 de abril de 2016 


  5. «The Nobel Prize in Physics 1929». www.nobelprize.org. Consultado em 6 de abril de 2016 



Bibliografia |



  • Mehra, J.; Rechenberg, H. (1982). The historical development of quantum theory (em inglês). [S.l.]: Springer-Verlag  !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link) !CS1 manut: Língua não reconhecida (link)



  • Kuhn, T.S. (1978). Black-body theory and the quantum discontinuity 1894-1912 (em inglês). Oxford: Clarendon Press  !CS1 manut: Língua não reconhecida (link) Nota: O "Princípio da Incerteza" de Heisenberg é parte central dessa teoria e daí nasceu a famosa equação de densidade de probalidade de Schrödinger.


  • Sakurai, Jun John (1967). Advanced Quantum Mechanics--Another Issue (em inglês). [S.l.]: Addison-Wesley Publishing Company 


  • Sakurai, Jun John; Napolitano, Jim (2013). Modern Quantum Mechanics (em inglês). [S.l.]: Pearson. ISBN 9781292024103 


  • Sakurai, Jun Jon; Napolitano, Jim (2013). Mecânica Quântica Moderna. Porto Alegre: Bookman. 548 páginas. ISBN 9788565837095. Consultado em 14 de dezembro de 2015 



Ver também |




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