Chico Buarque
Chico Buarque | |
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Chico Buarque recebendo o prêmio BRAVO! de melhor livro, 2009. | |
Informação geral | |
Nome completo | Francisco Buarque de Hollanda |
Também conhecido(a) como | Chico Buarque |
Nascimento | 19 de junho de 1944 (74 anos) |
Local de nascimento | Rio de Janeiro, DF Brasil |
Gênero(s) | MPB, samba, bossa nova, choro |
Ocupação(ões) | Cantor, compositor, dramaturgo, escritor |
Progenitores | Mãe: Maria Amélia Cesário Alvim Pai: Sérgio Buarque de Hollanda |
Cônjuge | Marieta Severo (c. 1966–99) |
Instrumento(s) | vocal, violão |
Extensão vocal | Barítono |
Período em atividade | 1961-presente |
Outras ocupações | Ator |
Gravadora(s) | RGE, Som Livre, Philips Records, Ariola Discos, Barclay Records, Universal Music, RCA, BMG, Sony BMG, Sony Music, Biscoito Fino |
Afiliação(ões) | Caetano Veloso, Toquinho, Milton Nascimento, Tom Jobim, Francis Hime, Vinicius de Moraes, Edu Lobo, Nara Leão, Maria Bethânia, Gal Costa, Elis Regina |
Influência(s) | Noel Rosa, Ismael Silva, Roberto Menescal, Luiz Bonfá, Jacques Brel, João Donato, João Gilberto, Dori Caymmi, Edu Lobo, Cartola, Tom Jobim, Baden Powell, Vinícius de Moraes[1] |
Página oficial | Site oficial |
Francisco Buarque de Hollanda, mais conhecido como Chico Buarque (Rio de Janeiro, 19 de junho de 1944), é um músico, dramaturgo, escritor e ator brasileiro. É conhecido por ser um dos maiores nomes da música popular brasileira (MPB). Sua discografia conta com aproximadamente oitenta discos, entre eles discos-solo, em parceria com outros músicos e compactos.[2]
Filho do historiador Sérgio Buarque de Hollanda e de Maria Amélia Cesário Alvim, escreveu seu primeiro conto aos 18 anos,[3] ganhando destaque como cantor a partir de 1966, quando lançou seu primeiro álbum, Chico Buarque de Hollanda, e venceu o Festival de Música Popular Brasileira com a música A Banda. [4][5] Autoexilou-se na Itália em 1969, devido à crescente repressão do regime militar do Brasil nos chamados "anos de chumbo", tornando-se, ao retornar, em 1970, um dos artistas mais ativos na crítica política e na luta pela democratização no país. Na carreira literária, foi vencedor de três Prêmios Jabuti: o de melhor romance em 1992 com Estorvo e o de Livro do Ano, tanto pelo livro Budapeste, lançado em 2004, como por Leite Derramado, em 2010.
Foi casado por 33 anos (de 1966 a 1999) com a atriz Marieta Severo, com quem teve três filhas, Sílvia Buarque, Helena e Luísa.[6][7] Chico é irmão das cantoras Miúcha, Ana de Hollanda e Cristina. Ao contrário da crença popular, o dicionarista Aurélio Buarque de Holanda era apenas um primo distante do pai de Chico.[8]
Em 2 de dezembro de 2012, foi confirmado por Miguel Faria um documentário no qual apresentará um show de Chico organizado para a produção, mesclado com depoimentos dele e de outros nomes da música nacional, além de encenações com personagens das canções mais famosas do artista.[9][10] O documentário foi lançado em 26 de novembro de 2015, com o nome Chico - Artista Brasileiro.[11]
Índice
1 Biografia
1.1 Início de carreira
1.1.1 Festivais de MPB na década de 1960
1.2 Trilha-sonora e adaptações de livros
1.3 Teatro e literatura
1.3.1 Polêmica sobre o Prêmio Jabuti
1.4 Programas televisivos
1.5 Crítica ao Regime Militar do Brasil
1.6 Genealogia e parentesco
2 O "eu" feminino
3 Intérpretes de Chico Buarque
3.1 Parceiros
4 Obra teatral
5 Discografia
6 Videografia
7 Outros trabalhos
8 Prêmios e Indicações
9 Ver também
10 Referências
11 Bibliografia
12 Ligações externas
Biografia |
Francisco Buarque de Hollanda nasceu em 19 de junho de 1944 na cidade do Rio de Janeiro, filho de Sérgio Buarque de Hollanda (1902–1982), um importante historiador e jornalista brasileiro, e de Maria Amélia Cesário Alvim (1910–2010), pintora e pianista.[3]. Casou-se com Marieta Severo no ano de 1966, com quem teve três filhas: Sílvia Buarque, Luísa Buarque e Helena Buarque, que hoje possui três filhos assim como o pai, cujo os nomes são: Francisco Buarque de Freitas, Clara Buarque de Freitas e Nina Machado de Freitas. Nos primeiros versos da sua canção "Paratodos", Chico Buarque celebra seus ascendentes familiares: O meu pai era paulista / Meu avô, pernambucano / O meu bisavô, mineiro / Meu tataravô, baiano. O "avô pernambucano" ao qual o cantor se refere era paterno: Cristóvão Buarque de Hollanda. Já o "bisavô mineiro", Cesário Alvim, e o "tataravô baiano", Eulálio da Costa Carvalho, eram pelo lado materno.
Em 1946, mudou-se para São Paulo, onde o pai assumiu a direção do Museu do Ipiranga. Chico sempre revelou interesses pela música, tal interesse foi bastante reforçado pela convivência com intelectuais como Vinicius de Moraes e Paulo Vanzolini.[12]
Em 1953, Sérgio Buarque de Hollanda, pai do cantor, foi convidado para lecionar na Universidade de Roma. A família Buarque de Hollanda, então, muda-se para a Itália. Chico aprende dois idiomas estrangeiros, na escola fala inglês, e nas ruas, italiano. Nessa época, compõe as suas primeiras marchinhas de Carnaval.[12]
Chico regressa ao Brasil em 1960. No ano seguinte, produz suas primeiras crônicas no jornal Verbâmidas, do Colégio Santa Cruz de São Paulo, nome criado por ele.[13] Sua primeira aparição na imprensa, porém, não foi em relação ao seu trabalho, mas sim policial. Publicada, no jornal Última Hora, de São Paulo, a notícia de que Chico e um amigo furtaram um carro nas proximidades do estádio do Pacaembu para passear pela madrugada paulista foi anunciada com a manchete "Pivetes furtaram um carro: presos".[14][15]
Em 1998, o artista foi homenageado no Desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro, pela GRES Estação Primeira de Mangueira, no enredo "Chico Buarque da Mangueira". A escola verde e rosa dividiu o título de campeã daquele carnaval com a Beija-Flor de Nilópolis.[16][17]
Em 2015, participou da canção "Trono de Estudar", composta por Dani Black em apoio aos estudantes que se articularam contra o projeto de reorganização escolar do governo estadual de São Paulo. A faixa teve a participação de outros 17 artistas brasileiros: Arnaldo Antunes (ex-Titãs), Tiê, Dado Villa-Lobos (Legião Urbana), Paulo Miklos (Titãs), Tiago Iorc, Lucas Silveira (Fresno), Filipe Catto, Zélia Duncan, Pedro Luís (Pedro Luís & A Parede), Fernando Anitelli (O Teatro Mágico), André Whoong, Lucas Santtana, Miranda Kassin, Tetê Espíndola, Helio Flanders (Vanguart), Felipe Roseno e Xuxa Levy.[18]
Início de carreira |
Chico Buarque chegou a ingressar no curso de Arquitetura na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade de São Paulo em 1963. Cursou dois anos e parou em 1965, quando começou a se dedicar à carreira artística. Neste ano, lançou Sonho de Carnaval, inscrita no I Festival Nacional de Música Popular Brasileira, transmitida pela TV Excelsior, além de Pedro Pedreiro, música fundamental para experimentação do modo como viria a trabalhar os versos, com rigoroso trabalho estilístico morfológico e politização, mais significativamente na década de 1970.[1] A primeira composição do Chico foi aos 15 anos de idade, Canção dos Olhos (1959). A primeira gravação foi também uma marchinha, "Marcha para um dia de sol", gravada por Maricene Costa, em 1964.[19]
Conheceu Elis Regina, que havia vencido o Festival de Música Popular Brasileira (1965) com a canção Arrastão, mas a cantora acabou desistindo de gravá-lo devido à impaciência com a timidez do compositor. Chico Buarque revelou-se ao público brasileiro quando ganhou o mesmo Festival, no ano seguinte (1966), transmitido pela TV Record, com A Banda, interpretada por Nara Leão (empatou em primeiro lugar com Disparada, de Geraldo Vandré, interpretada por Jair Rodrigues).[1] No entanto, Zuza Homem de Mello, no livro A Era dos Festivais: Uma Parábola, revelou que "A Banda" venceu o festival. O musicólogo preservou por décadas as folhas de votação do festival. Nelas, consta que a música "A Banda" ganhou a competição por 7 a 5. Chico, ao perceber que ganharia, foi até o presidente da comissão e disse não aceitar a derrota de Disparada. Caso isso acontecesse, iria na mesma hora entregar o prêmio ao concorrente.[20]
No dia 10 de outubro de 1966, data da final, iniciou o processo que designaria Chico Buarque como unanimidade nacional, alcunha criada por Millôr Fernandes.[21]
Canções como Ela e sua Janela, de 1966, começam a demonstrar a face lírica do compositor. Com a observação da sociedade, como nas diversas vezes em que citação do vocábulo janela está presente em suas primeiras canções: Juca, Januária, Carolina, A Banda e Madalena foi pro Mar. As influências de Noel Rosa podem ser notadas em A Rita, 1965, citado na letra, e Ismael Silva, como em marchas-ranchos.[20]
Festivais de MPB na década de 1960 |
No festival de 1967, faria sucesso também com Roda Viva, interpretada por ele e pelo grupo MPB-4 — amigos e intérpretes de muitas de suas canções. Em 1968, voltou a vencer outro Festival, o III Festival Internacional da Canção da TV Globo. Como compositor, em parceira com Tom Jobim, com a canção Sabiá. Mas, desta vez, a vitória foi contestada pelo público, que preferiu a canção que ficou em segundo lugar: Pra não dizer que não falei de flores, de Geraldo Vandré.[1]
A participação no Festival, com A Banda, marcou a primeira aparição pública de grande repercussão apresentando um estilo amparado no movimento musical urbano carioca da Bossa nova, surgido em 1957. Ao longo da carreira, o samba e a MPB seriam estilos amplamente explorados.[20]
Trilha-sonora e adaptações de livros |
Chico participou como ator e compôs várias canções de sucesso para o filme Quando o Carnaval Chegar e foi diretor musical de Joanna Francesa com Roberto Menescal, com quem compôs a canção-tema, ambos filmes dirigidos por Cacá Diegues.[22] Compôs a canção-tema do longa-metragem Vai trabalhar Vagabundo, de Hugo Carvana — Carvana chegou a modificar o roteiro a fim de usá-la melhor. Faria o mesmo com os filmes seguintes desse diretor: Se segura malandro e Vai trabalhar vagabundo II. Adaptou canções de uma peça infantil para o filme Os Saltimbancos Trapalhões do grupo humorístico Os Trapalhões e com interpretações de Lucinha Lins. Outras adaptações de uma peça homônima de sua autoria foram feitas para o filme Ópera do Malandro, mais um musical cinematográfico. Vários filmes que tiveram canções-temas de sua autoria e que fizeram muito sucesso além dos citados: Bye Bye Brasil, Dona Flor e seus dois maridos e Eu te amo, os dois últimos com Sônia Braga. Recentemente, chegou a ter uma participação especial como ator no filme Ed Mort.[1] Ele escreveu um livro que virou filme, Benjamim, que foi ao ar nos cinemas em 2003, tendo como intérpretes dos personagens principais Cleo Pires, Danton Melo e Paulo José.[21]
Em maio de 2009, é lançado o filme Budapeste com roteiro baseado em livro homônimo de Chico Buarque. No filme, há também a participação especial do escritor.
Teatro e literatura |
Musicou as peças Morte e vida severina e o infantil Os Saltimbancos. Escreveu também várias peças de teatro, entre elas Roda Viva (proibida), Gota d'Água, Calabar (proibida), Ópera do malandro e cinco livros: Estorvo, Benjamim, Budapeste, Leite Derramado e O irmão Alemão .[21]
Chico Buarque sempre se destacou como cronista nos tempos de colégio; seu primeiro livro foi publicado em 1966, trazendo os manuscritos das primeiras composições e o conto Ulisses, e ainda uma crônica de Carlos Drummond de Andrade sobre A Banda. Em 1974, escreve a novela pecuária Fazenda modelo e, em 1979, Chapeuzinho Amarelo, um livro-poema para crianças. A bordo do Rui Barbosa foi escrito em 1963 ou 1964 e publicado em 1981. Em 1991, publica o romance Estorvo (vencedor do Prêmio Jabuti de melhor romance em 1992[23]) e, quatro anos depois, escreve o livro Benjamim. Em 2004, o romance Budapeste ganha o Prêmio Jabuti de Livro do Ano.[24] Em 2009, lança o livro Leite Derramado, que também recebe o Prêmio Jabuti de Livro do Ano.[24] Em 2016, é anunciada a estreia da versão teatral deste romance pelo Club Noir, estrelada por Helena Ignez e Luiz Päetow.[25] Oficialmente, a vendagem mínima de seus livros é de 500 mil exemplares no Brasil.
Polêmica sobre o Prêmio Jabuti |
Tanto Budapeste quanto Leite Derramado venceram o Prêmio Jabuti como Livro do Ano sem terem vencido o mesmo prêmio na categoria Melhor Romance. Budapeste foi o terceiro colocado na premiação de melhor romance de 2004, enquanto Leite Derramado havia sido o segundo colocado em 2010. Após a escolha de 2010, muitas críticas foram feitas à forma de premiação, tendo em vista que, na premiação por categorias, o júri seria composto por especialistas, sendo que na premiação para Livro do Ano, a votação representaria a vontade dos empresários do setor. Os três primeiros colocados de cada categoria concorriam ao prêmio final, de Livro do Ano. Uma petição on line, intitulada "Chico, devolve o Jabuti!", recolheu milhares de assinaturas. A editora Record (que publicara Se Eu Fechar os Olhos Agora, de Edney Silvestre, vencedor na categoria melhor romance e preterido na votação final) criticou o regulamento do prêmio, alegando que favoreceria pessoas com grande penetração na mídia e seria um desrespeito com o júri especializado e com os próprios autores, anunciando que deixaria de inscrever candidatos ao prêmio.[24] Com a polêmica, foi anunciado que em 2011 apenas os vencedores de cada categoria concorreriam à premiação final.[26]
Programas televisivos |
Deixou de participar de programas populares de televisão, tendo problemas com a TV Excelsior, durante o ensaio para o programa do Chacrinha, em que um dos produtores teria feito uma piada com a letra da canção Pedro Pedreiro: "Não dá para esse trem chegar mais cedo, não?" - referindo-se à extensão da letra de sessenta versos. Irritado, Chico foi embora e nunca se apresentou no programa.[20] O executivo Boni proibiu qualquer referência a Chico durante a programação da TV Globo, depois que ambos também tiveram um entrevero, mas por pouco tempo, uma vez que ainda durante a década de 1970 (e o começo da de 80) músicas suas constavam das trilhas de várias telenovelas, como Espelho Mágico e Sétimo Sentido.[27] Ao fim da proibição vários anos depois, Chico aceitou fazer um programa com Caetano Veloso, que contou com a participação de outros artistas.
Crítica ao Regime Militar do Brasil |
Ameaçado pelo regime militar, esteve autoexilado na Itália em 1969, onde chegou a fazer espetáculos com Toquinho. Nessa época, teve suas canções Apesar de você (que dizem ser uma alusão negativa ao presidente Emílio Garrastazu Médici, mas que Chico sustenta ser em referência à situação) e "Cálice" proibidas pela censura brasileira. Adotou o pseudônimo de Julinho da Adelaide, com o qual compôs apenas três canções: Milagre Brasileiro, Acorda amor e Jorge Maravilha. Na Itália, Chico tornou-se amigo do cantor Lucio Dalla, de quem fez a Minha História, versão em português (1970) da canção Gesù Bambino (título verdadeiro 4 marzo 1943), de Lucio Dalla e Paola Palotino.[20]
Ao voltar ao Brasil, continuou com composições que denunciavam aspectos sociais, econômicos e culturais, como a célebre Construção ou a divertida Partido Alto. Apresentou-se com Caetano Veloso (que também foi exilado, mas na Inglaterra) e Maria Bethânia. Teve outra de suas músicas associada a críticas a um presidente do Brasil. Julinho da Adelaide, aliás, não era só um pseudônimo, mas sim a forma que o compositor encontrou para driblar a censura, então implacável ao perceber seu nome nos créditos de uma música. Para completar a farsa e dar-lhe ares de veracidade, Julinho da Adelaide chegou a ter cédula de identidade e até mesmo a conceder entrevista a um jornal da época.[20]
Uma das canções de Chico Buarque que critica o regime é uma carta em forma de música, uma carta musicada que ele fez em homenagem ao Augusto Boal, que vivia no exílio, quando o Brasil ainda vivia sob a regime militar. A canção se chama Meu Caro Amigo e foi dirigida a Boal, que na época estava exilado em Lisboa. A canção foi lançada originalmente num disco de título quase igual, chamado Meus Caros Amigos, do ano de 1976.[20]
- Nordeste já
Valendo-se ainda do filão engajado após o regime militar, cantou, ainda que com uma participação individual diminuta, no coro da versão brasileira de We Are the World, o hit estadunidense que juntou vozes e levantou fundos para a USA for Africa. O projeto de criação coletiva sobre o poema de Patativa do Assaré, Nordeste já (1985) em apoio à causa da seca nordestina, unindo 155 vozes num compacto com as canções Chega de mágoa e Seca d'água.[20]
Genealogia e parentesco |
O pai de Francisco Buarque de Hollanda, Sérgio Buarque de Hollanda, é primo em primeiro grau da mãe de Aurélio Buarque de Hollanda Ferreira, Maria Buarque Cavalcanti Accioly Lins, sendo ambos netos de Manuel Buarque de Gusmão Lima. A avó materna de Aurélio Buarque de Hollanda Ferreira, Luísa Buarque de Hollanda Cavalcanti, é irmã do avô paterno de Francisco Buarque de Hollanda, Cristóvão Buarque de Hollanda. Uma genealogia parcial,[28]
- Manuel Buarque de Gusmão Lima c.c. Maria Magdalena Pais de Hollanda Cavalcanti (Pais Barreto)
- Luísa Buarque de Hollanda Cavalcanti c.c. Berino Justiniano Accioly Lins
- Maria Buarque Cavalcanti Accioly Lins c.c. Manuel Hermelindo Ferreira
- Aurélio Buarque de Hollanda Ferreira
- Maria Buarque Cavalcanti Accioly Lins c.c. Manuel Hermelindo Ferreira
- José Luís Pais Barreto Buarque
Cristóvão Buarque de Hollanda c.c. Heloísa de Araújo
Sérgio Buarque de Hollanda
- Francisco Buarque de Hollanda
- Luísa Buarque de Hollanda Cavalcanti c.c. Berino Justiniano Accioly Lins
O "eu" feminino |
Composições que se notabilizaram pela decantação de um "eu lírico" feminino, retratando temas a partir do ponto de vista das mulheres com notável poesia e beleza: esse estilo é adaptado em Com açúcar, com afeto escrito para Nara Leão; continuou nessa linha com belas canções como Olhos nos Olhos e Teresinha, gravadas por Maria Bethânia, Atrás da Porta, interpretada por Elis Regina, e Folhetim, com Gal Costa, Iolanda (versão adaptada de letra original de Pablo Milanés), num dueto com Simone, Anos Dourados – um clássico feito em parceria com Tom Jobim para a minissérie de mesmo nome e "O Meu Amor" para a peça "Ópera do Malandro" interpretada por Marieta Severo e Elba Ramalho sendo que, para essa última, fez também "Palavra de Mulher".[20]
Intérpretes de Chico Buarque |
O cantor nunca se negou a oferecer composições originais a seus amigos cantores. Muitas dessas passaram a ter versões definitivas em outras vozes. Além das citadas canções do "eu" feminino de Chico, temos o exemplo da performance de Elis Regina na canção Atrás da Porta e O cio da terra, com gravações de Milton Nascimento e da dupla rural Pena Branca & Xavantinho. Há também interpretações de Oswaldo Montenegro, que, em 1993, lançou o disco Seu Francisco, produzido por Hermínio Bello de Carvalho, e Ney Matogrosso que, em 1996, lançou Um Brasileiro.[20] Neste mesmo ano, o sambista João Nogueira, em parceria do maestro Marinho Boffa, gravaram o disco "Chico Buarque, Letra & Música", com 14 canções que marcaram a carreira do cantor.[29]
Deve-se mencionar ainda seu êxito em outras composições que fez para cantores populares que não estavam em destaque, como nos casos de Ângela Maria, que gravou Gente Humilde, e Cauby Peixoto com Bastidores. Dentre os artistas que regravaram músicas suas em estilo popular, podem ser citados ainda Rolando Boldrin, que relançou Minha História, e a banda Engenheiros do Hawaii que, no ano 2000, gravou Quando o Carnaval Chegar, no álbum 10.000 Destinos.[20]
Parceiros |
Desde muito jovem, Chico conquistou reconhecimento de crítica e público tão logo os primeiros trabalhos foram apresentados. Ao longo da carreira, foi parceiro como compositor e intérprete de vários dos maiores artistas da MPB como Tom Jobim, Vinícius de Moraes, Toquinho, Milton Nascimento, Ruy Guerra e Caetano Veloso. Os parceiros mais constantes são Francis Hime e Edu Lobo.[20]
Obra teatral |
Em 1965, a pedido de Roberto Freire, diretor do Teatro da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (TUCA), na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Chico musicou o poema Morte e Vida Severina de João Cabral de Melo Neto, para a montagem da peça.[20] Desde então, sua presença no teatro brasileiro tem sido constante:[21]
- Roda viva
A peça Roda viva foi escrita por Chico Buarque no final de 1967 e estreou no Rio de Janeiro, no início de 1968, sob a direção de José Celso Martinez Corrêa, com Marieta Severo, Heleno Pests e Antônio Pedro nos papéis principais. A temporada no Rio foi um sucesso, mas a obra virou um símbolo da resistência contra o regime militar durante a temporada da segunda montagem, com Marília Pêra e Rodrigo Santiago. Um grupo de cerca de 110 pessoas do Comando de Caça aos Comunistas (CCC) invadiu o Teatro Galpão, em São Paulo, em julho daquele ano, espancou artistas e depredou o cenário. No dia seguinte, Chico Buarque estava na plateia para apoiar o grupo e começava um movimento organizado em defesa de Roda viva e contra a censura nos palcos brasileiros. Chico disse no documentário Bastidores, que pode ter havido um erro, e que a peça que o comando deveria invadir acontecia em outro espaço do teatro.
- Calabar
Calabar: o Elogio da Traição, foi escrita no final de 1973, em parceria com o cineasta Ruy Guerra e dirigida por Fernando Peixoto. A peça relativiza a posição de Domingos Fernandes Calabar no episódio histórico em que ele preferiu tomar partido ao lado dos holandeses contra a coroa portuguesa. Era uma das mais caras produções teatrais da época, custou cerca de 30 mil dólares e empregava mais de 80 pessoas. Como sempre, a censura do regime militar deveria aprovar e liberar a obra em um ensaio especialmente dedicado a isso. Depois de toda a montagem pronta e da primeira liberação do texto, veio a espera pela aprovação final. Foram três meses de expectativa e, em 20 de outubro de 1974, o general Antônio Bandeira, da Polícia Federal, sem motivo aparente, proibiu a peça, proibiu o nome "Calabar" e proibiu que a proibição fosse divulgada. O prejuízo para os autores e para o ator Fernando Torres, produtores da montagem, foi enorme. Seis anos mais tarde, uma nova montagem estrearia, desta vez, liberada pela censura.[21]
- Gota d'água
Em 1975, Chico escreveu com Paulo Pontes a peça Gota d'Água, a partir de um projeto de Oduvaldo Viana Filho, que já havia feito uma adaptação de Medeia, de Eurípedes, para a televisão. A tragédia urbana, em forma de poema com mais de quatro mil versos, tem como pano de fundo as agruras sofridas pelos moradores de um conjunto habitacional, a Vila do Meio-dia, e, no centro, a relação entre Joana e Jasão, um compositor popular cooptado pelo poderoso empresário Creonte. Jasão termina por largar Joana e os dois filhos para casar-se com Alma, a filha do empresário. A primeira montagem teve Bibi Ferreira no papel de Joana e a direção de Gianni Ratto. Luiz Linhares foi um dos atores daquela primeira montagem.[21]
- Ópera do malandro
Ver artigo principal: Ópera do Malandro
O texto da Ópera do malandro é baseado na Ópera dos mendigos (1728), de John Gay, e na Ópera de três vinténs (1928), de Bertolt Brecht e Kurt Weill. O trabalho partiu de uma análise dessas duas peças conduzida por Luís Antônio Martinez Corrêa e que contou com a colaboração de Maurício Sette, Marieta Severo, Rita Murtinho e Carlos Gregório.[21]
A equipe também cooperou na realização do texto final através de leituras, críticas e sugestões. Nessa etapa do trabalho, muito valeram os filmes Ópera de três vinténs, de Pabst, e Getúlio Vargas, de Ana Carolina, os estudos de Bernard Dort O teatro e sua realidade, as memórias de Madame Satã, bem como a amizade e o testemunho de Grande Otelo. Participou ainda o professor Manuel Maurício de Albuquerque para uma melhor percepção dos diferentes momentos históricos em que se passam as três óperas. O professor Werneck Viana contribuiu posteriormente com observações muito esclarecedoras. E Maurício Arraes juntou-se ao grupo, já na fase de transposição do texto para o palco. A peça é dedicada à lembrança de Paulo Pontes.[21]
- O Grande Circo Místico
Ver artigo principal: O Grande Circo Místico
Inspirado no poema do modernista Jorge de Lima, Chico e Edu Lobo compuseram juntos a trilha sonora para este espetáculo especialmente criado para o Balé Teatro Guaíra, de Curitiba, que estreou em 17 de março de 1983.[30] Durante os dois anos seguintes, viajaram o país apresentando este que foi um dos maiores e mais completos espetáculos já realizados. Um disco coletivo foi lançado pela Som Livre para registrar a obra, com interpretações de grandes nomes da MPB.
Discografia |
Ver artigo principal: Discografia de Chico Buarque
- 1966: Chico Buarque de Hollanda
- 1966: Morte e Vida Severina
- 1967: Chico Buarque de Hollanda vol. 2
- 1968: Chico Buarque de Hollanda (compacto)
- 1968: Chico Buarque de Hollanda vol. 3
- 1969: Umas e Outras (compacto)
- 1969: Chico Buarque na Itália
- 1970: Apesar de Você
- 1970: Per un Pugno di Samba
- 1970: Chico Buarque de Hollanda - Nº4
- 1971: Construção
- 1972: Quando o Carnaval Chegar
- 1972: Caetano e Chico Juntos e ao Vivo
- 1973: Chico Canta
- 1974: Sinal Fechado
- 1975: Chico Buarque & Maria Bethânia ao Vivo
- 1976: Meus Caros Amigos
- 1977: Milton & Chico
- 1977: Os Saltimbancos
- 1977: Gota d'Água
- 1978: Chico Buarque
- 1979: Ópera do Malandro
- 1980: Vida
- 1980: Show 1º de Maio
- 1981: Almanaque
- 1981: Saltimbancos Trapalhões
- 1982: Chico Buarque en Español
- 1983: Para Viver um Grande Amor (trilha sonora)
- 1983: O Grande Circo Místico
- 1984: Chico Buarque
- 1985: O Corsário do Rei
- 1985: Malandro
- 1986: Melhores Momentos de Chico & Caetano
- 1986: Ópera do Malandro
- 1987: Francisco
- 1988: Dança da Meia-Lua
- 1989: Chico Buarque
- 1990: Chico Buarque ao vivo Paris Le Zenith (disco de ouro)
- 1993: Paratodos (disco de ouro)
- 1995: Uma Palavra
- 1997: Terra
- 1998: As Cidades (disco de ouro)
- 1998: Chico Buarque de Mangueira
- 1999: Chico ao Vivo (disco de ouro)
- 2001: Cambaio
- 2002: Chico Buarque – Duetos
- 2004: Perfil - Chico Buarque
- 2005: Chico No Cinema
- 2006: Carioca (CD + DVD com o documentário Desconstrução)
- 2007: Carioca Ao Vivo
- 2008: Chico Buarque Essencial
- 2010: Chico Buarque Perfil 2
- 2011: Chico
- 2012: Na Carreira - Ao Vivo
- 2017: Caravanas
- 2018: Caravanas - Ao Vivo
Videografia |
- 2001: Chico e as Cidades (disco de ouro)
- 2003: Chico ou o país da delicadeza perdida (DVD)
- 2005: Meu Caro Amigo (DVD) (disco de platina)
- 2005: À Flor da Pele (DVD) (disco de platina)
- 2005: Vai passar (DVD) (disco de platina)
- 2005: Anos Dourados (disco de platina)
- 2005: Estação Derradeira (DVD) (disco de platina)
- 2005: Bastidores (disco de platina)
- 2006: Roda Viva
- 2006: O Futebol
- 2006: Romance
- 2006: Uma Palavra
- 2006: Cinema
- 2006: Saltimbancos
- 2006: Carioca (CD + DVD com o documentário Desconstrução)
- 2007: Carioca Ao Vivo
- 2012: Na Carreira (DVD)
- 2018: Caravanas - Ao Vivo (DVD)
Outros trabalhos |
Livros
| Peças
| Filmes
|
Prêmios e Indicações |
Ano | Prêmio | Categoria | Nomeação | Resultado |
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1967 | Troféu Imprensa [31] | Revelação do Ano | Chico Buarque | Venceu |
1972 | Melhor Cantor | Indicado | ||
1975 | Venceu | |||
1976 | Indicado | |||
1992 | Prêmio Jabuti [32] | Romance | Estorvo | Venceu |
Livro do Ano Ficção | Venceu | |||
2002 | Grammy Latino [33] | Melhor Álbum de Música Popular Brasileira | Cambaio | Venceu |
2004 | Prêmio Jabuti [34] | Livro do Ano Ficção | Budapeste | Venceu |
Romance | Venceu | |||
2008 | Grammy Latino [35] | Melhor Álbum de Música Popular Brasileira | Carioca - Ao Vivo | Indicado |
2010 | Prêmio Jabuti [36] | Livro do Ano Ficção | Leite Derramado | Venceu |
Romance | Venceu | |||
2012 | Grammy Latino [37] | Álbum do Ano | Chico | Indicado |
2013 | Prémio Casa de las Américas | Prémio de Narrativa José María Arguedas | Leite derramado | Venceu |
2014 | Prémio da Associação Paulista dos Críticos de Arte (1972) | Categoria Romance | O Irmão Alemão | Venceu |
Ver também |
- Chico Buarque: Histórias de Canções
Referências
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Bibliografia |
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Ligações externas |
- Página oficial
Chico Buarque (em inglês) no Internet Movie Database
- Entrevista ao jornal Folha de S.Paulo