Guerra dos Sete Anos
Guerra dos Sete Anos | |||
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Data | 1756 – 1763 | ||
Local | Europa, África, Índia, América do Norte, Filipinas | ||
Desfecho | Vitória da Coalizão Anglo-Prussiana
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Mudanças territoriais | Status quo ante bellum na Europa. Transferência de possessões coloniais entre a Grã-Bretanha, França, Espanha e Portugal.
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Beligerantes | |||
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Comandantes | |||
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Baixas | |||
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868 000 – 1 400 000 mortos (combatentes e civis)[3] |
A Guerra dos Sete Anos foi uma série de conflitos internacionais que ocorreram entre 1756 e 1763, durante o reinado de Luís XV, entre a França, a Monarquia de Habsburgo e seus aliados (Saxônia, Império Russo, Império Sueco e Espanha), de um lado, e a Inglaterra, Portugal, o Reino da Prússia e Reino de Hanôver, de outro. Vários fatores desencadearam a guerra: a preocupação das potências europeias com o crescente prestígio e poderio de Frederico II, o Grande, Rei da Prússia; as disputas entre a Monarquia de Habsburgo e o Reino da Prússia pela posse da Silésia, província oriental alemã, que passara ao domínio prussiano em 1742 durante a Guerra de Sucessão Austríaca; e a disputa entre a Grã-Bretanha e a França pelo controle comercial e marítimo das colônias das Índias e da América do Norte. Também foi motivada pela disputa por territórios situados na África, Ásia e América do Norte.
A fase norte-americana foi denominada Guerra Franco-Indígena (ou Guerra Francesa e Indígena), e participaram a Inglaterra e suas colônias norte-americanas contra a França e seus aliados algonquinos. A fase asiática iniciou o domínio britânico nas Índias.
Foi o primeiro conflito a ter carácter mundial, e o seu resultado é muitas vezes apontado como o ponto fulcral que deu origem à inauguração da era moderna. A Guerra foi precedida por uma reformulação do sistema de alianças entre as principais potências europeias, a chamada Revolução Diplomática de 1756, e caracterizou-se pelas sucessivas derrotas francesas na Alemanha (Rossbach), no Canadá (queda de Québec e Montreal) e na Índia. O conflito terminou com a vitória da Inglaterra e seus aliados.
Índice
1 Principais batalhas
2 Motivos da guerra
3 Desenrolar da guerra
4 Operações nas colônias
5 A paz
6 Ver também
7 Referências
8 Bibliografia
Principais batalhas |
As principais batalhas em território europeu foram:
Batalha de Minorca (20 de maio de 1756)
Batalha de Lobositz (1 de outubro de 1756)
Batalha de Reichenberg (21 de abril de 1757)
Batalha de Praga (22 de maio de 1757)
Batalha de Kolin (18 de junho de 1757)
Batalha de Hastenbeck (26 de julho de 1757)
Batalha de Gross-Jägersdorf (30 de agosto de 1757)
Batalha de Moys (7 de setembro de 1757)
Batalha de Rossbach (5 de novembro de 1757)
Batalha de Breslau (22 de novembro de 1757)
Batalha de Leuthen (5 de dezembro de 1757)
Batalha de Krefeld (23 de junho de 1758)
Batalha de Zorndorf (25 de agosto de 1758)
Batalha de Hochkirch (14 de outubro de 1758)
Batalha de Bergen (13 de abril de 1759)
Batalha de Kay (23 de julho de 1759)
Batalha de Minden (1 de agosto de 1759)
Batalha de Kunersdorf (12 de agosto de 1759)- Batalha de Hoyerswerda
Batalha de Maxen (21 de novembro de 1759)
Batalha de Meissen (4 de dezembro de 1759)
Batalha de Landshut (23 de junho de 1759)
Batalha de Warburg (1 de agosto de 1759)
Batalha de Liegnitz (15 de agosto de 1760)
Batalha de Torgau (3 de novembro de 1760)
Batalha de Villinghausen (1761)
Batalha de Burkersdorf (21 de julho de 1761)- Batalha de Lutterberg
- Batalha de Freiberg
Motivos da guerra |
A guerra deu continuidade a disputas não apaziguadas pelo Tratado de Aquisgrão (1748) e tinha relação com a rivalidade colonial e econômica anglo-francesa, e com a luta pela supremacia nos Estados Alemães entre a Monarquia de Habsburgo e o Reino da Prússia. A guerra prosseguiu na América do Norte, com a expedição de Braddock,[desambiguação necessária] que entre 1695 e 1755 comandou as forças britânicas contra os franceses e indígenas.[4] Cada facção estava insatisfeita com seus antigos aliados. A Inglaterra tomou a iniciativa quando capturou trezentos navios franceses sem declarar guerra, e em seguida, com o Acordo de Westminster (1756), pelo qual estabelece uma aliança militar com Frederico II da Prússia para defender Hanôver de um possível ataque francês.
A França, por sua vez, com os dois tratados de Versalhes (1756 e 1757) obteve a promessa de aliança de Maria Teresa de Áustria e de seu ministro Kaunitz. Maria Teresa também se aliou com Isabel da Rússia.
Desenrolar da guerra |
Ao longo dos sete anos, 1756-1763, as grandes potências europeias levam a guerra às suas possessões em todo o mundo. Enquanto nas colônias americanas e da Índia os sucessos pertencem aos Ingleses, e apesar da tentativa do Pacto de Família com os Bourbons da Espanha, na Europa, numa fase inicial, a aliança franco-austríaca é bem sucedida, contando com a ajuda dos príncipes alsacianos, da Suécia e do Império Russo.
A guerra na Europa teve início no verão de 1756, quando Frederico II da Prússia resolveu, preventivamente, atacar o Eleitorado da Saxônia, estado do Sacro Império Romano-Germânico aliado da Áustria de Maria Teresa, e ocupar a capital, Dresda. Em poucas semanas, ele logrou capturar a totalidade do exército saxônico (18 mil homens) em Pirna. Adiantava-se, assim, ao iminente ataque preparado contra o Reino da Prússia pela coalizão formada pela Monarquia de Habsburgo, Império Russo, Suécia, Eleitorado da Saxônia e França.
Embora tivesse o melhor exército da Europa, a situação estratégica da Prússia era preocupante. A Prússia, como um todo, estava ameaçada ao norte pela Suécia (que dispunha de um exército pequeno) e pela Áustria ao sul. A oeste, um punhado de príncipes alemães, fiéis a Maria Teresa, formara um exército contrário a Frederico e que viria a operar na Saxônia. A noroeste, o Hanôver, apoiado por tropas britânicas, oferecia uma ilusória proteção aos prussianos. A leste, a neutra Polônia era uma nação permeável às tropas russas que, em um primeiro momento, estavam interessadas em ocupar a Prússia Oriental.
Durante o ano de 1756, as tropas prussianas conquistaram uma série de vitórias. Frederico II invadiu a Boêmia e, em 6 de maio de 1757, bateu os austríacos na disputada Batalha de Praga. Mas no dia 18 de junho, Frederico acabou sendo derrotado pelo marechal austríaco Daun em Kolin, o que o obrigou a abandonar a Boêmia. A Prússia, a partir de então, foi obrigada a enfrentar uma guerra defensiva em três frentes: a Suécia atacou a Pomerânia; as tropas russas invadiram a região oriental do território prussiano, obtendo uma importante vitória; a França penetrou na Prússia ocidental e os austríacos marcharam sobre a Silésia.
Apesar da inferioridade do exército de Frederico ante as tropas inimigas, o rei obteve duas grandes vitórias em 1757: em 5 de novembro infligiu uma esmagadora derrota a um exército franco-germânico em Rossbach e, em 5 de dezembro, esmagou os austríacos em Leuthen, na Silésia, salvando a Prússia de uma invasão.
Frederico foi muito pressionado em 1758, mas derrotou, em Zorndorf, as tropas russas, que ameaçavam Berlim, e fez com que recuassem para Landsberg e Königsberg. Ferdinando de Brunsvique protegeu seu flanco ocidental com um exército anglo-hanoveriano. Na Batalha de Hochkirch, no entanto, o inesperado ataque dos austríacos obrigou o rei prussiano a recuar até Dresda. Em agosto de 1759, Frederico sofreria a sua mais terrível derrota, em Kunersdorf, ao atacar uma força austro-russa reunida a leste do rio Oder. Apenas o desentendimento entre as tropas austríacas e russas e a logística podem explicar a salvação de Berlim naquele ano.
Em situação precária, o rei recuperou sua capacidade ofensiva graças a um novo tratado com a Inglaterra, que lhe forneceu a ajuda financeira necessária ao prosseguimento da guerra. Em 1760, as tropas prussianas iniciaram seu avanço em direção à Silésia, onde venceram os russos e os austríacos. As forças militares do monarca prussiano, embora prodigiosas, começavam a mostrar sinais de esgotamento. Nesse mesmo ano seria travado o último grande combate de Frederico II: a Batalha de Torgau, em que prussianos e austríacos sofreram pesadas baixas.
Ocorreu então o que é chamado pelos historiadores austríacos de o milagre da Casa de Brandemburgo: com a morte da czarina Isabel, em 1762, subiu ao trono russo seu sobrinho, Pedro III, que nutria grande admiração por Frederico e pela Prússia. Rompeu-se assim a coalizão antiprussiana. O novo czar não apenas reverteu sua política e assinou um armistício com Frederico II (deixando o rei livre da frente oriental), como também atuou como mediador entre prussianos e suecos. Pôs seu exército à disposição do rei e se juntou aos prussianos para expulsar os austríacos da Silésia. Pedro III foi assassinado meses depois de subir ao trono, mas sua viúva e sucessora, Catarina II da Rússia, manteve a paz com a Prússia.
Sem o apoio do exército russo, os austríacos foram derrotados em Burkersdorf e Freiberg.
Operações nas colônias |
Paralelamente aos conflitos nos campos de batalha da região central da Europa, os combates travados entre a Inglaterra e a França pela posse das colônias da América do Norte e das Índias estenderam-se às Índias Ocidentais, oeste da África, Mediterrâneo, Canadá e Caribe.
A ocupação da ilha de Minorca, então possessão inglesa, pelos franceses, em 1756, provocou o bloqueio inglês às costas da França em Toulon e Brest, o que deixou indefeso o Canadá francês diante dos ataques lançados pelos ingleses às colônias ao sul do rio São Lourenço.
Em julho de 1757, o primeiro-ministro Pitt, o Velho, subiu ao poder na Inglaterra e conduziu a guerra com habilidade e vigor. Enquanto a França via-se limitada pelos seus compromissos continentais, a Grã-Bretanha tomava o controle do Atlântico e isolava as forças francesas na América do Norte. Precisando de reforços, Louisbourg caiu em 1758. O ano de 1759 foi de vitórias britânicas - Wolfe capturou a cidade de Québec, Ferdinando derrotou o exército francês em Minden e Hawke destruiu a frota francesa na baía de Quiberon. Com a tomada de Montreal, em 1760, depois das vitórias navais britânicas da baía de Quiberon e Grandes Lagos, todas as possessões francesas no Canadá passaram às mãos dos ingleses, que conquistaram ainda alguns portos do Mediterrâneo.
Na Índia, Robert Clive havia conseguido o controle de Bengala em Plassey. Os franceses se renderam nas Índias em 1761. O almirante Boscawen atacou com sucesso as Índias Ocidentais francesas. Em 1761, a Espanha entrou na guerra e Pitt renunciou. A França assinara com a Espanha o chamado Pacto de Família, o que provocou a invasão de Cuba pela Inglaterra e a ocupação de Manila, nas Índias Ocidentais. Até o ano de 1763, os britânicos controlavam a Havana espanhola e todas as ilhas francesas, com exceção de Santo Domingo.
Em meados do século XVIII, o relacionamento saudável entre a Inglaterra e as Treze Colônias foi modificado devido a dois fatores paralelos:
- A ocorrência da Revolução Industrial.
- A vitória das Treze Colônias na Guerra dos Sete Anos.
A paz |
Todos estavam dispostos a um acordo de paz. No cômputo global do conflito, a Inglaterra e o Reino da Prússia foram os grandes vitoriosos.
Em 1762, o Tratado de São Petersburgo devolveu a Pomerânia ao Reino da Prússia, antigo território Germânico, tomado pelos Suecos na Guerra dos Trinta Anos. Pelo Tratado de Paris, firmado em 1763, franceses, austríacos e ingleses assinarem a paz. No acordo firmado, os ingleses ganham o Canadá e parte da Louisiana, Flórida (que foi cedida pela Espanha), algumas ilhas das Antilhas (São Vicente e Granadinas, Tobago, Granada, São Luís[desambiguação necessária], e feitorias costeiras do Senegal, na África, além de ter de reconhecer todas as conquistas inglesas nas Índias Ocidentais. A favor de Espanha, para compensá-la dos prejuízos advindos da guerra, a França cedeu o resto da Louisiana e Nova Orleans. Os franceses perdiam também toda a influência na Índia.
Finalmente, em 15 de fevereiro de 1763, foi firmada a paz definitiva em Hubertusburgo. Pelo Tratado de Hubertsburg, a Áustria renunciou definitivamente à Silésia e a cedeu à Prússia, enquanto a Polônia era dividida pela primeira vez, ocupada pelo Reino da Prússia, Império Russo e Monarquia de Habsburgo.
A Prússia se afirma como concorrente da Áustria na liderança dos estados alemães, lançando as bases do futuro Império Alemão. As importantes vitórias inglesas sobre a França, solidificadas no Tratado de Paris, lançam as bases do futuro Império Colonial Britânico.
No Brasil, houve repercussão dessa luta. Portugal não aderiu ao Pacto de Família, o que motivou o ataque dos espanhóis do rio da Prata ao sul do Brasil. O Tratado de Santo Ildefonso, assinado em 1777, encerrou o conflito: a Espanha tomou posse da Colônia do Sacramento e de grande parte do atual território do Rio Grande do Sul, enquanto Portugal recuperava a ilha de Santa Catarina.[5]
A Guerra dos Sete Anos foi um dos elementos que desencadeou a Guerra Mojeña que fez com que o Rio Guaporé servisse de fronteira entre a Bolívia, ao sul, e o Estado brasileiro de Rondônia, ao norte[6].
Ver também |
- Milagre da Casa de Brandemburgo
Referências
↑ Speelman, P.J. (2012). Danley, M.H.; Speelman, P.J., eds. The Seven Years’ War: Global Views. Brill. ISBN 978-90-04-23408-6.
↑ abc Clodfelter, M. (2017). Warfare and Armed Conflicts: A Statistical Encyclopedia of Casualty and Other Figures, 1492-2015 (4ª ed.). Jefferson, North Carolina: McFarland. ISBN 978-0786474707.
↑ "Statistics of Wars, Oppressions and Atrocities of the Eighteenth Century: Seven Years War". Página acessada em 19 de junho de 2017.
↑ «A Batalha de Monongahela». World Digital Library. 1755. Consultado em 4 de agosto de 2013
↑ Dias, Manuel Augusto [Portugal na Guerra dos Sete Anos] no Jornal A Voz de Ermesinde, edição de 30-03-2012
↑ Guerra nas missões de Mojos: uma análise do conflito luso-espanhol pela posse da antiga missão jesuítica de Santa Rosa de Mojos no rio Guaporé (1760-1764), acesso em 14 de fevereiro de 2017.
Bibliografia |
- Marston, Daniel. The Seven Years' War: Essential Histories. Oxford, UK: Osprey, 2001.
- Szabo, Franz A.J. The Seven Years' War in Europe 1756–1763. Longman, 2007.