Produto interno
Em matemática, chamamos de produto interno uma função de dois vetores que satisfaz determinados axiomas. O produto escalar, comumente usado na geometria euclidiana, é um caso especial de produto interno.
Obs: em física, em particular em aplicações da teoria da Relatividade, o produto interno tem propriedades um pouco diferentes. Para maiores detalhes, ver Espaço de Minkowski.
Índice
1 Definições
2 Exemplos
3 Propriedades
3.1 Ângulo e ortogonalidade
4 Ver também
5 Referências
6 Ligações externas
Definições |
Seja V{displaystyle V} um espaço vetorial sobre um corpo K,{displaystyle mathbb {K} ,} um subcorpo de C{displaystyle mathbb {C} } (veja números complexos). Para todos os vetores u,v,w∈V{displaystyle u,v,win V} e todos os escalares λ∈K,{displaystyle lambda in mathbb {K} ,} uma função binária
com as seguintes propriedades:[1]
- Simetria hermitiana: sendo que z¯{displaystyle {overline {z}}} representa o conjugado complexo de z∈C.{displaystyle zin mathbb {C} .}
⟨u,v⟩=⟨v,u⟩¯{displaystyle langle u,vrangle ={overline {langle v,urangle }}}
- Distributividade (ou linearidade):
⟨u+v,w⟩=⟨u,w⟩+⟨v,w⟩{displaystyle langle u+v,wrangle =langle u,wrangle +langle v,wrangle }
- Homogeneidade (ou associatividade):
⟨λu,v⟩=λ⟨u,v⟩{displaystyle langle lambda u,vrangle =lambda langle u,vrangle }
- Positividade:
⟨v,v⟩≥0;⟨v,v⟩=0⇔v→=0→{displaystyle {begin{aligned}&langle v,vrangle geq 0;&\&langle v,vrangle =0Leftrightarrow {overrightarrow {v}}={overrightarrow {0}}&end{aligned}}}
é chamada um produto interno.
A partir desses axiomas, é possível provar as seguintes consequências:
Exemplos |
Um espaço vetorial de dimensão finita no qual está definido um produto interno é um espaço vetorial euclidiano. O produto escalar sobre o espaço vetorial R3{displaystyle mathbb {R} ^{3}} dado por
é um produto interno.
Esta definição de produto escalar pode ser referida como produto interno usual. Podemos ter uma outra definição tal qual se tenha um produto diferente do citado acima, desde que se respeitem os axiomas de produto interno.
Ainda no R3,{displaystyle mathbb {R} ^{3},} podemos escrever o produto interno numa forma matricial:
onde
De fato, podemos definir, para qualquer matriz A{displaystyle A} de ordem 3x3, a seguinte função
por
e temos, assim, que ⟨⋅,⋅⟩{displaystyle langle cdot ,cdot rangle } é um produto interno se:
- A Matriz A tem o termo a11{displaystyle a_{11}} maior que zero
- O Determinante da matriz A é maior que zero
- A Matriz A é simétrica
Em alguns casos pode ser mais prático para provar se determinada operação é, ou não, produto interno.
Obs: no caso complexo, essas condições não são válidas. Uma condição necessária é que a matriz seja auto-adjunta, ou seja, ela deve ser igual à transposta da sua conjugada.
No espaço R2,{displaystyle mathbb {R} ^{2},} a função que associa a cada par de vetores u = (x1,y1){displaystyle (x_{1},y_{1})} e v = (x2,y2){displaystyle (x_{2},y_{2})} o número real:
é um produto interno.
De fato:
Onde A tem o termo a11=3>0,{displaystyle a_{11}=3>0,} o determinante é igual a 12 e a matriz é simétrica.
Se formos demonstrar, para todos os axiomas, teremos que este é um produto interno.
Se V{displaystyle V} for o espaço das funções contínuas complexas com domínio [0,1],{displaystyle [0,1],} a função
dada por
é um produto interno.
Propriedades |
Num espaço vetorial com produto interno, é possível definir os conceitos de ortogonalidade, norma, distância e ângulo entre vetores.
Seja V{displaystyle V} um espaço vetorial real ou complexo com produto interno.
Norma
Podemos definir uma norma ‖⋅‖{displaystyle left|cdot right|} em V{displaystyle V} por
Se V{displaystyle V} com a métrica induzida pela norma acima for um espaço métrico completo, dizemos que V{displaystyle V} é um espaço de Hilbert.
Ângulo e ortogonalidade |
Dizemos que dois vetores u{displaystyle u} e v{displaystyle v} de V{displaystyle V} são ortogonais se, e somente se, ⟨u,v⟩=0.{displaystyle langle u,vrangle =0.}
Se V{displaystyle V} for um espaço vetorial real, da desigualdade de Cauchy-Schwarz temos, para dois vetores u{displaystyle u} e v{displaystyle v} de V,{displaystyle V,} que
Podemos, então, definir o ângulo θ entre esses dois vetores por:
ou simplesmente
Ver também |
- Wikilivros
- Álgebra
- Produto Vetorial ou Externo
Referências
↑ APOSTOL, Tom (1969). Calculus. II Segunda ed. Nova Iorque: John Wiley & Sons
Ligações externas |
- Petrônio Pulino. Álgebra Linear e suas Aplicações - Cap. 5: Produto Interno, 2009.