Crença
Nota: Para o conceito no contexto religioso, veja Crença religiosa.
Crença é o estado psicológico em que um indivíduo adota e se detém a uma proposição ou premissa para a verdade,[1] ou ainda, uma opinião formada ou convicção.[2]
Índice
1 Crença, conhecimento e epistemologia
2 Crença e psicologia
3 A formação da crença
3.1 A "crença em"
4 Ver também
5 Referências
Crença, conhecimento e epistemologia |
Os termos crença e conhecimento são usados de formas diferentes na filosofia.
A Epistemologia é o estudo filosófico do conhecimento e da crença. O principal problema na epistemologia é entender exatamente o que é necessário para que nós tenhamos conhecimento verdadeiro. Em uma noção derivada do diálogo de Platão Teeteto, a filosofia tem tradicionalmente definido conhecimento como "crença verdadeira justificada". A relação entre crença e conhecimento é que uma crença é o conhecimento, se a crença é verdadeira e se o crente tem uma justificativa (afirmações/provas /orientações razoáveis e necessariamente plausíveis) para acreditar que é verdade.
A falsa crença não é considerada conhecimento, mesmo que seja sincera. Por exemplo, um crente da teoria da Terra plana não sabe que a Terra é esférica. Mais tarde, os epistemólogos por exemplo Gettier (1963)[3] e Goldman (1967),[4] questionaram a definição de "crença verdadeira justificada".
Como Descartes, Peirce começou diferenciando crença de dúvida. Para ele, esses são dois estados de mente relativamente fáceis de distinguir, o estado de dúvida, observa ele, é "um estado irritante e insatisfatório, do qual lutamos para nos libertar"; diferentemente, o estado de crença "é calmo e satisfatório". Não somente sentido um forte desejo de converter a dúvida em crença, mas chegamos a nos esforçar para manter as crenças que já temos, para evitar cair novamente em dúvida. Peirce diz "Atemo-nos tenazmente, não somente em crer, mas a crer exatamente naquilo que já cremos."[5][6]
Crença e psicologia |
Na psicologia, o termo crença na autoeficiência, define a crença de alguém em seu próprio poder de agir de modo efetivo ou de influencia eventos. Associada ao trabalhado de Albert Bandura, a teoria da autosuficiência argumenta que uma forte crença na autosuficiência contribui para um senso positivo de lidar com o mundo, portanto está intimamente ligada com a noção de locus interno de controle.[7] De acordo com Bandura, é mais saudável psicologicamente para um indivíduo ter uma crença em sua autosuficiência levemente mais alta do que a evidência pode garantir, desde que isso o encoraja a assumir tarefas mais difícies e a persistir nelas.[7]
As crenças são, por vezes, divididas em crenças raiz (que estão ativamente pensadas) e crenças disposicionais (a que pode ser atribuída a alguém um que não tenha pensado sobre o assunto). Por exemplo, se perguntado: "você acredita que tigres vestem pijamas?" uma pessoa pode responder que não, apesar do fato de que eles podem nunca ter pensado sobre essa situação antes.[8]
A formação da crença |
Os estudos dos Psicólogos indicam a formação das crenças e a relação entre crenças e ações. As crenças se formam a partir de várias maneiras:
- Tendemos a interiorizar as crenças das pessoas ao nosso redor, durante a infância. Albert Einstein é frequentemente citado como tendo dito que "O senso comum é a coleção de preconceitos adquiridos por dezoito anos."[9] A maioria das pessoas acreditam na religião ensinada e vivida na infância.[10]
- As pessoas podem adotar as crenças de um líder carismático, mesmo que essas crenças desapareçam, em face de todas as crenças anteriores e produzam ações que não são claramente de próprio interesse.[11] A crença é voluntaria? Indivíduos racionais precisam conciliar sua realidade direta com qualquer dita crença e, portanto, se a crença não está presente ou possível, isso reflete o fato de que as contradições eram necessariamente superadas, usando dissonância cognitiva.
- A propaganda pode formar ou mudar as crenças através da repetição, choque e associação com imagens de sexo, amor, beleza e outras fortes emoções positivas.[12]
- Trauma físico, especialmente na cabeça, pode alterar radicalmente as crenças de uma pessoa.[13]
No entanto, mesmo as pessoas mais educadas e conscientes do processo pelo qual as crenças se formam, ainda se agarram firmemente às suas crenças e agem de acordo com essas crenças, mesmo contra seu próprio interesse. Na Teoria da Liderança de Anna Rowley, ela afirma: "Você quer que suas crenças mudem. É a prova de que você está mantendo os olhos abertos, vivendo plenamente e aceitando tudo o que o mundo e as pessoas ao seu redor podem lhe ensinar." Isso significa que as crenças dos povos devem evoluir à medida que ganham novas experiências.[14]
A "crença em" |
"Crer em" alguém ou alguma coisa é um conceito distinto de "acreditar que". Existem dois tipos de "crença em":[15]
Comendatária -uma expressão de confiança em uma pessoa ou entidade, como em "Eu acredito em sua capacidade de fazer o trabalho."
Afirmação existencial - reivindicar a crença na existência de uma entidade ou fenômeno com a necessidade implícita de justificar sua pretensão de existência. É frequentemente usada quando a entidade não é real, ou a sua existência está em dúvida. "Ele acredita em bruxas e fantasmas" ou "muitas crianças acreditam em Papai Noel" são exemplos típicos.[16]
Ver também |
- Cognição
- Fé
- Convicção
- Certeza
- Religião
- Opinião
- Pensamento crítico
- Verdade
Referências
↑ Schwitzgebel, Eric (2006), «Belief», in: Zalta, Edward, The Stanford Encyclopedia of Philosophy, Stanford, CA: The Metaphysics Research Lab, consultado em 19 de setembro de 2008 (em inglês)
↑ Dicionário UNESP do português contemporâneo. [S.l.]: UNESP. 2004. p. 358. ISBN 978-85-7139-576-3
↑ Gettier, E. L. (1963). «Is justified true belief knowledge?». Analysis. 23 (6): 121–123. JSTOR 3326922
↑ Goldman, A. I. (1967). «A causal theory of knowing». The Journal of Philosophy. 64 (12): 357–372. JSTOR 2024268
↑ Charles Sanders Peirce. The Essential Peirce, Volume 1: Selected Philosophical Writings (1867–1893). I. [S.l.]: Indiana University Press. p. 114. ISBN 978-0-253-20721-0
↑ CORNELIS DE WAAL. Sobre pragmatismo. [S.l.]: LOYOLA. p. 32. ISBN 978-85-15-03295-2
↑ ab Peter Stratton (2003). Dicionário de Psicologia. [S.l.]: Cengage Learning Editores. p. 55. ISBN 978-85-221-0091-0
↑ Bell, V.; Halligan, P. W.; Ellis, H. D. (2006). «A Cognitive Neuroscience of Belief». In: Halligan, Peter W.; Aylward, Mansel. The Power of Belief: Psychological Influence on Illness, Disability, and Medicine. Oxford: Oxford University Press. ISBN 0-19-853010-2 (em inglês)
↑ Gelman, Andrew; Park, David; Shor, Boris; Bafumi, Joseph; Cortina, Jeronimo (2008). Red State, Blue State, Rich State, Poor State: Why Americans Vote the Way They Do. [S.l.]: Princeton University Press. ISBN 978-0-691-13927-2
↑ Argyle, Michael (1997). The Psychology of Religious Behaviour, Belief and Experience. London: Routledge. p. 25. ISBN 0-415-12330-5.A religião, na maioria das culturas, é atribuída, não escolhida.
(em inglês)
↑ Hoffer, Eric (2002). The True Believer. New York: Harper Perennial Modern Classics. ISBN 0-06-050591-5
↑ Kilbourne, Jane; Pipher, Mary (2000). Can't Buy My Love: How Advertising Changes the Way We Think and Feel. [S.l.]: Free Press. ISBN 0-684-86600-5 (em inglês)
↑ Rothschild, Babette (2000). The Body Remembers: The Psychophysiology of Trauma and Trauma Treatment. New York: W. W. Norton & Company. ISBN 0-393-70327-4 (em inglês)
↑ Rowley, Anna (2007). Leadership Therapy: Inside the Mind of Microsoft. Basingstoke: Palgrave Macmillan. p. 69. ISBN 1-4039-8403-4 (em inglês)
↑ MacIntosh, J. J. (1994). «Belief-in Revisited: A Reply to Williams». Religious Studies. 30 (4): 487–503. doi:10.1017/S0034412500023131
↑ Macintosh, Jack. «Belief-in». The Oxford Companion to Philosophy. [S.l.: s.n.] p. 86. ISBN 978-0-19-926479-7 (em inglês)