Muchel II Mamicônio





Disambig grey.svg Nota: Para outros significados, veja Muchel Mamicônio.

























Muchel II Mamicônio

Morte
593[1]

Etnia

Armênio
Progenitores

Pai: Maiactes Mamicônio
Ocupação

General
Religião

Catolicismo


Muchel II ou Muchegue II Mamicônio (em armênio/arménio: Մուշեղ Բ Մամիկոնյան) foi um nobre armênio da família Mamicônio, nomeado asparapetes (comandante-em-chefe) em 575 e marzobam (governador) em 591.[2]




Índice






  • 1 Biografia


    • 1.1 História de Taraunita




  • 2 Posteridade


  • 3 Ver também


  • 4 Referências


  • 5 Bibliografia





Biografia |





Dracma de Hormisda IV (r. 579–590)




Dracma de Vararanes VI (r. 590–591)


É citado como o 22º assinante do Segundo Concílio de Dúbio e era filho de Maiactes, filho de Bardas.[3][4] Em 588, o general persa Vararanes se revoltou contra o xá Hormisda IV (r. 579–590). Já impopular, é então deposto e cegado pelos nobres do império que elevaram seu filho Cosroes II (r. 590–628) ao trono. Vararanes, porém, não interrompeu seu levante, proclamando-se rei e marchando contra Ctesifonte. Cosroes fugiu para o Império Bizantino e prometeu ao imperador Maurício I (r. 582–602) ceder territórios, dos quais uma parte da Armênia, em troca de sua ajuda para recuperar seu trono. Por sua parte, Vararanes VI procurou rentabilizar o apoio dos naxarares, dentre eles Muchel II, mas a maioria escolheu permanecer fiel a Cosroes II e ao Império Bizantino, tanto pela lealdade à dinastia sassânida, como pela solidariedade entre os cristãos.[5]


À frente de um exército de 15 000 homens, Muchel II juntou-se ao exército bizantino que enfrentou e derrotou o exército de Vararanes perto de Ganzaca (atual Azerbaijão). Vararanes fugiu e foi assassinado pouco depois.[6] Mas as relações entre Cosroes II e Muchel degradaram rapidamente. Foi caluniado pela comitiva de Cosroes II que convocou-o para prendê-lo, mas Muchel, desconfiado, foi com uma tropa de quarenta soldados, e Cosroes II renunciou seu projeto. Muchel se refugiou em seus feudos situados nos territórios que tornaram-se bizantinos, mas Maurício não interferiu no assunto, pois não queria correr o risco de quebrar a aliança com a Pérsia. Indignado pela má-fé bizantina e persa, Muchel se demitiu dos ofícios de marzobam e asparapetes e retirou-se às suas propriedades. De acordo com Sebeos, Maurício confiou-lhe comando na Europa e nunca pode voltar à Armênia. Na remoção de chefes da nobreza armênia, o imperador pode começar sua política de romanização e desarmenização da Armênia.[7] Para Christian Settipani, morreu em 593.[1]



História de Taraunita |


A obra História de Taraunita de João Mamicônio dedica uma seção inteira a sua vida, porém as informações ali contidas são por muitos consideradas como ficcionais. Segundo a obra, Muchel aumentou suas propriedades com muitas dastaquertas (propriedades reais) e estabeleceu muitos clérigos, 388 ao todo, no Mosteiro de Glaco, ermitões que comiam uma vez ao dia e viviam sozinhos. Em 590/591, no momento que Cosroes foge ao Império Bizantino, Muchel teria sido nomeado marzobam e recebeu 30 000 tropas armênias. O rebelde Vararanes então reuniu 80 000 soldados e marchou contra Muchel. Embora com dificuldade, Muchel convenceu seus soldados a lutarem e aconselhou-os a chamarem por seu padroeiro, São Precursor (São João Batista) como intercessor e apoio. Os armênios atacaram os rebeldes e venceram:[8]













Tendo feito isso em uníssono, atacaram os iranianos [rebeldes], e o Senhor entregou o inimigo em suas mãos. Quando Muchel havia discernido quem era o monarca, se aproximou dele e começaram a lutar entre si. Muchel estava exausto, mas, colocando vida ou morte antes de si mesmo, levantou seu porrete e o derrubou no crânio de Vararanes. Seu cérebro escorria de suas narinas. Cortou a cabeça de Vararanes e jogou-a na bolsa. Os soldados foram encorajados em suas lutas e ficaram mais poderosos. Puseram o inimigo em fuga, capturando 48 príncipes vivos, enquanto o número dos mortos era desconhecido por causa da multidão deles. Entre os príncipes capturaram 1000 homens e com grande triunfo [Muchel] retornou da batalha.

 

João Mamicônio, História de Taraunita, capítulo I.


Assim que Cosroes foi informado do que havia acontecido, se regozijou excessivamente. Mas o exército bizantino ficou triste, sentindo vergonha intensa. Exatamente quando o xá convocou Muchel e se preparava para dar presentes (pargew) a todos os soldados, Maurício enviou mensagem a Cosroes, dizendo: "Você está ciente do fato de que ele ameaça o rei com a morte? Então, o xá planejou prendê-lo e matá-lo. Porém, sua irmão, ao saber do esquema, disse a Muchel o plano do irmão. Muchel levou consigo 40 príncipes e eles se organizaram em formação de guerra. Com espadas na cintura, foram ao rei. Chegando em cavalos até a porta da tenda, responderam com severidade e expuseram o plano de assassinato. Cuspiram nele e ridicularizaram sua tolice. Então Muchel surgindo em grande ira com todos os príncipes, deixou o rei. Cosroes alegadamente ficou assustado com o que disseram por ser jovem.[8]


Então, Muchel enviou ao general bizantino, dizendo: "Você traiçoeiramente queria me matar. Não desperte um leão adormecido ou um lobo que tenha esquecido seu modo natural de agir. Caso contrário, aquele que derrotou 80 000 pode matar 70 000 também". Deixou tropas em Dúbio, abandonou o ofício de marzobam, reuniu suas tropas e foi a Taraunita. Em 602, com a execução de Maurício e ascensão de Focas (r. 602–610), Cosroes quis se vingar pela morte de Maurício e passou pela cidade de Teodosiópolis. Enviou mensagem a Muchel dizendo: "Venha comigo à corte do imperador e vingue a morte de Maurício. Caso contrário, no meu retorno, eu destruirei o seu país e o levarei-o em grilhões à corte real, com sua esposa e filhos." Dessa vez, Muchel não enviou qualquer resposta a Cosroes e em vez disso começou a fortalecer seu distrito. Quando Cosroes retornou, levou espólio e cativos do país dos bizantinos e depois passou pela área de Basen para Dúbio, Her e Bal. Mas quando os persas chagaram em Teodosiópolis, Cosroes enviou Miranes a Muchel para capturá-lo e levá-lo ao xá. Também ordenou que os locais onde Muchel tinha igreja fossem destruídos e os clérigos mortos.[8]


Com a chegada dos persas, os locais foram para Muchel para saber dos invasores. Quando viram a destruição causada, ficaram atônitos e rapidamente informaram-o. Quando ouviu falar sobre isso, permaneceu em silêncio como um cadáver por 3 dias. As tropas deram-lhe uma carta contendo as leis cristãs e consolo, e disseram:[8]













Oh abençoado asparapetes, justo filho da bendita esperança, não se aflija por eles. Para as suas orações será uma fortaleza segura à terra, intercessores e ajuda para nós a Deus. Você deve agradecer a Deus mais que em sua vida aqueles homens alcançados tal virtude, e foram pacificamente transladados para Deus com as mortes dos mártires - do trabalho à tranquilidade, desde a ingestão de plantas até a suavidade do Paraíso. Serão sempre intercessores para nós. Mas agora seja consolado e mate Miranes que veio contra nós.

 

João Mamicônio, História de Taraunita, capítulo II.


Então Muchel, alegadamente parecendo alguém despertando do sono, ordenou que convocassem seu filho Baanes II, o Lobo, a quem fez príncipe de Taraunita enquanto era marzobam, e lhe disse:[8]













Meu filho Baanes, você sabe que ao longo dos 120 anos da minha vida tenho andado a miar a guerra, limpando o sangue em vez de suar da testa com a lâmina, e [sabe] que eu pessoalmente organizei e realizei 83 batalhas. Agora estou velho e trêmulo. Meus ajudantes são Deus e você, e ninguém mais, pois meu próprio filho morreu aos 12 anos de idade. Agora, meu filho, lembre-se disso: se você morrer pelo cristianismo e pela Igreja, você será um mártir, e se você cair em batalha por coisas materiais, faça-o bravamente, pois não tenho outro herdeiro. Meu país pertence a você e aos seus descendentes após você. Agora vá e cace Miranes com sabedoria e possa São Precursor ser sua ajuda e fortaleza e que as orações dos santos clérigos estejam de todos os lados.

 

João Mamicônio, História de Taraunita, capítulo II.


Baanes aceitou a tarefa e começou a organizar emissários e enviá-los para Miranes para que se reconciliasse e partisse. Mas Miranes teria respondido: "Não, não vou sair até capturar Muchel e levá-lo ao rei do Irã". Então Baanes enviou-lhe mensagem dizendo: "Se me der o senhorio e a autoridade do país, entregarei a você Muchel e irei a você, tendo se rebelado [de Muchel], atingindo o medo [nele] em um momento oportuno". Miranes convocou-o, pois ficou satisfeito com a proposta. Então desceu à aldeia de Muxe, enquanto Muchel alegadamente estava na fortaleza de Ogecano. Após conseguir vários sucessos, matando milhares de persas e o próprio Miranes, Baanes convoca-o para ir a Ogecano. Nesse mesmo ano, um terremoto destruiu a Igreja de São Precursor e Muchel deu muito tesouro para que os pedreiros a reconstruíssem, porém foram incapazes de refazê-la de forma adequada pela moléstia causada pelas tropas persas. Após a conclusão da obra, Muchel faleceu e foi sepultado por seu genro Bardanes I Arcruni. Com sua morte, Baanes torna-se chefe da família Mamicônio.[8]



Posteridade |


Segundo Cyril Toumanoff era pai de:[9]




  • Baanes II, o Lobo (m. 606);


  • Maria, casada com Bardanes I Arcruni;

  • Talvez o Bardanes citado em 555.


Por sua parte Christian Settipani considera Baanes II, o Lobo como um personagem fictício e atribui a Muchel um filho hipotético, Amazaspes III, citado como naxarar em 594.[1]



Ver também |






Precedido por
Fraortes

Marzobam da Armênia
591
Sucedido por
Fraortes


Referências




  1. abc Settipani 2006, p. 147.


  2. Toumanoff 1990, p. 506.


  3. Settipani 2006, p. 133-137.


  4. Toumanoff 1990, p. 331.


  5. Grousset 1947, p. 249-250.


  6. Grousset 1947, p. 250-251.


  7. Grousset 1947, p. 253-255.


  8. abcdef Bedrosian 1985.


  9. Toumanoff 1990, p. 331-332.



Bibliografia |




  • Bedrosian, Robert (1985). «John Mamikonean's History of Taron». Nova Iorque 


  • Grousset, René (1947). História da Armênia das origens à 1071. Paris: Payot 


  • Settipani, Christian (2006). Continuidade das elites em Bizâncio durante a idade das trevas. Os príncipes caucasianos do império dos séculos VI ao IX. Paris: de Boccard. ISBN 978-2-7018-0226-8 


  • Toumanoff, Cyril (1990). Les dynasties de la Caucasie chrétienne de l'Antiquité jusqu'au xixe siècle: Tables généalogiques et chronologiques. Roma: Edizioni Aquila 








Popular posts from this blog

Contact image not getting when fetch all contact list from iPhone by CNContact

count number of partitions of a set with n elements into k subsets

A CLEAN and SIMPLE way to add appendices to Table of Contents and bookmarks